A bebé

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-Eu não consigo compreender como...- Braços esticados com suas mãos na parede e corpo inclinado, sentindo uma enorme vontade de vomitar, era assim que Solar ficou por longo minutos. - Ela era tão cheia de vida, ela...- Dias e dias sem falar com a sua irmã, e agora não voltaria a ter essa oportunidade. - Como?

-Precisamos nos recompor. - A sua mãe massageava suas costas, mas Solar apenas conseguia sentir seu corpo a ficar mais tenso. - A tua sobrinha está a chegar ela precisa de nós.

-Era necessário ela perder os dois? - Solar então olhou sua mãe com seus olhos a lacrimejar. - Perder o pai e a mãe assim?

-Ela ainda nos tem a nós...

-A mãe sabe que não é o mesmo e aquele filho da puta...

-Yong! - Sua mãe repreendeu.

-Por uma vez deixe-me ter uma linguagem mais vulgar mãe, já que acabei de perder a minha irmã e cunhado para um estúpido americano bêbado que guardava a merda da arma em casa e começou a dar disparos para o ar; só porque sim, para mostrar sua liberdade e tirar a vida de duas pessoas que se beijavam no jardim...- Ela odiava chorar mas não conseguia não o fazer. - Eles estavam abraçados a beijar-se a bala atravessou os dois, amor...- Suspirou. - Que estúpido.

-Podemos nos considerar sortudos por não terem Youra no colo. - Lamentava escondendo seu rosto com sua mão.

-E que a ideia a de meu cunhado e da minha irmã para deixarem Youra há minha responsabilidade? - Murmurou para si. - Quando é que ela chega?

-Ela deve estar quase a chegar. - Solar se sentou na poltrona e esperou enquanto sua mãe ficava encostada perto da janela esperando o carro chegar. - Estão aqui. - Avisou correndo para a porta. - Meu bebé. - Pegou a neta de dois anos no colo apertando-a deixando apenas a criança mais confusa.

-Temos que conversar. - O advogado pediu.

-Tu, conversa com Solar eu vou arrumar as coisas de Youra e ver se a consigo deixar mais confortável.

-Mãe...- Tentou chamar para não ficar sozinha, mas foi em vão. - Obrigado por trazer a Youra para perto de nós.

-Estava em Nova Iorque era o mínimo que eu podia fazer, e o caso desse patife não te preocupes Solar eu vou tratar de tudo. - O mais velho sorriu sentando-se diante de Solar.

-Quer uma água, sumo, café? - A presença do mais velho diante de si ainda era estranha, porque além de advogado ele namorava com a sua mãe alguns meses, e Solar ainda não sabia bem como lidar com a informação.

-Eu estou bem...- Brincou com os dedos sem saber como falar. - A tua irmã e Josh não sofreram morreram no momento, Youra tinha ficado em casa a tua prima, eles queriam aproveitar um pouco para estar sós já que não o fazia muito desde que Youra nasceu, então...- Tossiu puxando a sua voz. - Ela não viu nada.

-Melhor assim.- Solar respondia quase em um murmúrio. - Porque eles a deixaram comigo?

-Tu conheces a tua irmã melhor que eu Yong, tu saberás.

-O problema é esse...- Disse exausta. - Eu não seu eu não compreendo, eu só faço as coisas erradas eu só faço asneiras.

-A tua irmã sempre confiou muito em ti, sempre te amou...- O mais velho coçava a cabeça diante do assunto delicado. - Ela te via para além daquilo que tu és, e tu és mais que uma pessoa imatura, e bêbada, tu és uma mulher que triplicou o êxito das empresas, és a mulher que deu emprego a muitas pessoas, és inteligente e quando queres dedicada.

-Esses elogios caíram em seco. - Admitiu não acreditando.

-Josh era um jovem sem família, a tua irmã mudou-lhe a vida dando lhe isso...uma família, e bem tu; mais uma vez Solar a tua irmã confia em ti.

Tempos de mudançaOnde histórias criam vida. Descubra agora