Capítulo 2

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Dezessete anos antes

- Papai, eu queria ir passar as férias com os primos e a vovó! -digo do banco de trás, tentando ser ouvida.

Meu pai faz uma curva na estrada de terra. Mamãe tenta colocar os brincos enquanto o carro pula várias vezes.

- Filha, já falamos sobre isso.

- Mas papai, eu nem conheço essas crianças.

Minha mãe olha para mim e abre seu melhor sorriso.

- Você conhece a Isabela.

- Nós só brincamos uma vez, mãe.

A estrada que segue até a fazenda é coberta por flores amarelas e forma um corredor de árvores lindas e floridas.

- Que árvores lindas! -digo me distraindo um pouco do assunto.

- São ipês. Por isso o nome da fazenda: Morada dos ipês. - meu pai me explica, mas ainda não estou feliz com ele.

O casarão parece ser muito grande. As janelas são altas e a varanda está cheia de vasos de plantas e cadeirinhas de madeira.

Mamãe acerta o laço em minha cabeça e alisa seu vestido.

Um homem alto adulto vem vindo na nossa direção. Eu já o vi antes. É Murilo Duran, chefe do papai.

- Olá, Rodrigo, que bom que chegaram.

Nós subimos as escadas e nos encontramos na varanda. Fico ao lado da minha mãe, observando discretamente ao meu redor.

- Foi difícil encontrar a estrada?

- Não, foi tranquilo.

Mentira. Ele errou duas vezes, mas prefiro não comentar.

Os dois apertam suas mãos e depois Murilo cumprimenta minha mãe.

- Prazer, Lívia - ela se apresenta.

- O prazer é todo meu.

Ele faz uma pausa e olha para mim.

- E quem é essa mocinha linda?

Minha mãe me dá um empurrãozinho para que eu me apresente.

- Eu sou a Laura.

- Que lindo nome.

Nesse momento uma mulher magrinha de cabelos na altura das orelhas vem vindo de dentro do casarão. Ela se apresenta a todos nós como Joana, esposa de Murilo.

- Mas todos me chamam de Jô. -ela completa.

Eles nos convidam para entrar na casa.

A escadaria que leva ao andar superior é de madeira antiga e nas paredes do corredor que leva até a cozinha vários porta retratos estão ali, enfeitando.

Fotos de família, de amigos e da vida no campo de modo geral.

É tudo maravilhoso e cheio de vida.

Na cozinha várias vozes se misturam. Mamãe e papai cumprimentam Beatrice e Salvatore Bartolini, e pelo rumo da conversa percebo que o homem alto de cabelos loiros trabalha com papai.

- Olhe só você, até parece um cara normal sem aquele terno e aquela pose intelectual. -meu pai fala ao colega.

Todos dão risada, inclusive Salvatore.

A mulher gordinha que pica tomates perto da larga pia eu já conheço. É Carolina, a mãe de Isa.

Carolina é supervisora na empresa e parece saber mais sobre o trabalho que o próprio Murilo.

Sob Pétalas e EstrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora