epílogo

212 39 60
                                    

"Deixe sangrar seu amor

Eu nunca me afastei

Deixe enterrá-la

Em toda sua culpa, toda sua dor, eu te carregarei, sempre

Carry On – Novo amor

Querida Ana,

Quando a gente sabe que o amor acaba?

Isso foi o que eu me perguntei naquele dia em que fui até a sua casa para falar que era melhor terminarmos.

Sabe, eu nunca cheguei a nenhuma resposta. Na verdade, acho que tenho uma, mas não vai ser tão satisfatória para você que não gosta de meias respostas. O amor não acaba, Ana, ele se transforma. Ou se esgota. Mas não acaba.

E algo me diz que o nosso amor se transformou. A gente foi da amizade para a paixão, da paixão para o amor e do amor para a amizade de novo. No fim, você era a amiga que eu poderia beijar e isso nunca me pareceu muito justo. Porque você sempre foi muito pra mim para ser reduzida a isso.

Sempre te coloquei em um pedestal, Ana. Tão inalcançável que quando alcancei não soube lidar com você. Nunca soube, não é? Desde quando a gente tinha quinze anos e você chegou naquela festa acompanhada daquele babaca que não largava a sua cintura, eu não soube lidar com você. Não sabia como lidar com o que você me fazia sentir.

E não soube lidar com o nosso término. Irônico, eu sei, já que foi uma decisão minha. Só que saber que o amor se transformou dentro de si não torna mais fácil a decisão de abandonar um relacionamento pela metade. Sim, metade, já que não vivemos metade das coisas que gostaríamos. Parece que nossa história foi interrompida por nós mesmo ou por nossa imaturidade. Mas toda história precisa de um fim, não é?

Quando você publicou aqueles textos estava tentando me dar adeus, sem conseguir. Estava tentando dizer "ei, mundo, tive um relacionamento, foi bom enquanto durou, mas agora hora de seguir em frente, usem como lição", mas você não conseguia ouvir os seus próprios conselhos. Eu sei, porque passava noites e mais noites lendo o que você achava sobre nós e revivendo cada momento na minha cabeça, me enchendo de "e se...".

No entanto, Ana, não existe "e se". A gente se conheceu, aconteceu, terminou. Não tem como viver outra realidade que não seja essa, então não tem porque a gente se torturar mais com isso.

Sou grato por conhecer você, por ter vivido ao seu lado, por ter sido seu melhor amigo, por ter sido seu namorado. Sou grato pelas horas que conversamos sobre o universo e seus mistérios e quando você me fazia cafuné quando estava triste. Sou grato pelos filmes horríveis que você me obrigou a assistir e as músicas incríveis que me recomendou. Sou grato por termos acontecido. E por termos terminado também.

Porque, Ana, às vezes, a gente tem que terminar. Não para dar valor, mas para entender que tudo tem um prazo. Dois adolescentes que não entendem nada na vida, com certeza, têm um prazo. Eu sei que algumas pessoas dão certo juntas, mas a gente não. E você sabe disso. Você sente isso. Mesmo que tente negar com cada partícula do seu corpo, você sabe que isso nunca daria certo.

E tudo bem. Tudo bem porque a gente acabou aprendendo o que é o amor no meio do caminho e vai ser mais fácil de reconhecer quando a gente estiver de frente para ele de novo. A gente entendeu que, sim, relacionamentos estragam amizades e às vezes, você não tá apaixonado pelo seu melhor amigo, você só sente uma atração. E atração não sustenta o amor. A gente confundiu tudo porque a gente nunca tinha vivido nada parecido, nada tão intenso, nada tão avassalador para poder comparar. Agora que a gente viveu, a gente sabe.

Você sabe, Ana. Sabe porque falou disso em cada linha que escreveu sobre nós. Acho que você sempre soube porque isso tá impresso em cada palavra dos textos que escreveu enquanto a gente ainda estava junto. E isso é incrível. Você viu o nosso fim no nosso começo e mesmo assim se arriscou, se jogou de cabeça nessa relação, viveu e registrou cada pedacinho dos dias, desses tantos dias que passamos juntos e isso é incrível.

Por isso eu quero que você escreva seu livro. Se ainda tiver a proposta, se ainda estiver com vontade, escreva. Porque você precisa mostrar para o mundo que o amor se transforma. Porque você precisa demonstrar para o mundo o seu talento. Porque você precisa seguir em frente. E eu também.

Espero receber uma cópia autografada com uma linda dedicatória na minha casa quando lançar. Você sabe o endereço.

Escreva sobre nós, Ana.

E siga em frente.

Com todo o amor do mundo,

João Paulo. Jotapê.

---

Oláa! Tudo bem com vocês? Chegamos ao final definitivo dessa história, agradeço muito mais uma vez a todos que leram, fiquei muito feliz com cada votinho e comentário. Em breve trarei mais historias para o Wattpad e espero que acompanhem também <3 

Vocês podem me encontrar também no meu instagram: @fala.day. 

Todos os textos sobre nósOnde histórias criam vida. Descubra agora