Capítulo 2

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   Para espanto de todos, Tenório acaba fazendo as pazes com Lurdes, apesar de não lhe explicar o motivo daquela ligação. Isso ocorreu 1 ano depois de toda a briga, Ludes havia ido morar com Ane, João e Roberto, na Chalana, e eles aconselharam ela:
-- Olha dona Lurdes, pode ser ou não apenas algo da sua cabeça. (Diz João)
-- A intuição é o que precisamos repensar, as vezes ela nos engana. (Diz Ane)
-- Concordo com eles, mas se você que ficar, fique conosco o quanto quiser, pois gostamos muito da senhora. (Fala Roberto)
-- Tá certo, vou ouvir vocês. (Responde Lurdes)
   Na fazenda de José Leôncio a notícia chega, mas poucos botam fé nesse relacionamento falido.
-- O que adianta voltar e largar de novo? (Diz Tibério)
-- Aí tem coisa sim gente, ele é gente ruim. (Diz José Leôncio)
-- A gente conhece a fera... (diz Filó)
-- Gente desculpa desviar a conversa, mas desde que eu vim eu não tive um passeio de barco...( fala Laura)
-- Oh querida, o Tibério te leva! (Diz Filó)
-- Vem comigo. (Fala Tibério)
-- Obrigada. (Agradece Laura)
Durante o passeio:
-- Tibério, você é daqui de Aquidauana?
-- Sou sim, vi que você adorou estar aqui..
-- Demais, mas me conte sobre você... Se você quiser, claro.
-- Bom... Eu ando triste por ter perdido os meus pais, aproveite os seus, porque a vida passa...
-- Me perdoe pelas perguntas. Vejo que isso te deixa realmente muito triste.
-- Fica tranquila. Quando você amadurecer um pouco mais eu vou te contar muita coisa ainda.
-- Tá certo.
-- Tá gostando do passeio?
-- Estou sim, mas tá escurecendo, não deveríamos voltar?
-- Sim, vamos chegar na hora do jantar.
-- To morrendo de fome já. (Diz Laura rindo..)
Os dois chegam e vão direto para o jantar:
-- Chegamos. (Anuncia Tiberio)
-- Que bom, vão se servindo. (Fala José Leôncio)
-- Vamos ter cantoria? (Pergunta Clóvis)
-- Sim, peão... ( Responde Almir)
   Todos se reúnem á cantoria no galpão dos peões, é quase uma festa. José Leôncio anuncia:
-- Iremos sair em comitiva até Porto Morrinho e voltamos. Vamo dormir, porque a jornada será longa.
-- Certo, patrão. (Diz Gustavo)
   Trinta dias se passaram, e de longe ouviram um longo som de berrante, eles estão de volta e são bem recebidos. Foi um dia de descanso e a noite teve uma roda de viola. Tibério pergunta a Laura:
-- Fala uma moda que quer ouvir..
-- Chalana.
-- Bora Almir, vamos lá.
Almir toca viola como ninguém, e Tibério tem a voz bastante suave, aveludada para cantar. Laura agradece:
-- Obrigada meninos!
   Na manhã seguinte, Filó ensina Laura a costurar, e ela surpreende novamente. Na casa de Tenório o clima não anda nada bom, Lurdes flagra Tenório telefonando para o Rio de Janeiro:
-- Posso saber o motivo da ligação?
-- Negócios... (Responde Tenório, assustado)
-- Ah, e os negócios te assustam? Se eu souber de mentiras eu te largo aqui e agora mesmo. E pode voltar a dormir sozinho, com você não deito mais.
Tenório fica transtornado, Lurdes vai até Ane, João e Roberto e lá fica, novamente. Tenório tenta se explicar, mas Lurdes o ignora. Na fazenda de José Leôncio, todos lamentam a situação...
-- Não sei como ela se preza a um papel desses. (Diz Filó)
-- Ninguém sabe. (Fala Tibério)
-- Vamos ter cantoria? (Pergunta José Leôncio)
-- Sim, patrão. Qual moda você quer? ( Pergunta Almir)
-- Cavalo preto, minha preferida.
-- Tá certo.
   No dia seguinte pela manhã, Tibério e José Leôncio anunciam ao povo:
-- Amanhã bem cedo iremos ao Morro do Paxixi. (Fala Tibério)
-- Todos vão? (Pergunta José Leôncio)
-- Sim, com certeza. (Manda Filó)
O dia foi de trabalho leve na fazenda para todos estarem fortes para a subida na manhã seguinte. No outro dia, ao chegarem ao topo, Laura diz:
-- Que alto, que lugar lindo...
-- Realmente... (Diz Filó)
Todos tomam café da manhã lá em cima e depois retornam à fazenda.
-- Laura, telefone pra você. (Diz Filó)
-- Estou chegando.. Alô, mãe? Tudo bem?
