- eu sinto que esperei uma vida inteira pra te ouvir me ameaçando...

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já são sete da noite quando o filme enfim acaba – eles esperam até os créditos terminarem de rolar, sentindo as bexigas berrando e o estômago roncando já que a pipoca acabou na primeira meia hora – e a multidão de sete amigos sai eufórica da sala já vazia.
eles gritam seus comentários por cima das outras conversas no meio do shopping, surtando com os mínimos efeitos especiais e como o plot twist do final foi realmente tão bom quanto prometeram. obviamente isso traz espaço para mais um pouco de risadas pra cima do coitado do seungkwan, que agora já pode falar para woozi e minghao todo o ódio que tinha do seu soulmate por ter destruído sua vida.
- não é tão ruim assim, kwan – minghao tenta, apesar de nem ele acreditar direito nisso – pelo menos o resto do filme continuou sendo incrível.
- é, foi mesmo.
- então vamos comer agora antes que eu desista de todos vocês.
o argumento de seokmin é particularmente bom, então o grupo acaba seguindo em mais gritaria até a praça de alimentação. é só quando chegam nas primeiras mesas que minghao - vendo o garoto alto que elogiara seus sapatos algumas semanas atrás - se lembra do que esquecera de contar aos amigos.
- gente, eu tinha uma coisa importante pra falar - começa, meio envergonhado, parando bem no meio do caminho.
- você pode contar na fila do mcdonald's, hao, credo – wozzi reclama, tentando continuar andando, mas hoshi o segura e aponta pras bochechas engraçadas do mais alto.
- é que a coisa que eu tenho pra contar já tá lá.
sem entender muito bem, os garotos olham ao redor a tempo de identifcar um rapaz ridiculamente bonito tentando, muito mal, encará-los disfarçadamente.
- esse é o... seu soulmate?
a conclusão parte de wonwoo, apesar de nem ele acreditar que isso possa acontecer de verdade. o chinês estava enrolando há tanto tempo para apresentar o garoto ao resto do grupo, ao mesmo tempo em que falava dele repetidamente todos os dias, que a ideia de "junhui" ser uma pessoa real começava a parecer quase absurda.
quando a confirmação tímida chega o grupo explode em uma empolgação que apenas melhores amigos de ensino médio conseguem ter às vezes.
não é só sobre finalmente conhecer o amor da vida todinha do seu amigo e sim conhecer a pessoa que conseguiu fazer xu minghao corar.
- certo, vão indo, eu preciso mesmo ir no banheiro – seungkwan implora, já começando a trançar as pernas – juro que alcanço vocês depois.
- seungkwan tem uma péssima noção de tempo, né?
o que é bem triste, ainda mais quando é justo hoshi quem diz isso, o garoto que sempre resolvia comer donuts no café da manhã antes da prova de química orgânica, mas não é como se ele pudesse fazer muito a respeito das suas necessidades fisiológicas além de sair correndo.


