Eu sonhava em ter uma família, em ter um marido maravilhoso, juntamente com os filhos mais lindos do mundo. Eu sempre gostei do termo "final feliz" e também de ver a felicidade nas pessoas. Confesso que eu ainda tenho a esperança de dividir a minha felicidade com alguém, mas, ela se encontra lá no fundo, bem no fundo mesmo, do meu coração.
Não acredito mais no amor como antigamente e nem sei se ele ainda existe, pelo menos pra mim..
Atualmente eu moro num apartamento bem aconchegante, sou formada e trabalho em um escritório no centro da cidade. Mas nem sempre foi assim...
Sete anos atrás...
-Amigaaa! Vamos, por favor! - Manu sussurrava do meu lado pra gente ir no baile que ia ter no bairro dela.
-Ai, Manu, eu não sei. O que eu vou fazer lá?
-Se divertir né Gabi. Vamos amiga, vai os boys magia e também vai ter bebidas coloridas que, por sinal, eu quero ficar doidona - Manu continua fazendo a sua carinha de cachorro abandonado.
-Tá, Manuela, vamos - reviro os olhos e foco no papel que estava em cima da minha mesa.
-Ebaaaaa - ela grita e dança na cadeira, fazendo ela arrastar no chão da sala de aula.
-Manuela Lins! Essa já é a terceira advertência que eu lhe dou! Saia da sala imediatamente! Eu avisei, sem conversas paralelas durante a prova! - o professor Gustavo, de Física, se levanta da sua cadeira.
-Ai profe, calma aí...
-Quer que eu chame a diretora, senhorita? - Manuela bufa a cara e eu seguro ao máximo a minha risada, muito lesa mesmo - alguém mais quer ir passear com a Manuela no corredor? - ninguém se pronuncia - Perfeito.
Manu sai da sala quase pulando de alegria, como se aquilo nem fosse um castigo pra ela.
Manuela e eu nos conhecemos no ensino fundamental e ela é a minha melhor amiga, desde então. Ela sempre foi de fazer amizades e ir em festas, diferente de mim que sou mais retraída pra socializar e só vou nas festas com ela. Ela é o contato que tem os contatos, não importa pro que for, ela sabe quem tem isso ou aquilo. Sempre ta do meu lado nas horas boas e ruins.
°°°
Mando mensagem pra Manu enquanto saio da sala e sem querer esbarro em alguém, mal saí da porta.
-Aiii. Desculpa - olho pra pessoa e vejo Breno. Estamos namorando, pena que só eu sei hehe.
-Olha por onde anda, bebê - ele sorri. Sorriso lindo da porra.
-Me desculpa mesmo, estava destraída - sorrio de volta.
-Tudo bem. Cuidado por aí - ele fala e segue caminho.
Ai meu Deus!!!
Breno é o meu amor platônico aqui na escola. Mas ele não sabe, nós não nos falamos e, sim, essa foi a primeira vez que tivemos um contato. Na verdade a segunda, a primeira foi quando ele pediu uma caneta emprestada e eu dei a minha pra ele. Tudo bem, eu sei que não é uma forma normal, mas talvez seja um começo, né?
Ai Gabi! Você e as suas expectativas. Ele nunca vai olhar pra você! Ele é do tipo que tem tudo e todas as garotas que ele quiser, é o garoto mais bonito da escola toda e você é apenas uma pessoa normal.
-Gabi? - acordo dos meus pensamentos e dou de cara com a Manu - Tá viajando aí, amiga?
-Estava pensando na prova, acho que não fui bem.
-Fala sério, amiga, o professor falta te comer com os olhos, claro que ele vai te dar uma boa nota.
-Para de falar essas coisas, Manu, ele é nosso professor e isso é muito estranho.
-Olá meninas - falando no diabo, ele aparece do nada atrás de mim - olha, Manuela, eu sinto em lhe informar que o seu desenvolvimento na minha matéria não é um dos melhores e você sabe. Eu vou ter que conversar com a diretora sobre você e pode ficar ciente de que você não participará dos jogos do colégio.
-Mas... professor...
-Por que você não faz igual a sua amiga, que, diferente de você, ela tem um ótimo desempenho - ele olha pra mim e dá um sorriso - E pro seu bem vou fingir que nem ouvi a conversa de vocês.
Ele vai embora e eu olho pra Manu bufando.
-Viu como ele ta doido pra te pegar? - ela fala quando ele vira o corredor.
-Tu não presta, garota.
-Vamos embora logo que eu tô é com fome.
Ela pega as coisas dela na sala e vamos em direção a saída. Por onde a gente passa o pessoal fala com ela, parece prefeita.
-Amiga, teu crush tá bem ali - aponta pra ele que conversava com os amigos - ele vai pro baile também. O Ricardo me contou.
-Então agora que eu não vou mesmo.
-Ai Gabi, para, tu já confirmou comigo e não pode mais voltar atrás - um dos garotos acena pra ela e sorri - vamos lá com eles.
-Tá doida?
-Vamos, Gabi, quem sabe vocês dois não trocam uma ideia - ela me puxa enquanto acena de volta pro amigo dela.
Manuela, eu te mato.
-Oooi meninos, tudo bom?
-Eai Manuzinha. Beleza? - Kevin, o garoto que acenava pra ela, cumprimenta ela com um abraço e beija seu rosto depois - eai Gabi, tudo bem? - ele ia fazer o mesmo comigo, mas só dou um abraço rápido e sorrio o mais amigável possível. Até quase dei um joinha.
-Vocês vão amanhã, né? - comenta Ricardo enquanto a Manu termina de cumprimentar os outros garotos.
-É, acho que sim - falo.
-Nós vamos sim - Manuela olha sorrindo pra mim com cara de psicopata - e vocês?
-A gente vai, só estamos tentando convencer o Kevin - Breno fala e só de ouvir a sua voz as minhas perninhas ficam bambas. Ele olha pra mim novamente e sorri. Sinceramente? Eu acho que quando é algo relacionado ao Breno o meu corpo cria vida própria e não responde meus comandos.
-Ai Kevinho, você tem que ir - Manuela fala se atirando pra cima dele.
-Se for assim, beleza - ele fala animado e o pessoal comemora.
-Só assim tu vai - Ricardo fala.
-Claro, só a Manu me convence - eles se olham e eu olho pra ela com cara de "perdi alguma coisa?".
-Oi - Breno chega do meu lado.
-Oi.
-Gabi, não é?
-Sim.
-Tá bem?
-Sim, eu tô bem - sorrio.
-É pra ter certeza que você não esbarrou em mais ninguém - fala e eu gargalho.
-Não, não, tô tendo cuidado - olho pro pessoal que estava focado na gente e sinto meu rosto arder. Breno percebe também e acho que até ele ficou meio constrangido.
-Te vejo amanhã, Gabi.
-Até amanhã - sorrio e ele retribui com o sorriso maravilhoso de sempre - bom, já vamos indo, gente, até amanhã.
-Mas já? - Manu chora.
-Sim, já vamos - olho pra Manuela querendo esmagar a cara dela.
Manu se despede do pessoal e eu vou andando na frente tentando raciocinar o que havia acontecido.
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Sempre foi você.
JugendliteraturMeu nome é Gabriela Cruz e essa história é de quando eu tinha 18 anos. Ainda estava no Ensino Médio e sem saber pra qual caminho seguir. Qual carreira escolheria? Qual destino devia ir? Falando em destinos... Sinto que nós não somos muitos íntimos.