Criança travessa, antes que adormerça, deixe-me contar-lhe uma história
Que aconteceu há muito tempo, cheia de lamento, a guarde bem na memória:
Nem sempre nosso reino pacífico e justo esteve sob o domínio do rei,
Por séculos o grilão magnífico de Augusto ditava o mal e a lei
Antes de surgirem os honestos cristãos, nestas terra prosperaram os pagãos.
O perverso aroma do Império de Roma se estendia do Atlântico ao Eufrates,
Imensos anfiteatros erguidos com sangue de escravos foram palco de embates
Lá, os inocentes filhos de Jeová eram devorados por leões negros e dourados
Entre todos o mais feroz foi Lacínio, fera atroz que causava medo e exterminio.
Um domingo ensolarado do passado, guarda uma história especial
Neste dia os pagãos em alegria prepararam à deusa Eostre um festival
O que aquele sabbat não dizia era que o coração cristão também reluzia
Pela Páscoa, que marcava a fuga dos seus ancestrais do jugo de egípcios imorais
Por ordem vil do imperador, o festival da bela Eostre seria regado de horror,
Do Coliseu o leão Lacínio rugia, em êxtase pelas mortes dos escravos que previa
Gritava e ria, dizendo preferir o sangue doce bêbado de medo
"Matar aos poucos é o segredo; antes faço meu alimento rodar na arena como brinquedo.
Seja bárbaro, etrusco ou cristão, não terá sorte, sob minhas patas encontrará a morte".
O que não contava o animal, nem os perversos soldados nem o público em geral,
É que o oponente de Lácinio preparava a armadilha para o seu declínio.
O jovem Ariel, um cristão fiel e filho de pescadores, pelo leão não sentia temores
Sob os olhares da arena lotada, escondia o no bolso a isca para a emboscada.
"Lacínio, fera horenda, que neste nefasto espetáculo matou em oferenda
cada um dos meus irmãos, eu lhe mostrarei hoje, que apesar da sua loucura
Você não tem um terço da bravura que corre dentro dos cristãos,
Neste momento em que falamos, você perde sua posição de rei natural
Até o pequeno peixe, que carrego em minhas vestes, é mais forte que você
E representa melhor a realeza do mundo animal".
Tirou o peixe da roupa e a plateia animada caiu na gargalhada
Enfurecido pelo orgulho ferido, Lacínio correu em direção ao peixe no chão
Ariel sacou a espada escondida e numa golpeada precisa matou seu feroz algoz.
Foi assim que uma vez em Roma, um peixe enganou um leão.
Augusto: símbolo atribuídos a determinados imperadores romanos.
Leão: símbolo do diabo no início do cristianismo em Roma, pois remetia aos assassinatos de cristãos pelos romanos através do uso do bicho em espetáculos.
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A fábula do leão e do peixe
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