Nossa Lua

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O olhar surpreso de Trent e Milner quando Robbo finalmente os encontrou na cafeteria contou para ele tudo que ele queria saber.
-Isso é algum tipo de conspiração? -Ele disse se jogando na cadeira ao lado de Trent. Milner fez menção a responder mas Robbo ergueu um dedo. -Pergunta retórica. Eu sei que é. Eu só não sei porquê.
Mais uma vez Milner abriu a boca mas Robbo o interrompeu.
-Não foi uma pergunta. Eu não estou falando com vocês. -Ele apertou as têmporas com a ponta dos dedos. -Eu só estou desabafando com vocês ao invés das paredes mas eu não quero um pio.
Um silêncio se seguiu e Robbo conseguia se sentir voltando àquele momento com Virgil minutos atrás mas é óbvio que ele não teria nenhuma paz.
-Pio. -Trent sussurrou.
-Eu vou te matar e te esconder embaixo da arquibancada de Anfield e pelo resto dos seus dias de morto você vai me ver dando assistência em cima de assistência E VOCÊ NÃO VAI PODER FAZER NADA POIS VAI ESTAR MORTO!
Trent apenas riu e Robertson se sentiu ainda mais irritado.
-Mesmo se você começar hoje, e der assistências até seu último suspiro de vida, você não vai alcançar meus números.
Robertson olhou abismado para Milner que apenas levantou as mãos como quem diz "você que criou esse monstrinho".
-Eu estou cansado de vocês e de ficar me sentindo encurralado. -Robertson disse se levantando. Ele agarrou a lata de refrigerante que Trent estava segurando e rumou para fora da cafeteria. -E eu não estou falando sobre o maldito buraco ou essa tempestade.

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Andrew preferiu se manter andando por áreas menos usadas, com medo de ter mais algum encontro inesperado. Enquanto caminhava não conseguia tirar a imagem de Virgil deitado sob a banqueta de supino, a respiração curta e o corpo retesado...
Andrew Robertson, seu grandessíssimo filho da puta, você tem que se controlar, você não tem 12 anos mais.
Mas era tarde demais. Todas aqueles sentimentos que ele tinha deixado fechado à sete chaves desde o dia da final da champions agora vinham como uma avalanche tomando conta de seu corpo e sua mente. Estava sobrecarregado e, honestamente, um pouco excitado?
Era só que me faltava.
Andrew continuou andando pelos corredores do CT. Por vezes ouvia risadas que eram carregadas pelos corredores vazios até ele, no mais, estava sozinho.
Ficava claro para ele agora que, de alguma forma, Trent sabia ao menos em parte sobre o que tinha acontecido.
Será que sempre soube? Robbo sabia que Milner não teria contado para ninguém mas a verdade é que o próprio Andrew nunca tinha conseguido esconder nada do melhor amigo.
A verdade é que Trent provavelmente sabe a mais tempo que eu. Ele riu dessa ideia. Mas logo sentiu um calafrio correndo sua espinha. Quem mais sabe?
Continuou andando, a cabeça em outro lugar enquanto os pés o levavam cada vez mais longe. Foi só quando ouviu o som de vozes se aproximando que ele voltou sua atenção para o aqui e agora.
Ouviu a risada um pouco bebada de Gomez, então alguém com sotaque carregado disse alguma coisa e mais risadas se seguiram.
Ele reconheceria aquela voz e aquele sotaque até debaixo d'água.
Virgil vinha com Gomez e Curtis em sua direção, e rápido.
Desesperado, Andrew entrou na primeira porta que encontrou a sua esquerda. Era um quarto escuro que ele não conhecia. Com o ouvido colado a porta e o coração batendo contra o peito, ele ficou escutando enquanto os três colegas, dois deles claramente trôpegos, continuavam pelo corredor.
Ficou mais uns segundos assim, apoiado contra a porta com a respiração entrecortada.
-Sabe Robbo. -Uma voz disse detrás dele. -Esse quarto já está ocupado.
Andrew se virou desesperado para a fonte daquela voz, e num movimento finalmente acendeu a luz.
Tinha se escondido num armazém de equipamentos esportivos. O espaço não era grande mas também não era pequeno. Contra uma prateleira onde um amontoado de camisas e bolas se empilhavam, Robertson pode ver duas figuras, ambas sem camisa e uma apenas de cueca. Estavam perigosamente perto uma da outra.
Jordan Henderson e Adam Lallana o encaravam com grandes sorrisos nos rostos.
-AH, MEU DEUS! -EU NÃO VI NADA EU JURO! -Robertson gritou tapando os olhos. Então se sentiu muito estupido por ter feito isso e, sentindo o rosto queimar como o próprio inferno, se permitiu olhar mais uma vez.
Os dois homens ainda estavam sorrindo, mas agora Robbo conseguiu ver que Lallana estava procurando pela própria camisa.
-NÃO! -Robertson se pegou gritando mais uma vez. -N-não parem... por minha... por minha causa. Eu já estou de saída.
Robertson ainda conseguiu se confundir com a maçaneta, as mãos tremendo, mas eventualmente conseguiu sair do armazém. Antes da porta se fechar mais uma vez, no entanto, Robertson conseguiu ouvir a voz de Henderson vindo de dentro.
-Você devia procurar algo para fazer também, Robbo. Eu fiquei sabendo que tem uma pessoa te procurando...
Ele se afastou do armazém assustado mas antes que pudesse estar longe o suficiente, ele ouviu sons que o traumatizariam pelo resto da vida. Gemidos.

Boys don't cryOnde histórias criam vida. Descubra agora