Minha vida mudava muito, a escola que agora se tornará minha maior preocupação exigia bastante do meu tempo, mas estava tudo bem, eu gostava daquilo. Mesmo que não admitisse, Godric, Helga e Salazar eram uma ótima companhia, meus amigos, sabíamos que formávamos um bom quarteto, por mais que precisasse repreendê-los uma vez ou outra por bobagens.
Quanto a Edgar, continuava mantendo contato por cartas. Geralmente estava em viagens, estudando alguma espécie de planta ou animal, ou conhecendo a cultura trouxa e bruxa ao redor do mundo. Até que certo dia uma carta chegou, mas com a letra diferente. Conhecia aquela letra muito bem, era do elfo doméstico da família Wind, da casa que eu morava com Edgar. Na carta dizia que ele havia contraído uma doença, por isso não estaria disposto para escrever uma carta por ele mesmo mas eu não devia me preocupar com aquilo. Como se eu conseguisse.
Estávamos quase em etapa final para a inauguração da escola, algumas semanas, três meses no máximo eu diria. Hogwarts seria uma escola realmente grande e incrível! Fazer tudo para assegurar que ela fosse assim levava tempo. Sabia que Helga, Salazar e Godric dariam conta sem mim, pelo menos por alguns dias, então escrevi uma carta a eles explicando a situação e voltei para a vila onde morei por tantos anos.
A casa estava silenciosa e vazia, algo não estava bem, não tinha a luz e toda a alegria que eu tanto adorava. Corri nas grandes escadarias até o quarto de Edgar e ao me aproximar ouvi sua tosse fraca, mesmo sendo falta de educação e não sendo comum de minha parte, entrei no quarto sem mais nem menos, minha preocupação falava mais alto.
Ao entrar naquele quarto grande e luxuoso que eu pouco frequentava me deparei com Edgar deitado na cama, com um aparência péssima. Parecia exausto, estava pálido. Corri até e me ajoelhei ao seu lado:
—Rowena? O que faz aqui? - ele disse tossindo, muito fraco, quase como um sussurro.
—Como você está? - falo preocupada, acariciando seu rosto.
—Eu ficarei bem em breve... Sente-se ao meu lado! - sua voz ia perdendo a força cada vez mais. Faço o que ele manda.
—Rowena eu preciso te contar uma coisa... - ele olhava em meus olhos.
—Você precisa descansar! - observo sua expressão cansada.
—Terei tempo para descansar, preciso que você me escute! - a frase ecoa em minha mente, apenas aceno com a cabeça.
—Ah minha jovem águia... - ele acariciava minhas mãos, usará o apelido que me deu na infância, talvez, só talvez lágrimas quisessem fugir de meus olhos - Você cresceu tanto! Está tão bonita! Tão independente! Ainda me lembro quando a encontrei naquela casa com aqueles olhinhos curiosos... - o homem deu um pequeno sorriso - Sabe Rowena, acho que chegou a hora de eu te contar uma história, é agora ou nunca! - ele falou com a voz muito fraca.
—Bom, eu vivi desde sempre nessa vila. E na minha infância eu sempre fui muito solitário. Um garoto baixinho e gordinho, muito tímido, eu nunca tive muitos amigos. Mas é claro que havia outros garotos na vila, geralmente mais altos e com uma aparência heróica. O tipo de garoto que eu gostaria de ser. Eles viviam aventuras, brincavam, mas minha timidez nunca me permitiu me aproximar muito, geralmente ficava os observando de trás de uma árvore. Eles não me notavam, ou melhor, me ignoravam, até que certo dia, um garoto mais velho que eu, devia ter uns 15 enquanto eu tinha 8, em momento de tédio decidiu ser maldoso comigo, começou com apelidos que me machucavam um pouco, depois partiu pra agressão física. Quando então apareceu meu herói. Um garotinho não muito mais velho que eu, mas era mais alto e mais forte. Não tolerou me ver naquela situação, mesmo que não fossemos amigos até aquele momento. Seria irreal pensar que ele venceria um garoto mais velho e sua gangue mas, ele tentou. No final nós dois acabamos com hematomas e caídos no chão mas rindo. Então nos tornamos amigos, melhores amigos. Aquele garotinho era seu pai Rowena! Ele foi o melhor amigo que eu já tive em minha vida! Nós fazíamos tudo juntos, crescemos juntos. Seu pai era simplesmente um galã, lembro que apaixonava a todas as garotas, não só a elas na verdade. Até que chegou um dia em que ele foi embora. Senti meu coração se partir. Mas nós trocávamos cartas, ele me contava das aventuras que vivia, até que chegou uma carta que dizia que ele havia se casado. Rowena, eu nunca mais respondi as cartas de seu pai depois disso! Eu sou um monstro! Por que eu fiz isso? Aí ele parou de me mandar cartas por um tempo, até que mandou uma após uns anos, ele parecia tão alegre naquela carta. Ele tinha me falado que sua mulher tinha dado a luz a uma criança. Rowena, naquele dia eu a amaldiçoei, sem a conhecer, a você e a sua mãe! Eu tinha meu coração partido! Era apaixonado pelo seu pai, sempre fui! Por favor me perdoe! Eu estava com meu coração partido! - Ele chorava, e acho que eu também, então me puxou para um abraço, suas mãos estavam trêmulas.
—É claro que eu o perdoo Edgar! Sem pensar duas vezes! - olhava para ele tentando o tranquilizar e absorver tudo aquilo.
—Ah minha jovem águia! - ele falou com a voz muito fraca - quando descobri a morte dos seus pais... Eu... Eu vi o meu erro... Vi que tinha uma criança órfã precisando de ajuda, uma criança inocente que eu tinha dado ódio gratuito apenas por existir. Eu precisava ir atrás, então procurei por anos, até achar a menininha um pouco pequena e muito magra pra idade, olhos muito curiosos e cabelos tão negros como a noite. Bom, foi a melhor escolha que eu fiz em minha vida, sem dúvidas. Rowena, desde que você chegou em minha vida só me trouxe alegria! Eu a amo tanto! É mais que minha filha! Não sei o que faria sem você minha doce menina! Só quero que você seja feliz... - e então ele parou de falar. Olhei para seu rosto parado, já não respirava.
—Não Edgar!!! Por favor... Você não pode me deixar!!! Edgar eu te imploro! Por favor fique!!! Não!!!! - Falo quase sem voz desabando em lágrimas enquanto o abraçava com toda a minha força - NÃOOOOOOOO!!!! - Grito com toda a dor que eu sentia.
•••
Voltaria para Hogwarts naquela tarde, quase uma semana depois. Ainda não estava bem, como estaria? Mas minha volta era necessária, eu precisava ser forte.
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Hogwarts: O conto dos quatro bruxos
Fanfiction•Em andamento Hogwarts, para os Potterheads a escola mais amada e desejada. Todos sabemos que foi fundada pelos quatro maiores bruxos da época: Godric Gryffindor, Helga Hufflepuff, Rowena Ravenclaw e Salazar Slytherin. Os nomes e informações gerais...