por Felipe Oberon
Essa história se passa muito antes da primeira conquista das dádivas de oberon, e, portanto, muito antes da primeira formação da Brigada Faérica selar a lua de sangue.
Na misteriosa e distante ilha de Panace, encontramos dois jovens aprendizes da prestigiada Academia de Estudos Arcanos.
Mas o que estariam fazendo tão longe da corte do soberano das fadas?
É o que estamos prestes a descobrir.
- Eu definitivamente não deveria ter deixado você me convencer a embarcar em mais uma de suas loucuras...
O jovem magro de cabelos negros e face solene limpava freneticamente com sua boina pedaços de limo que caiam sobre seus ombros sempre que agitavam os cipós das grandes árvores que os cercavam.
- Ah sim, claro... e porquê então que o grande Beril Skysong, nobre filho de Nova Arcádia, Ilustríssimo aluno da grande Academia de Estudos Arcanos não vai compartilhar suas insatisfações com mestre Caron? Ah... já sei! Porque muito provavelmente ele extrairia a sua alma e comeria ela batida com ovos no café da manhã! Esse teste não foi ideia minha Bel... você bem sabe... na verdade eu nem...
- Nem queria ser necromante... eu sei, eu sei... exceto que você sempre quis não é mesmo? Ou então você tem um jeito muito estranho de demonstrar indiferença! Sempre aparecendo "por acaso" nas minhas lições com mestre Caron...
- E mesmo chegando depois eu ainda consegui te alcançar não é mesmo?
O rapaz magro se calou. Era estupidez argumentar com Petyr.
Ele não levaria a prórpia Oguna a sério, mesmo que estivesse sendo esmagado pelo pelo martelo de forja da deusa.
Era sempre assim. E talvez por isso tenham se tornado tão amigos.
Se Petyr era solar, Beril era o próprio arquétipo dos filhos de Selene: Sóbrio, de uma solenidade quase soturna e com o característico mistério insondável que o véu da noite conferia a tudo que lhe pertencia.
Isso fascinava Petyr, sempre muito curioso com qualquer mistério que estivesse fechado para ele.
Tinha sido por isso inclusive que passara a "aparecer" para as sessões privadas do mestre necromante e seu aprendiz.
Beril por sua vez se perguntava como alguém tão luminoso poderia pretender se especializar nos mistérios do além-vida.
Mas como o amigo mesmo gostava de se gabar, talento não faltava a Petyr, que além de grande amigo também era uma excelente concorrência para ele.
- Eu não estou falando do teste! Não seja engraçadinho! Estou falando do que você me fez fazer ...
Petyr nem teve a chance de responder, pois uma centopéia do tamanho de uma canoa surgiu de um buraco no chão e se lançou sobre os amigos que tiveram que se lançar ao chão para fugir do bote da criatura.
Olhando a situação de Beril, Petyr não conseguiu conter uma risada.
- Você é muito engraçado Bel! Se nós não tivéssemos roubado os pergaminhos do mestre, era com coisas como esta que teríamos que lutar! E esse é só um inseto, imagina se alguma das criaturas gigantescas desse lugar resolve nos eleger como jantar?
- Já chega! Já vai anoitecer e não temos muito tempo! Precisamos acabar logo com esse bicho e nos posicionarmos para a chegada da noite.
Por entre os troncos gigantescos que o cercavam, Vlad conseguia ver de relance a imponente Torre da Morte.
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Ilha-Milagre
FantasiO relato fantástico de uma aventura extraordinária. O que leva dois servos da morte a atravessar meio mundo pra chegarem até uma ilha onde é praticamente impossível morrer?