01.2 - Project A-340

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 23 de novembro de 2061

- Você já assinou todos os papéis, Alik? – verificava os documentos na pasta escura que lhe foi entregue por Gavrel, assistente de Alik.

- Sim, assinei. Peço que enviem as caixas imediatamente para os locais listados. – levantou-se de seu assento e seguiu até uma pequena mesa com algumas bebidas. – Eu espero que dessa vez esses androides não me decepcionem, Carl. – pegou a única taça ballon snifter disponível e despejou um pouco de conhaque. – Meu cliente mostrou interesse no projeto, nos deu um valor tão alto que pagaria seu salário por 10 anos, caso eu receba algum retorno insatisfatório você já sabe o que irá acontecer. – piscou para Carl.

- Não se preocupe, os androides se quer sabem que são androides. A equipe trabalhou no projeto por 5 anos para que não tivéssemos imprevistos. – demonstrou convicção. – Vamos nos destacar mundialmente com o A-340. – esboçou um sorriso ferino.

A RealTech foi a primeira e principal empresa responsável pelo inicio da criação e implantação de androides no mundo. O primeiro modelo criado em conjunto com a Steadfast foi o S910, que tinha como objetivo suprir as necessidades de grandes e pequenas empresas com atendimento ao cliente, limpeza e estoque. A versão foi substituída dois anos depois pela D910 com características mais humanoides e agradáveis ao público, no mesmo ano o S910 saiu de linha e recebeu o prêmio inovação tecnológica da UIT.

Em fevereiro de 2045 ambas as empresas finalizaram a parceria e seguiram caminhos distintos. A RealTech focou seus projetos apenas em evoluir seus protótipos e a Steadfast em tecnologias de uso diário e doméstico. Segundo dados do Instituto de Tecnologia de Massachussets, o número de androides ultrapassou meio bilhão em todo o mundo e os mesmos dados criam a perspectiva de que nos próximos anos cada cidadão tenha seu próprio modelo em casa.

A empresa que hoje está na frente da russa Glazkov, possui mais de 50 modelos diferentes que partem de simples ajudantes à parceiros sexuais. Apesar de todo reconhecimento, Alik Devine presidente da RealTech diz ter receio de organizações que lutam pelo fim da criação e venda de robôs humanoides; para ele, esse tipo de conduta atrapalha o desenvolvimento da sociedade e nos faz dar importância demais para máquinas sem vida porquê para Devine suas criações não passam de plástico inteligente. O campo de pesquisa sobre inteligência artificial começou em 1956 em uma conferência no campus do Dartmouth College, nos Estados Unidos e desde então teve seus altos e baixos com grupos e autoridades discutindo sobre a importância desse estudo para a humanidade; é esperado que sempre haja indivíduos contrários a ciência, no entanto, com o passar das décadas os seres humanos percebiam que se possuíam inteligência para criar a seu favor, então deveriam usá-la.

O projeto mais falado dentro da companhia era o A340, androides similares aos humanos. Todo modelo dentro da proposta se quer tinha noção de que, na verdade era um androide; possuíam um programa único desenvolvido pela melhor equipe do país, sem margem para erros, eram construídos para serem "humanos". A base inicial indica que possuem capacidade para sentir, criar e construir qualquer coisa sem terem conhecimento das mesmas, também possuem habilidades únicas, nomes e história de vida inclusa em seu sistema. Eram modelos exclusivos para grandes organizações, governos e forças armadas.



- Haley! – gritou, enquanto pressionava o botão de emergência e conferia as informações no tablet. – Não, não é possível... – gaguejava, tomado por um desespero atípico. –  Apareça logo, porra. – checou mais uma vez a caixa antes de cair de joelhos no chão, sem reação. A porta do departamento desliza e Haley entra. 

- Robb? O quê aconteceu? – fitou o colega imóvel, no entanto não demonstrou preocupação alguma.

- O androide sumiu. Eu não sei o que aconteceu, ele estava aqui até ontem a noite. – espia de forma sutil enquanto Haley caminha em sua direção; o medo toma conta de cada centímetro do seu corpo.

- Eu não sei como te ajudar e sinto muito que tenha sido tão descuidado. – sorriu. – Código 62. – murmurou. - Eu espero que isso não doa tanto para você, mas descumpriu uma regra da companhia. 

- O quê está fazendo? – arregalou os olhos. – Você não pode fazer isso comigo... - sua voz oscilava. - Eu juro que posso fazer qualquer coisa, não precisamos disso agora, Haley. Eu posso falar com Alik e explicar tudo... - foi interrompido por um riso frio. 

- Humanos são tão simplórios. Conhece esta palavra, James Robb? - afastou o fio de cabelo que caía sobre a testa. - Eu acredito que não. Não se preocupe com sua filha, daremos uma réplica sua para ela, não notará diferença alguma. Acredito até que sua esposa irá agradecer, você tem cara de quem transa muito mal. - riu sem humor. Três homens que vestiam uniformes num tom azul-petróleo entram na sala, Robb sabia o que acontecia em seguida, ele conhecia o protocolo. 

– Haley, você é um filho da puta! – o som do disparo foi inaudível, mas o deixou completamente atordoado. - Vá para o infer... - James cai sem vida no chão de concreto, de sua têmpora esquerda escorre um pouco de sangue que tinge o piso de vermelho. 

- Eu amo o cheiro de sangue fresco. - disse, entusiasmado. - Espero que esqueçam o que aconteceu aqui. Deem um jeito nisso. - aproximou-se do balcão ao lado da caixa de envio, apanhou o tablet e procurou a ficha de registro do protótipo desaparecido. – Então é você?

 – Então é você?

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