Uma simpática casa.

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Enquanto eu saía da delegacia, Roger vinha atrás de mim, murmurando:

- Ed, você sabe muito bem que eu não posso lhe ajudar com tal loucura.

- Se prefere ficar aqui, se empanturrando na sua cadeira, o problema é seu. Eu vou pegar o idiota - respondi, continuando meu caminho.

- Mas... Não cometa erros! Sua carreira depende deste caso - Roger diz, desistindo de me acompanhar.

Ver meu parceiro se recusando a me ajudar era de fato frustante, porém compreensível. Afinal, seu segundo filho tinha nascido a não muito tempo, e se jack não acabasse o matando, provavelmente um infarto faria o serviço.

Continuei andando pelas ruas, mesmo que o melhor seria pegar um taxi, mas isso caso meu trabalho como detetive rendesse mais, e se os taxistas aceitassem ir para um beco escuro na parte mais sombria de Londres... Suponho que não.

Depois de quase uma hora de caminhada, as casas estavam ficando cada vez mais velhas, e as calçadas mais sujas. As ruas estavam completamente vazias.

Virei a esquina e entrei em um curto beco, parando na frente de uma antiga casa com dois andares. As paredes estavam com rachaduras, as janelas tampadas com cortinas rasgadas e a cerca da frente destruída. Parecia um lugar muito simpático.

Tirei o papel do bolso da jaqueta e verifiquei se o endereço estava correto, já que o tal informante poderia estar apenas me desviando do caso. Enquanto me aproximava da porta, senti um cheiro de podre, e então observei um pequeno rato correndo para os esgotos por um boeiro, mas o cheiro não parecia vir de lá.

Devagar, coloquei minha orelha na porta, afim de escutar alguma coisa. Nada. Por alguns segundos, fiquei parado de frente a porta, me sentindo como se estivesse no dia mais frio do ano. Me distanciando da casa, olhei para a sacada do segundo andar, onde tinha apenas uma cadeira e uma pequena mesa. Não parecia nada demais.

Novamente, e com muito receio, voltei a frente da porta e girei a maçaneta. Ela fez um barulho estranho, parecendo um "tic". Trancado, eu pensei. Porém, logo depois de soltar a maçaneta, a porta se abriu lentamente, e então veio um "tac".

Nisso, pude perceber vários fios espalhados pelo chão da casa, que levavam para os fundos, todos pareciam ligados a um objeto com forma de cilindro, havia também um relógio em cima dele. Logo percebi o que eram, mas antes que pudesse até mesmo me virar, outro "tic" ecoou pela casa.

Aquele explosivo fora acionado, e a explosão foi suficiente para me jogar ao outro lado da rua, a batida me deixou inconsciente. Mas, enquanto estava no ar, pude ver de relance uma figura saindo entre as chamas e destroços da velha casa, dando uma terrível risada. Não parecia humano. Eu fui enganado.

A distopia de EdwardOnde histórias criam vida. Descubra agora