-- Sim filha, e aí?(Pede Maria)
-- Estou bem, com saudades.
-- Eu e seu pai iremos ao México, para uma viagem de descanso mesmo, não se preocupe, voltaremos logo.
-- Se cuidem. Beijos.
-- Novidades Laura?  (Pergunta Filó)
-- Meus pais tão indo pro México.
-- Oh coisa boa, o almoço tá quase pronto, chama o povo pra cá?
-- Chamo sim, Filó.
-- Pessoal, o almoço tá servido.
-- Já vamos. (Diz Tibério)
   O almoço foi muito bom, e após isso, Dona Filó recebe um chamado de Ari:
-- Dona Filó, bom dia, preciso falar com o Zé.
-- Bom dia Ari, vou chamar ele.
-- Fala Ari, Zé na escuta.
-- Oh seu Zé, queria apenas te avisar pra não vender e nem comprar nenhum boi, nossa moeda desvalorizou muito.
-- Ta bom, Ari. Obrigado.
José Leôncio desliga e Filó pergunta:
-- O que ele queria?
-- Avisar pra a gente não vender nem comprar bois porque não vamos ter nenhum lucro...
-- Ah, tá certo...
-- Nosso país ta ruim mesmo... (Resmunga Almir)
   Na casa de Tenório a confusão continua, Lurdes está sem contato com seu marido, ou ex, há um ano. Ela recebe a notícia de que ele viajou ao Rio de Janeiro e se chateia ainda mais:
-- Não é possível, ele teve coragem? Eu vou me separar dele...
-- Realmente é o melhor que você pode fazer... (diz Ane)
Tenório retorna ao Pantanal algumas semanas depois e Lurdes o surpreende:
-- Eu quero o divórcio, não vou mais estragar a minha vida por sua causa.
-- Não pode ser.. Eu não concordo.
-- Tenório, você vai ter que aceitar. Aproveita e traz a mulherzinha do Rio pra cá.
-- Trago sim.
-- Então é verdade?
-- É sim...Vamo assinar esse divórcio logo...
Lurdes agora irá morar com Roberto, Ane e João. Na fazenda de José Leôncio a notícia chega:
-- Eu nem me espanto, esse homem é capaz de tudo. (Diz Tibério)
-- E um sem vergonha mesmo... (retruca Zé Leôncio)
-- Pior que isso, Zé. Pelo menos a coitada ta livre. (Diz Filó)
-- Concordo.. (diz Almir)
-- Desde que cheguei já tive medo e um certo ódio por esse cara, ele é realmente horrível. (Diz Laura)
-- É você tá certa, fica longe dele viu. (Diz Tibério)
   O ano passou ligeiro, na noite de Ano Novo, convidaram Lurdes, João, Ane e Roberto para os festejos. Almir e Tibério soltaram a voz, encantando a todos. Laura completou 2 anos de vivência na fazenda, festa dobrada. Porém, no dia 2 de janeiro... toca o telefone, Laura atende e era da embaixada do Brasil no México:
-- Alô?
-- Bom dia, falo com Laura?
-- Sim..
-- Bom, eu não trago notícias boas, perdoe minha frieza...
-- Diga...
-- O avião que seus pais estavam, caiu no mar e ninguém sobreviveu. Eu lamento muito, desejo forças e que você fique bem...
Laura cai em pratos ao desligar o telefone, Filó vem correndo e a abraça:
-- Querida, o que aconteceu?
-- O avião que meus pais estavam caiu e ninguém sobreviveu...
-- Minha nossa, que tristeza.
A essa altura, todos entraram na sala para ver o que aconteceu, abraçaram Laura e tentaram consolá-la. Ela nunca mais veria as pessoas mais importantes de sua vida.
Após a janta, onde Laura pouco se alimentou, Tibério pediu pra conversar com ela, fora de casa  embaixo de uma árvore, tendo a vista do céu estrelado:
-- Vamos comigo? Quero te ajudar.
-- Sim...
Chegando lá, os dois se sentam um ao lado do outro:
-- Fica aqui comigo, fale o que quiser, eu passei por essa dor... Sei o quanto dói.
-- Sabe Tibério, não sei nem explicar o quanto isso ta machucando meu coração... ( Laura chora)
-- Vem aqui, me abraça... Eu te entendo, a gente se sente perdido. Sem chão, mas lembra o que você me disse? Vai passar, e eles estão te cuidando lá do alto agora.
‐- Vou usar isso pra me acalmar... Seu abraço é muito aconchegante sabia?
-- É necessário que seja... (Tibério dá um beijo na testa de Laura)
Os dois ainda conversaram por um tempo e depois se despediram. Na manhã seguinte, Dona Filó vai conversar com ela:
-- Está melhor querida?
-- Estou, um pouco. Tibério me ajudou muito.
-- Ele é bom nisso, confie sempre nele.
-- Pode deixar.

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