Apenas Uma Noite

Capítulo 1

P.O.V Patrícia- 1 ano depois 

Depois daquela noite, com aquele homem que eu nunca soube o nome minha vida mudei drasticamente. Fiquei 8 meses e algumas semanas inativa e sem ter uma boa noite de sono. Eu acabei engravidando e complicando as coisas ainda mais aqui em casa. Acabou que eu tive que sair das ruas e ficar sem renda, sem contar que a aposentadoria da minha avó não dá pra nada. Por sorte a Rafa me ajudou bastante nesse período turbulento da minha vida até eu conseguir um emprego.

Quando o nascimento do bebê estava perto eu fui fazer o último pré-natal tive que ser internada as pressas, a posição da minha placenta estava errada e tiveram que fazer o porto prematuro do meu filho. Ele ficou o tempo necessário na encubadora e quando nós recebemos alta fiquei impressionada com o fato dele ser tão parecido com o pai. Quando o Miguel completou 2 meses eu arrumei um emprego no Mercadão de São Paulo e deu pra manter as coisas aqui em casa, com bastante dificuldade, mas deu.

Trabalho no mercadão das 6:00 às 18:00, nesse meio tempo de trabalho Rafa cuida da minha avó e do Miguel pra mim, sorte a minha de ter uma amiga como a Rafa. Chego toda vez do trabalho 19:30, tenho tempo suficiente para pôr o papo em dia com a Rafa antes dela ir pro ponto. Hoje eu cheguei derrotada, seu Rubens botou pra ferver o box de pescado, e eu estou acabada. Entro em casa e vejo Miguel se esgoelando no colo dela e a mesma com uma puta cara de desespero. Deixo a bolsa em cima do sofá e pego meu filho, e no instante em que ele se acomoda no meu colo, o moleque cala a boca. Rafa olha pra nós dois com cara de desprezo e eu acabo rindo. 

- O moleque está chorando a mais de meia hora, acabou acordando a avó e é só a vadia da mãe dele chegar que ele cala a boca? Moleque insolente- rio ainda mais e me sento no sofá e começo a dar de mamar pra ele.

- Era saudades da mamãe né filho?- fiz voz de criança e Miguel abriu um sorriso entre o bico do peito e voltou a se concentrar em mamar- Mãe é mãe Rafa.

Me levantei e fui até a geladeira, peguei a garrafa de água e despejei ela no copo e sacie minha sede. Tornei a sentar no sofá e fiquei admirando meu filho. Minha atenção focou na minha avó que olhava atentamente para Miguel e um sorriso se formou em meu rosto. Fui até ela e pus Miguel em seu colo, com cuidado.

- Quem é ele, Paty?- ela olhou pra mim com olhos curiosos

- É meu filho vó, seu bisneto, não lembra dele?- ela balançou a cabeça negando.

- Ele é tão lindo, puxou a você minha filha- meu coração aqueceu e eu dei um beijo na testa dela.

- Nós três somos lindos, vovó- a abracei mais uma vez e pus Miguel no berço, que já dormia

Olhei pra Rafa e a mesma estava toda emocionada, estranhei ela quase nunca chora. Mas cenas assim aquebrantam o coração dela. Vou até a minha amiga e dou um abraço de urso nela e lhe digo algumas coisas, o que a faz chorar mais. Conversamos por mais alguns minutos e enquanto ela foi no banheiro eu liguei a Tv e pus em algum noticiário sem importância. Estava concentrada no celular, quando uma voz que não me é estranha ecoa pela sala. Olho pra Tv e fico atônita, era ele, o pai do Miguel estava dando uma entrevista, ao lado dele estava uma mulher espetacularmente maravilhosa com uma criança no braço e ele com outra. Na caixa de informações aparecia a seguinte noticia:  Nicolas De Luca, maior e mais jovem CEO do Brasil, inaugura sua quarta construtora juntamente com sua esposa Sther De Luca COO da Inside.

Não sei porquê isso me abalou, eu não tenho nada com ele, era só mais um cliente infiel e babaca. Sinto minhas costas queimando pelo olhar de alguém e me viro rapidamente e encontro Rafaela me olhando com uma expressão confusa e ela se aproxima de mim. 

- Tá chorando por quê?- porra, nem percebi que tinha derramado uma lágrima. 

- Não tô chorando, foi um... foi um cisto que caiu no meu olho- disse secando a única lágrima que desceu pelo meu rosto.- Que foi? 

- Você não sabe mentir, desembucha via, diz logo porquê você está chorando. - ela pulou no sofá e pôs os pés em cima do meu colo. 

Queria muito poder contar pra Rafa quem era o pai do Miguel, mas eu a conheço bastante para saber que ela vai me infernizar para eu ir atrás dele e exigir o que é do Miguel por direito- como se ele fosse ligar para um filho bastardo- Só que eu não quero ir atrás dele, eu consigo muito bem cuidar do meu filho sozinha, vai ser difícil? Com certeza, mas eu não tenho influência sobre o mundo, porque se eu tivesse, eu seria a mulher mais rica do mundo e daria tudo do bom e do melhor pra minha família. Mas eu tenho que contar, é o mínimo que eu posso fazer, até porque a Rafa esteve comigo quando eu mais precisei. Respirei fundo e adquiri coragem suficiente pra contar a ela. 

- O cara, que tá na televisão, ele que é o pai do Miguel.- ela olhou umas três vezes para a televisão e para mim, ficou cinco segundos quieta, e percebi que ela ia ter um surto-  Patrícia Lima De Araújo. Você está me dizendo que esse bonitão e notoriamente ricasso é o PAI DO MIGUEL?

- Xiu, não precisa gritar, e sim ele é o pai do meu filho, e daí?

- E daí que ele é RICO?!- dei de ombros e ela bufou-Justamente por ele ser rico, ele vai poder dar tudo pro Miguel, não vai deixar faltar nada pro seu filho. Amiga, você não pode ficar de braços cruzados cuidando do seu filho e ganhando uma merreca do mercadão não, acorda pra vida Patrícia. 

- Eu posso muito bem cuidar do meu filho Rafaela, e nunca que essa gente ia ligar pra gente do nosso tipo. Amiga, ele é um cara muito estranho, vai por mim, eu tenho medo de entrar no mundo desse homem. 

Ela passou a mão pelo rosto e estalou a língua. Eu sabia que ela agiria assim. 

- Paty, você tá cometendo o pior erro da sua vida. Você tá destruindo o futuro do Miguel, e isso vai trazer consequências pra vida dele, e tomara que não seja decisões ruins.

Dito isso ela saiu de casa e eu fui pro banheiro e chorei copiosamente. Depois de alguns minutos chorando, eu sequei as lágrimas e fui tomar um banho. Preparei o jantar e ajudei minha avó a comer. Eu acabei não comendo. Toda essa história me deixou sem apetite. Me deitei na cama e depois de horas rodando na cama conclui minha decisão. Eu não vou procurar o pai do Miguel. Eu posso cuidar muito bem do meu filho sozinha

Votem e comentem por favor. Ajuda muito do desenvolvimento da história

Att. Jane Oliveira