vernon chega no shopping as seis e cinquenta, pronto pra ouvir o maior sermão do mundo. não de jun, quem de fato deveria ficar irritado pelo seu atraso, mas sim de seungcheol por não apoiar o amigo como deveria.
fazer o que se ele é tão bom em ser melhor amigo dos outros, né?
- desculpa, desculpa, desculpa!
pede, ofegante, assim que encontra o grupo de amigos sentados em uma das mesas da praça de alimentação, tentando decidir onde comer.
é só aí que ele se dá conta que não tem absolutamente um único rosto ali que ele ainda não conheça.
o alívio inunda seus pulmões e agora ele pode voltar a respirar.
- então eu cheguei na hora?
- é, quase isso.
joshua está tentando passar de fase há quase uma hora e aquele jogo começa a tirá-lo do sério - assim como o restante dos garotos que acompanham todo o afinco do outro em matar o maldito chefão - então ninguém está prestando atenção o suficiente no baixinho suado para dedicar a ele alguma irritação.
e, logo, vernon é mais um a acompanhar o avanço do melhor amigo em um joguinho ruim que ninguém entende direito como jogar com os glitches repentinos.
é só quando eles se levantam para pedir batata frita no mcdonald's que, finalmente, o convidado ilustre chega.
e, pro completo choque de todo mundo ali, ele grita alma gêmea de wen junhui.
os dois parecem desconfortáveis demais para um abraço ou um beijo no rosto, então apenas acenam de longe e sorriem de canto, daquele jeito que você só faz quando encontra alguém que estava esperando por tempo demais.
é meio hipnotizante assisti-los conversando, assim tão perto um do outro. os dois são assustadoramente bonitos, compatíveis, perfeitos. se almas gêmeas tivesse uma única personificação, seria o casal na frente dos amigos.
- acho que o hansol estragou – dino sussurra pra joshua, apontando para os olhinhos brilhantes do nova iorquino – parece um filhotinho de cachorro.
o comentário tem um resultado imediato em cima do garoto, fazendo ele reclamar na mesma hora e começarem mais uma discussão sobre os olhinhos pidões do menor.
eventualmente as apresentações do novo grupo de amigos chega ao fim e a conversa ruma para a única coisa possível naquela situação: tatuagens.
e é tudo diversão e risadas até que hansol é questionado sobre a sua e, como o bom amigo que dino é, ele sequer dá tempo ao outro para começar alguma desculpa esquisita quando revela:
- a alma gêmea dele quer que ele morra.
- você sabe que eu te odeio, não sabe?
- é óbvio que eu sei!
o grupo explode em uma segunda sessão de gargalhadas, já começando a se cutucar e empurrar para dar uma espiadinha na cena do crime: o pulso branquelo de choi hansol.
ele mostra a frase ainda com as bochechas queimando, começando a achar que quem está no direito de destestar o soulmate aqui é única e exclusivamente ele.
- parece muito o tipo de coisa que o soulmate do seungkwan teria no braço - hoshi zomba, arrancando uma confirmação unânime entre os amigos.
- eu não ia ficar surpreso se ele realmente estivesse com alguma coisa assim tatuada.
- quem é seungkwan?
vernon questiona, tentando se lembrar do nome de todo mundo ali. e, por mais que não conseguisse tal proeza, podia afirmar sua absoluta quase certeza de não ter ouvido ninguém se apresentar assim até o momento.
- ah, é nosso outro amigo, ele foi no banheiro quando a sessão acabou – wonwoo continua, agora parando pra pensar em como isso já faz uns bons dez minutos – e acho que acabou se perdendo no caminho de volta.
- quão ruim é a tatuagem dele pra ele querer matar o soulmate?
seungcheol faz a perigosa pergunta, arrancando olhares incertos entre os outros garotos.
- bem... ele estragou meses de espera e teorias.
- na verdade as teorias dele eram péssimas, woozi – e ninguém pode discordar de minghao nessa – mas, é, ter tatuado no seu braço pelo resto da vida que o darth vader é o pai do luke é muita falta de sorte!
dá quase pra ouvir quando os meninos prendem as respirações todos de uma vez, olhando sem reação para um vernon ainda paralisado no lugar.
é só então que o mais alto começa a perceber que bomba tinha acabado de soltar.
- ai, droga, jun você tinha me dito que você assistiu o filme com seus amigos semana passada!
- eu assisti, mas o vernon não tinha ido.
bem, agora a merda já tinha ido parar no ventilador.
todo mundo esperava um grito de pura agonia, alguns palavrões, talvez até um ou outro soco na costela – e, sinceramente, jun não o impediria de bater no seu quase namorado por um motivo como esse (ele meio que levava suas experiências cinematográficas muito a sério também) - menos a frase meio gritada que se seguiu.
é trágico como o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro.
- como assim o darth vader é o pai do luke?!
levantando em um pulo da cadeira, vernon parece prestes a ter um colapso mental em pleno shopping, com seu mundo inteirinho caindo em caquinhos
é então que hoshi, também levantando em um pulo, grita o maior "puta merda" que aquela cidade já ouviu, olhando ao redor com um desespero icônico.
lentamente dk, minghao e woozi começam a entender o que o garoto procura e, quando finalmente encontram, já é tarde demais.
wonwoo até faz uma tentativa sutil de impedir o que sabe que vai se seguir, mas não é como se ele pudesse fazer muita coisa quando boo seungkwan é só uma sombra correndo pelas escadas.
ninguém entende muito bem o que está acontecendo quando um cara baixinho e bochechudo passa por eles, berrando a plenos pulmões:
- você é um homem morto!
assim mesmo, com ponto de exclamação no final.
a frase bate com tanta força em vernon que ele até perde o fôlego. mas, na verdade, é o fato de seungkwan ter pulado sobre si e o derrubado no chão que de fato faz todo o ar escapar dos seus pulmões.
o garoto aperta seu colarinho, sacudindo-o de um lado para o outro conforme grita mais alguns palavrões completamente indecifráveis e ameaça esganá-lo com suas próprias mãos, mesmo que isso pareça meio impossível quando comparam aqueles dedos gordinhos tão pequenos.
- o que você disse?
vernon pergunta, mesmo sabendo exatamente o que era. ele não precisaria ouvir a frase de novo. na verdade, o garoto acha que não precisaria ouvi-la uma vez sequer, porque só de olhar para seungkwan já sente sua barriga inteirinha se revirando.
- eu disse que você já era, tá acabado, mortinho da silva na minha mão!
e vernon não queria, ele jura por tudo que não queria, mas quando percebe já está caindo na gargalhada e segurando a cintura coberta pelo moletonzão folgado do garoto sentado sobre sua barriga, juntando seus lábios no selinho mais rápido e mal calculado da história dos primeiros beijos.
o boo trava, sem ter a menor ideia de que tipo de resposta deveria dar aquele tipo de idiota que estava encarando nesse segundo.
- que m-...
- você é igualzinho eu imaginei.
e seugkwan não queria, ele jura por tudo que não queria, mas não é muito fácil você ignorar como seu coração pode ficar acelerado quando tem um filhotinho de cachorro que parece o mais feliz do mundo inteirinho por finalmente te conhecer.
então ele deixa que o garoto dê outro beijinho na sua bochecha, abraçando-o até ele também cair meio desengonçado em pleno chão do shopping e olhar pras luzinhas piscando no teto.
- aliás, meu nome é choi hansol.
- eu ainda vou te matar, ok? - comenta, virando de lado para encontrar com o mesmo olhar ridiculamente brilhante – mesmo que talvez demore um pouquinho.
- combinado, então?
o americano estende seu mindinho pra ele, esperando selar a promessa.
seungkwan sequer entende o que aquilo significa – ou porque o mero ato de tocar seu dedinho no do outro garoto já começa a deixar seu corpo todo quente daquela forma – mas aceita da mesma forma, porque é meio difícil falar não para a intensidade daquele olhar.
- boo seungkwan.
- sabe, kwan, eu sinto que esperei uma vida inteira pra te ouvir me ameaçando.
e, mesmo que tenham sido alguns poucos meses, a sensação de eternidade abre um buraco gigantesco no peito do boo, como se sugasse absolutamente todas as lembranças ruins daquela tatuagem.
e agora, se negando a admitir no fundo da sua mente, a ideia de ter um soulmate como ele não parece mais a pior coisa do mundo.
- acho que você já pode ir se acostumando então, hansol.

o império contra-ataca; verkwanWhere stories live. Discover now