CAPÍTULO 2 - SENSAÇÃO

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Acordei com o reflexo do sol batido na janela em meu rosto, olhei para fora e vi que o dia estava perfeito, era manhã de primavera, e na direção do meu olhar vi a árvore do quintal cheia de flores, a qual o vento balançava e com o ar fresco daquela manhã que chegava até mim, uma sensação ótima de paz, meio ainda atordoado ouço de fundo um som de carro chegando por perto, volto meus olhares para fora e vejo meus pais chegarem com o carro na garagem, bom eles obviamente saíram cedo, não sei por que mas enfim, puxo o meu cobertor de lado, ainda sentado na cama com uma leve preguiça em levantar,  tomo coragem e levanto indo ao banheiro, depois de minhas obrigações matinais, ouço eles entrarem e falarem.

- Isso, amor põe aqui vai ficar perfeito!

- Que peso hein, nossa. - Ouvi meu pai Vitor falar, acho que eles trouxeram alguma coisa, bom vamos ver.

Saio do meu quarto e fecho a porta logo atrás de mim, desço as escadas e e para minha surpresa vejo o espelho que sonhei naquele dia, no mesmo momento relembro tudo o que me aconteceu, parecia tão real. Na hora senti um arrepio acompanhado com um medo incomum, tudo estava tão estranho. Fico lá por um momentâneo tempo parado, encarando aquele espelho, suas bordas pretas pareciam tão velhas e desgastadas com o tempo, mas seu espelho não tinha nenhum risco ou trinco, idêntico ao meu sonho.

- Bom dia filho, está tudo bem com você? - Hellen fala, sem perceber não noto sua presença ali, fiquei vidrado ao olhar aquele objeto. Ela deveria ter estranhado minha chegada com um semblante de medo, e eu estava, não sabia disfarçar.

- Hm, estou sim. - Ainda meio assustado não expresso nenhuma emoção. Levo minha mão a cabeça, inseguro e falo ainda chegando perto.

- Que surpresa, não sabia que vocês teriam saído tão cedo. E por que esse espelho?

- Ah filho, você gostou? Sabe que eu gosto de coisas antigas, e eu comprei numa loja de antiguidades, aqui perto, mas por quê?, ficou feio na sala? - Ela fala indo para cozinha logo vou atrás dela.

- Bom achei estranho, tive um sonho com ele, não sei explicar, é idêntico ao meu sonho. - Digo ainda com a mão a cabeça, totalmente confuso.

- Talvez você seja um vidente! - Termina e ri. Bom nesse caso né, meu sexto sentido esteja realmente premeditado. Mas ok, tudo não fazia nenhum sentido.

- Vem Bryan, o café está pronto! - Logo ela me chama e me desperto daquele looping infinito de perguntas que minha mente fazia naquele momento. Ok, relaxe está tudo bem, forçava essa afirmação, mas ainda insista martelar minha mente. Nada que um café não melhore, vamos vai ficar tudo bem!

Chego a cozinha minha mãe e meu pai já estavam presentes, me sento em uma das cadeiras com uma xícara já a minha frente, despejo a tal bebida que me deixava confortável, bom eu amava café.

- Pai, você acredita em premonição ou algo do tipo? - Jogo essa pergunta no ar, eu já sabia a resposta, de que meu pai não acreditava em coisas sem explicações, mas pra cada acontecimento ele tinham uma razão para acreditar que aquilo não era tão estranho assim.

- Bom filho, se for para o bem por que não? - Pensei por um momento, e nada naquele instante fazia sentido para o tal sonho. Talvez eu esteja louco, ou apenas seja um delírio de minha mente.

- Mas por que?

- Enfim, eu tive um sonho antes mesmo desse espelho entrar em casa, não acha estranho sendo que eu nunca nem vi?

- Filho, coisas estranhas acontecem no nosso dia a dia, relaxa talvez você apenas premeditou o que sua mãe compraria. - Meu pai Vitor fala.

- Sei lá, tô confuso. - Falo levando minha xícara até a boca, dando um gole forte que desceu na garganta, a qual parecia estar queimando tudo por dentro.

- Sendo assim, melhor você ir pra igreja! - Meu pai fala. - E aproveita e toma água sagrada! - Vejo seu sorriso acompanhado de uma mordida de pão. Levo na brincadeira, e retribui também, dou um pequeno e leve sorriso como troca.

