3 - A surpresa

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Depois de fazermos a nossa matrícula e visita à universidade, voltamos para o carro de Noah. Ele pediu para eu fechar meus olhos para não ver a surpresa que estava a caminho.

— Eu estou com medo. Você vai me matar? É assim que começa nos filmes — brinquei.

— Fica tranquila, ainda não vou te matar — olhei para ele desconfiada e o mesmo riu.

— Eu gosto muito da sua risada, sabia? — disse colocando a venda.

— Valeu, a sua também não é nada mal, Any — não pude deixar de sorrir.

Ligamos o som do carro e ficamos cantando músicas brasileiras. Não sei porquê, mas tínhamos esse complexo por o estilo de música deles. Acho que é Samba que se chama.

— Um dia vamos ao Brasil juntos? — perguntei.

— É claro que vamos.

Uns dez minutos depois Noah estacionou o carro. Não estávamos na casa de Heyoon porque senão eu não estaria vendada.

O ar era tão gostoso, limpo. Cheguei a conclusão de que deveríamos estar em algum lugar com mato. Talvez um parque.

Noah segurou minha mão e foi me guiando para não pisar em falso. Tinha certeza agora de onde estávamos porque cada passo que eu dava, sentia minhas botas quebrando pequenos galhos ou amassando folhas secas que caíam no chão.

Andamos mais um pouco até que Noah parou. Ouvi o barulho de alguma porta abrindo, ele me guiou para frente e tomei cuidado para não tropeçar no pequeno degrau na entrada. O ar agora era mais quente, estávamos em algum lugar fechado.

Estava tudo em silêncio até que Noah tirou minha venda e eles gritaram alguma coisa enquanto surgiam na minha frente.

— O que é isso? — ri nervosa.

Noah permaneceu ao meu lado, mas pude ver muito de nossos amigos reunidos a nossa frente.

— Uma festinha para você — Sina respondeu.

— Ah se isso é por causa dos meus pais e Saby...

— É justamente para não lembrarmos disso. Então por que não mudamos de assunto? — Lamar sugeriu.

Demorei um pouco, mas logo recenheci o local em que estávamos. Era uma antiga casa de repouso no velho horto de São Francisco. Quase ninguém mais alugava aquele lugar, eram mais turistas.

Fazia anos que eu não ia lá. Amava quando era pequena para ficar aqui com minha família. Geralmente eram meus avós que nos levavam aqui. Mas agora eu estava com meus amigos.

Havia um caminhão de mudanças do lado de fora. Estranhei.

— Pessoal... Por que o caminhão de mudanças está aqui?

— É essa a surpresa — Heyoon parecia animada.

— Vamos todos se mudar para cá!!! — Noah vibrou.

— Como assim? — a surpresa deles realmente surtiu efeito em mim.

— Não fica longe da faculdade e podemos todos morar juntos aqui. Essa casa é muito espaçosa. Tem lugar para todos nós, cozinha, banheiros e salas perfeitas. Vamos poder fazer festas incríveis aqui! — Sina explicou.

— Mas não havia virado lugar para turismo?

— As visitas estavam parando, eles iam acabar leiloando a casa. Então pensamos que seria um bom lugar — Heyoon tocou meu braço — Você parece meio sei lá... Não gostou?

— Não, eu amei. É incrível aqui. Eu só estou... Um pouco chocada.

— Vem — Noah pegou minha mão — Vou te mostrar nosso quarto. Você vai amar.

Subimos as grandes escadas de madeira até o andar de cima. A casa era escura, daquelas antigas, mas tinham grandes vidraças que permitiam a entrada de luz, mas mesmo assim era ofuscada pela mata que rodeava a casa.

Me sentia naqueles filmes de terror. A casa era linda, mas não sei... Era uma ideia incrível morarmos todos ali, e Sina estava certa, poderíamos dar festas universitárias memoráveis ali. Mas parecia uma sensação estranha.

Quando chegamos ao todo, Noah abriu a porta e deu espaço para que eu entrasse no cômodo. O quarto era mais ou menos grande, o suficiente para nós dois. Dois armários de madeira, um em canto da parede. No centro do quarto havia uma cama de casal e bem na frente uma grande janela com vista para a mata. Era lindo.

Minha bota fazia aquele barulho gostoso no piso de madeira. Rodeei o quarto, examinando cada parte. Eu me imaginava plenamente acordando todos os dias ali com a luz batendo em meu rosto, abraçada com Noah.

— Então, o que acha? — Noah me observava animado na porta.

— É maravilhoso.

— Não é? — ele sorriu e veio até mim — Eles nos deixaram ficar com o maior quarto já que somos o casal do grupo.

— Isso é muito legal — tentei mostrar animação.

Eu gostei muito da casa, do quarto, precisava ver os outros cômodos ainda, mas parecia tudo muito extraordinário. Mas algo em mim não conseguia demonstrar gosto por aquilo.

Tentei deixar isso de lado. Acho que é só uma fase agora que faz quase um ano que meus pais morreram, que Saby foi embora, que minha vida está mudando completamente.

Descemos até onde nossos amigos estavam novamente. Ainda era muita coisa para absorver, mas deixei a comida que Heyoon trouxe e a música me levarem.

Flowers - Noany 2° TEMPORADAOnde histórias criam vida. Descubra agora