4 - A mudança

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Passamos o fim de semana inteiro desempacotando as coisas que estavam dentro do caminhão de mudança. Não fazia ideia do tanto de coisa que Sina e Heyoon tinham.

Noah e Lamar tinham tantos instrumentos musicais que eu não fazia ideia onde iríamos colocar aquilo tudo. Então Lamar me levou para as escadas no fundo da casa que levava a um porão.

— Ah é aqui então que todos morremos por alguma criatura sobrenatural? — zoei.

— Não é tão mal assim — Lamar riu.

Sim, era ruim sim. Ali tinha espaço suficiente para guardar todas as nossas tralhas que não teria serventia para mantermos em nossos cômodos de cima, mas que também não queríamos nos livrar.

Lamar me disse que os instrumentos deles ficariam ali embaixo por enquanto, até o quartos que eles estavam reformando ficar pronto. Então eles fariam um pequeno estúdio onde treinariam suas músicas.

— Quarto reformando? — perguntei.

— Sim. Achamos um sótão em cima da casa. Tem a acústica perfeita para tocarmos, daria um dos melhores estúdios.

Ele apagou a luz do porão atrás de nós e eu corri para a escada tentando fugir daquele lugar. Esperei Lamar aparecer travando o porão com uma trança velha.

— Precisamos cuidar desse lugar para não crescer ninho de ratos — ele disse apontando em direção ao porão e sorrindo para mim — Ou nenhum criatura sobrenatural — rimos, mas juro que senti um calafrio em minha nuca.

— Vem, vamos. Não quero ficar muita aqui em baixo — subi com ele logo atrás de mim — E vocês vão ficar treinando lá?

— No estúdio? — ele perguntou confirmando se era daquilo que eu estava falando e assenti — Sim. Menos quando tiver festas, daí faremos nossos shows ao vivo — ele sorriu se gabando.

— Vai ser incrível — não pude evitar de sorrir — Vamos dar festas ótimas aqui.

— Sim! — ele disse animado.

Ouvimos um barulho alto vindo do andar de cima, como se algo estivesse quebrando e subimos outros lances de escada. Pelo visto, eu iria me exercitar bastante morando nessa casa.

O barulho nos levou até meu quarto. Vi Noah agachado no chão encarando uma de minhas caixinhas estilhaçada no piso de madeira. Ele parecia triste quando tornou a me encarar.

— Desculpa... Não era minha intenção — ele disse cabisbaixo.

— Tudo bem — sorri tentando consolar ele. Olhei para Lamar — Pode trazer uma vassoura e pá para eu limpar isso?

— Claro. Já volto — ele sorriu, virou o corredor e sumiu da minha vista.

Voltei a olhar Noah e agora ele tentava catar os papéis que eu deixava guardado na caixa. Sorri para ele e a culpa sumiu aos poucos do rosto dele, relaxando os músculos e revelando novamente o rostinho de bebê dele

Começamos a catar os cacos maiores e separar de canto. Olhei para uma das caixas embaixo da cômoda, ela estava aberta. Engatinhei até a caixa tomando cuidado para não me cortar nos vidros.

Dentro dela havia diversos papeis, alguns pequenos, outros maiores. alguns dobrados e outros aberto. Peguei um deles e estava escrito:

"Você está muito linda nesse coque
PS: vermelho para combinar com nossa roupa hoje"

Comecei a vasculhar e diversos bilhetes de elogios e conversas iam aparecendo. Meus bilhetes com Noah. Aquele que passamos o último semestre do ano passado trocando entre nossos armários. Os que me fizeram me apaixonar por ele.

Flowers - Noany 2° TEMPORADAOnde histórias criam vida. Descubra agora