Vossa Alteza

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— Kook. — Taehyung arfou alto. — Isso dói.

— Eu sei TaeTae, mas é necessário. Desculpe. — respondeu com pesar vendo novamente o corpo abaixo de si se encolher sob seus toques.

Molhou novamente o pano que estava em sua mão, lavando o sangue contido nele antes de o mais cuidadosamente possível pressioná-lo sobre as costas do mais velho, O coração se apertando quando percebeu um lágrima escorrendo pelo rosto deste.

— Eu odeio ele. — grunhiu quando novamente tele suas costas limpas pelo mais jovem. Jungkook não tirava razão dele, mesmo que o alvo de seu ódio fosse seu irmão mais velho, mesmo que este fosse o rei.

— Acabei TaeTae. — recolheu as coisas e escondeu a bacia com a água vermelha para livrar-se dela depois. — Infelizmente os remédios acabaram, vou precisar sair para comprar, vejo se consigo alguma pomada com a senhora Lee.

— Não se preocupe comigo, Kook, vou ficar bem. — era muito difícil acreditar nas palavras do mais velho. De onde estava, perto de um jarro de flores onde despejava a água, tinha a completa visão deste.

Taehyung estava sentado a beira da cama, de costas para si, apoiando-se fracamente nos braços que tremia, assim como todo o resto de seu corpo. Seus cabelos loiros estavam banhados em suor, assim como seus ombros e peito e suas costas... Suas costas estavam destruídas.

O loiro era o príncipe caçula, queridinho da população, gentil e forte. Mas nenhum atributo o defendeu de seu irmão mais velho, o rei, que havia o açoitado cruelmente após encontrar o príncipe com Jimin, o homem pela qual era amado e amava desde muito cedo.

A cortes abertos e retorcidos sob sua pele causavam arrepios em Jungkook, que com pesar já estava acostumado a visão. Por ser o rei a lhe "punir" o mais velho não podia ser tratado por médicos profissionais, já que ninguém poderia saber que o rei batia no príncipe querido pelo povo. Então apenas restava que o mais novo tratasse suas feridas do jeito que conseguia. A falta de um tratamento profissional deixou marcado na pele acobreada do outro suas marcas, onde linhas brancas e irregulares traçavam desenhos violentos sobre os cortes recentes.

— Descanse, eu voltou em pouco tempo. — aproximou-se rapidamente do melhor amigo e o ajudou a deitar sobre o peito, de forma que nada encostasse sobre os cortes.

Quando estava a ponto de sair do quarto o amigo o chamou baixinho:

— Gguk, porque você não foge?

A pergunta lhe pegou de surpresa, com certeza já havia pensado na possibilidade, de livrar-se do local que lhe causava tanto mal, e causaria ainda mais.

— Eu não tenho para onde ir. — respondeu, mas tanto ele quando o loiro sabiam que qualquer outro lugar era melhor àquele, então continuou — E eu nunca te deixaria para trás.

Lá do lado de fora, fora do castelo, longe do alcance das mãos e dos olhos do rei, Jungkook era outra pessoa.

Sorria mais, ficava mais tranquilo, conversava com todos, e mesmo com pressa para chegar a pequena lojinha da senhora Lee, não deixava de impressionar várias pessoas pelo caminho, por sua gentileza, por sua beleza e pelo fato de não ser muito comum ver o futuro rei andando por aquela área.

Sim, o jovem garoto é o futuro rei, não por linhagem, mas por casamento.

Anos atrás, quando seus pais já muito velhinhos, vieram a falecer, Taehyung o levou para morar consigo, e sem ninguém para o proteger e nada para barrar o poder absoluto do governante, fora colocado como pretendente do rei, Hyunshik, que tinha o dobro de sua idade. Felizmente, o soberano não conseguia alterar algumas leis e tradições, então teria de esperar até que o mais novo chegasse à maior idade para desposá-lo, o que dava a Jungkook alguns meses de liberdade.

LibertinesWhere stories live. Discover now