III

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As dúvidas enchiam a minha cabeça

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As dúvidas enchiam a minha cabeça. Fui para a beira do rio, observando as crianças que ali brincavam. Sinto os braços de Siaa cruzando o meu abdômen. Viro-a de frente para mim, e deposito um beijo em sua testa. 

Eu não estava pronto para partir. Mas deveria. Eu não pertencia àquele povo que protegeu-me, acolheu-me como um filho, e cuidou de meus ferimentos. Eu não estava preparado para dizer à única mulher que amou-me de forma extraordinária, que a minha hora de deixar o seu planeta, havia chegado.

Sentia-me preso naquele turbilhão de emoções. Eu tinha um dever a cumprir. Acabei por ganhar um resquício de coragem, para então informar a Siaa, — através dos desenhos que rascunhávamos no chão — que eu ia partir para uma viagem, da qual eu não iria mais voltar. Questionou-me — ainda por meio dos desenhos no chão — se poderia ir comigo.

Sutilmente, balancei a minha cabeça de forma negativa, e ela compreendeu o meu recado.

Muito compreensiva, beijou suavemente os meus lábios, chamou-me de Sahca e correu com lágrimas nos olhos.

***

Não estava nada ansioso para retornar para "casa". 

Eu nunca tive um lar, uma família, um amor.

Eu já havia realizado o meu sonho em ser astronauta, em ter desbravado lugares inóspitos, então, por que aquele sentimento de haver um buraco no meu peito, crescia cada vez mais? 

Observava o rádio transmissor em minhas mãos, com a contagem regressiva, naturalmente, da cápsula que resgataria-me. A única coisa a ser feita era informar a minha localização. O que eu não havia feito. 

As dúvidas eram muitas. Eu não queria voltar para a Terra, problemático planeta, com pessoas histéricas, que destruíram o nosso verde. Eu amava Issri, e era nesse planeta que almejava deixar as minhas raízes.

Pensei. Pensei. Pensei tanto que a minha cabeça doeu. 

O que eu estava fazendo? Era bem óbvio que eu havia feito a minha escolha. Eu era parte do povo Yasri. 

Encontrei Siaa sentada debaixo de uma árvore, enquanto comia seus frutos que tinham a coloração branca. Ao vê-la, lembrei-me porque eu a amava, e porque decidi ficar naquele planeta.

Meu nome soou de seus lábios. Era como música para meus ouvidos. Beijei-a demoradamente. Afasto-me, contemplando seu rosto em formato de coração e suas orelhas de elfo que eu tanto estimava.

Siaa oferece-me a mão. Toco-a, entrelaçando nossos dedos. Sem pensar duas vezes, quebro o meu rádio transmissor, impedindo de uma vez por todas, que a EEB me localize. Minha única chance de retornar para casa. Porém, meus medos se desvanecessem, assim que recordo que fui acolhido pelo povo Yasri. Enfim, encontrei uma família. Abraço Siaa e beijo-a, sentindo o gosto de seus lábios, inundando cada fibra do meu ser. Com ela, encontrei o meu paraíso, a parte que faltava dentro de mim. Tornamos a olhar para as luzes no céu, de mãos dadas. Eu não iria para parte alguma.

Eu estou em casa.



Obrigada por ler o meu conto

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Obrigada por ler o meu conto.💚 Vida longa e próspera. 👽🖖🏻


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