Depois de tomar meu café já estava na hora de ir para a escola. Enfim, me levanto daquela cadeira em que eu estava, saio da cozinha e subo as escadas em direção ao quarto sem encarar aquele estranho espelho. Chego em meu quarto, troco minhas roupas e pego meus pertences principais para a aula daquele dia.

Saio de casa preocupado com tudo que aconteceu, me despeço de todos e a caminho da escola um sentimento de estar sendo vigiado, parecia que algo estava a toda hora na minha sombra. Me sinto desconfortável e uma sensação de que minhas energias já estavam esgotadas com tão pouco tempo.

Chego na escola, encontro com meus amigos Ayara e Josh que estavam a me esperar em frente a entrada principal.

- Oi Bryan, tudo bem? - Josh pergunta.

- Não muito, estou desconfortável. Presenciei coisas estranhas e loucas hoje. - Falo preocupado fixando meus olhos no chão da calçada e seguindo-os para dentro da escola.

- O que aconteceu com você hoje? - Ayara fala fitando em meus olhos, atenta e curiosa por cada palavra.

- Sonhei com um espelho que nunca tinha visto na vida, e encontro ele na parede da sala de casa hoje de manhã.

- Nossa! Você premeditou o que iria acontecer, cara você é um vidente! - Josh encostando suas mãos em meus ombros fala. Novamente sendo julgado como vidente.

- Sei não, parecia tão estranho e macabro, escutava gritos, risadas e passos estrondosos naquele local. Aparecia uma criatura escura atrás de mim, pelo seu olhar percebi que estava com muita raiva e desejava algo. Via sair sangue nas paredes e me encolhia no chão com tanto medo. - Falo chegando na sala colocando minha bolsa na mesa e sentando. Eles sentavam na frente e escutavam atentos na minha visão.

- Não queria estar na sua pele, deve ser estranho presenciar coisas assim! - Ayara fala com medo.

- Deve não, é! - Josh complementa o que iria falar.

- Sim, está tudo tão estranho, queria que fosse apenas um sonho, mas está tudo parecendo tão real. - Falo olhando para o teto branco da sala tentando encontrar lógica para tudo o que estava acontecendo.

...

Depois de uma aula cansativa de física e geografia, estava na hora do intervalo. O sinal toca e muitos apressados saem correndo, fiquei esperando Ayara junto com Josh que guardava suas coisas. Juntos fomos para o pátio de fora, um lugar calmo com árvores e boa ventilação, ao contrário do pátio do refeitório que era bagunçado e barulhento. Ali sim, era um lugar de paz, calmo com poucas pessoas para nos atormentar, mas eu sabia que aquilo não era uma pessoa, algo muito maior estar sobre o tal objeto que pensava naquela hora, sei lá eu pressentia, mas queria apenas tentar me esconder, mas acho que a todo momento o mal nos ronda, não podemos nos livrar facilmente dele.

Tento aliviar​ meu estresse de tudo aquilo, fechando meus olhos e apenas sentia o vento soprar sem pensar em nada, limpava minha mente daquilo que ocorreu comigo hoje, e apenas dizia para mim: "Nada pode te atingir, isso é apenas um sonho, uma premonição do que iria acontecer, não existe nada e ninguém que lhe faça mal"

...

Na volta pra casa já quase a noite, vou por um caminho não existia um ser ali, os postes de luz que iluminava a calçada falhavam, piscavam eletrizante. Apresso meus passos, com mais firmeza, agarro a alça dá bolsa e sigo em frente sem olhar para trás ou qualquer canto. Estava com muito medo, ainda mais estar sozinho nessa situação. O frio que chegava com a noite tomava cada vez mais conta, pego um agasalho de dentro da bolsa, me visto e assim contínuo a caminhar, tentando ao máximo pra não pensar naquilo, em tudo que aconteceu hoje.

Depois de alguns minutos chego em casa, exausto e com dor de cabeça, talvez por pensar muito, e a culpa era toda minha eu não conseguia controlar meus pensamentos, na verdade ninguém consegue, então pare de se culpar Bryan tudo vai ficar bem!

Logo quando cheguei me deparei com aquele espelho. De início não pensei em nada sobre, queria apenas esquecer tudo aquilo que me ocorreu hoje, subi as escadas sem pensar que ele existe. Era apenas um sonho, não tenho em que me preocupar. Mas um mistério ainda me rondava que eu não conseguia controlar.

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⏰ Última atualização: Jul 17, 2020 ⏰

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