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Entre os pequenos buracos , deixados abertos na persiana , raios de luz passavam e direcionavam-se á pele branca da minha cara. Ao sentir o pouco calor que se concentrava nas bochechas , os meus olhos foram forçados a abrir. Pisco os mesmos várias vezes para que consiga adapta-los á claridade.

O quente que se tinha formado debaixo dos cobertores ao longo da noite, com o meu corpo coberto com o pijama ás riscas , foi libertado para o ar da pequena divisão , sendo que puxei os mesmos para trás para que pudesse pousar os pés no chão frio pertencente ao meu quarto.

 Dirigi-me para a divisão que se conectava ao meu quarto , a casa de banho. Assim que entro lá , dispo o pijama e meto-me dentro da , não tão grande , banheira. Abro a torneira do chuveiro , fazendo com que pequenas gotas a alta velocidade fossem disparadas para o meu corpo. Tomei um duche rápido.

Minutos depois , apesar de desejar estar mais tempo debaixo da água morna , saí da banheira , enquanto envolvia uma grande toalha azul no meu corpo e uma mais pequena e branca no meu cabelo. Voltei para o meu quarto , abri as portas do guarda-vestidos e escolhi uma sweatshirt e umas simples leggins. Depois de me secar e vestir , de pentear o cabelo e de calçar umas vans pretas , desci para a cozinha , que se encontrava vazia. É bom viver sozinho, mas por vezes , é meio solitário. 

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Abro as portas de vidro , dando-me acesso ao meu lugar preferido. É um simples café. Nem tão cheio nem tão vazio. Sento-me numa cadeira pertecente a uma das mesas vazias que lá havia , tiro um caderno e um pequeno estojo , onde dentro havia um lápis , uma caneta azul e uma borracha. Abro o caderno e dou uma revisão a todos os desenhos que já lá preenchiam algumas folhas.

Desenhar. Era esse o meu passatempo preferido.

Peguei no lápis e olhei em volta do café , tentando encontrar algo bom para estar numa das folhas brancas do caderno. Reparei num rapaz , ele estava numa das mesas encostadas á janela , atento ao que se passava lá fora. O seu cabelo era grande e um pouco encaracolado , vestia uma simples t-shirt branca , umas jeans e umas botas , velhas. Notei algumas tatuagens nos seus braços. 

Espero que ele não se vá embora em breve. Começei a rabiscar a folha , tentando ficar com um rascunho da silhueta daquele rapaz. Continuo a esfregar a ponta do carvão no papel branco , 'sujo' com as linhas das formas que aquele rapaz constituia , até que o empregado me interrompe , interessado no que eu ia querer. Depois de ouvir essa mesma pergunta , respondo , com um pequeno sorriso nos lábios , um copo de sumo de laranja natural e umas torradas. Quando o empregado saiu da minha mesa , direcionei o meu olhar para a mesa onde o rapaz dos caracóis estava e reparei que já lá não estava ninguém.

Charlotte || h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora