-Espera, amiga - ouço a voz da Manu e olho pra trás.
Por um pequeno impulso olho para a direção dos meninos e eles ainda olhavam pra gente.
-Manu do céu, o que eu fiz? - falo e ela ri da minha cara de assustada.
-Relaxa, amiga, não foi tão mal.
-Me diz uma coisa, palhaça, você ficou com o Kevin e não me contou nada? - ela ri e vamos andando pela rua.
-Não exatamente, amiga, a gente só se lança um pro outro, sabe? Mas acho que não vai dar em nada - ela fala com um tom de decepção.
-Tu tá afim dele?
-Ai Gabi. Pra que falar de mim, né? E você e o Breno lá conversando?
-Amiga eu nem sei o que eu falei. Olha, eu fui te procurar assim que eu saí da sala e dei de cara com ele na porta.
-COMO ASSIM? - ela grita no meio da rua - Por que tu não me contou isso?
-Eu tô contando agora - digo sorrindo - e eu nem sei como eu reagi naquela hora, mas acho que ele tem alguma impressão errada de mim, eu não sei..
-Acho que não, caso contrário ele não teria falado contigo todo tímido, todo mundo viu o jeitinho dele pro teu lado
-Pera, quê? - meu rosto começa a arder de novo.
-Calma, Gabi, não fica vermelha - ela ri da minha cara.
-Você é terrível!
Vamos conversando sobre amanhã enquanto caminhamos pra casa. Me sentia uma adolescente em sua primeira festa e Manuela fazia questão de falar o quanto estava animada e mais ainda sobre o Breno ter ido falar comigo.
°°°
Havia chegado em casa e, como sempre, não havia ninguém, somente Júlia, a nossa empregada.
-Boa tarde Gabi, como foi a aula?
-Foi tranquila Juju. Alguma notícia do papai? - comento sentando no sofá e tirando meus sapatos.
-Ele ainda está no Rio Grande do Sul, quanto a sua madrasta ela chegou há poucos minutos.
-Ta bom, vou pro meu quarto, qualquer coisa só bater na minha porta.
-O almoço já vai aprontar e assim que estiver pronto eu lhe chamo.
-Beleza - subo as escadas e vou pro meu quarto.
Abro a porta e ouço Amanda, a mulher do meu pai, gritar o meu nome.
-Fala - abro a porta do quarto e vejo ela deitada na cama mexendo no celular.
-Isso é modo de falar comigo, garota?
-O que você quer, Amanda? Não estou com tempo.
-Quero lhe informar que o seu pai está chegando domingo e nós iremos jantar, em família.
-Não fiquei sabendo da chegada dele - ela olha pra mim sorrindo debochada.
-Não? Mas ele acabou de me avisar, deve ser por isto.
-Bom, não importa, não tô afim de jantar em "família".
-Vamos ver o que o seu pai acha disso.
Eu não suportava a Amanda e era recíproco da parte dela. Amanda e meu pai estão juntos há um ano e recentemente ela veio morar aqui conosco. Um verdadeiro inferno! Qualquer oportunidade que ela tem de me encher a paciência ela não perde.
Entro no meu quarto, jogo minha bolsa em qualquer canto, vou logo tirando a roupa e entrando debaixo do chuveiro quentinho. Ali era o meu cantinho de paz, onde eu podia pensar em tudo com mais calma, conseguir digerir mais alguns assuntos, como por exemplo o fato de que o Breno falou comigo. Isso pode ser idiota, mas pra quem é mula e iludida, é maravilhoso.
Assim que eu o vi, pela primeira vez, no corredor da escola eu queria conhecer ele, mas, ele estava namorando a Stefane, a garota dos sonhos de qualquer um. Eles faziam um belo casal, inclusive, uma pena ela ter traído ele com o melhor amigo. Deve ter sido uma situação um tanto complicada, foi o que eu pensei na época. No outro dia ele apareceu com uma e foi mudando de garota a cada dia. Será se eu sou uma das garotas na qual ele tá preenchendo a lista? E se eu for a garota da vez e eu estiver me iludindo como besta aqui, sozinha?
Aí, que droga!
-Gabriela, o almoço já está pronto - ouço a voz abafada da Júlia do outro lado da porta.
-Já vou descer.
Eu preciso parar de pensar nisso agora e refrescar a minha cabeça pra amanhã, não vou ficar criando expectativas como besta pra depois sair machucada.
Termino de tomar meu banho, seco meu corpo e enrolo a toalha na minha cabeça. Visto uma camiseta cinza e um shortinho confortável, já que não sairia de casa. Pego meu celular de dentro da bolsa e desço.
Encontro Amanda sentada na mesa desfrutando do belíssimo almoço que Julia havia preparado com a maior cara de nojenta que só ela tem. Sento e fico mexendo no celular enquanto como tranquilamente vendo o Instagram do povo.
Amanda ficava me encarando com o sorrisinho no rosto e aquilo tava me incomodando. Encarei ela de volta e ela olhou pro prato. Quando voltei a atenção ao celular ela me olhou de novo, só pode ser brincadeira.
-Algum problema? - pergunto encarando ela de volta.
-Nenhum, minha querida - respondeu debochada.
-Pensei que estivesse, não para de me olhar.
-Só estou com a cabeça longe.
Não digo mais nada, a fim de encerrar o assunto.
-Sabe, querida - reviro os olhos todas as vezes que ela fala isso - eu espero que você possa se acostumar daqui pra frente, até porque teremos algumas mudanças por aqui.
Afasto meu prato e me encosto na cadeira cruzando os braços.
-O que você quer dizer com isso?
-Ah, nada, só estou pensando alto - ela sorri, levanta e sobe.
Será se papai vai pedir essa loira oxigenada em casamento? Ah não.. isso já é demais!
Mas o que ela quis dizer com mudanças? Espero que não seja de cidade. Se bem que ela comentou algo sobre "mudanças por aqui". Aí! Chega Gabi, você não nasceu pra ser Sherlock Holmes!
E se ela tiver grávida?
-CHEGA!
Grito sozinha e a Julia fica me olhando como se eu fosse doida.
-O que foi, minha filha?
-Ai Ju, não foi nada. Perdi o apetite.
Volto pro quarto pra estudar pra prova da semana que vem.
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Sempre foi você.
Teen FictionMeu nome é Gabriela Cruz e essa história é de quando eu tinha 18 anos. Ainda estava no Ensino Médio e sem saber pra qual caminho seguir. Qual carreira escolheria? Qual destino devia ir? Falando em destinos... Sinto que nós não somos muitos íntimos.