Capítulo Um

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Phoenix

O Palácio pertencente à Família Elite nortista poderia ser definido por muitas palavras, no entanto, uma delas era perfeita para descrever sua estrutura: Magnificência
    As paredes brancas, marcadas por detalhes banhados em ouro puro, os enormes jardins repletos das mais belas flores e a realidade vivida na parte de dentro do castelo faziam jus a palavra. Há anos o poder jazia sob o domínio da família Deveraux, poder esse herdado por seus ancestrais desde a fundação da segunda Elorium. A regência da rainha Ástra e do rei Matias era impecável, um governo onde o poder e a soberania antecedem tudo. — Inclusive os sentimentos de seus próprios reis. 
 Astrid nascera em meio a isto, presenciara a relação fria de seus pais e herdara um coração ainda mais distante de afetos que seu próprio reino, a princesa herdeira de Phoenix tinha ciência de suas obrigações, mas vez ou outra era vencida por seu lado impulsivo e curioso, desconfiava que, se seus inimigos não a matassem, um dia sua curiosidade o faria. 

— Você está bem? — Questionou baixo, sendo desperta de seus pensamentos ao notar o nervosismo da criada com o alfinete em uma das mãos, notou que o objeto pontiagudo dançava a medida que a mulher ousava aproxima-lo de seu vestido. 

Estava nervosa, era sempre assim quando elas chegavam ao castelo. A mulher de pequena estatura levantou seu olhar para a princesa, Astrid podia jurar que a cor em seu rosto desapareceu. A criada negou repetidamente com a cabeça, voltando a olhar para o tecido. 

 — Não vou brigar com você... — Deixou no ar esperando que ela dissesse seu nome, com a voz trêmula a mulher o fez. 

 — Felipa, alteza. 

 A princesa assentiu, podia sentir sobre às duas o olhar atento das demais criadas, o que piorava ainda mais a situação para a recém-chegada. 

— Não vou brigar com você, Felipa. Mas precisa se acalmar se não quiser que o vestido do desfile seja marcado com o meu sangue. — A mulher arregalou levemente os olhos e Astrid entendeu que talvez não tivesse soado tão gentil quanto pretendia. 

 — Astrid? 

 Ergueu os olhos a tempo de ver sua mãe surgindo pela porta de seu quarto, não prestou atenção no que fora feito ao seu redor, mas tinha certeza que em questão de segundos todas as mulheres que a preparavam haviam se curvado em reverência a rainha. Ástra possuía esse poder sem precisar fazer muito esforço. 

 — O que houve, mãe? 

 Questionou, temendo que a morte que havia se livrado na noite anterior tivesse vindo busca-la agora. Apesar do pânico interno, torceu para que sua mãe só quisesse saber como estavam os preparativos para o aniversário de Elorium, rainha zelosa que era, não gostaria que nada saísse dos eixos e prejudicasse a imagem de perfeição, tanto de sua família, quanto de Phoenix. 

 Ah, se ela soubesse que sua própria filha esteve a ponto de fazer justamente isso por uma imprudência... 

 — Vim ver como andam as coisas. 

 Ástra respondeu, e a princesa soltou um suspiro de alívio, este passou despercebido por sua mãe que nesse momento lançava um olhar pelas mulheres que haviam voltado ao seu trabalho, parando brevemente em quem ela lembrou ser Felipa. Nunca entendeu por que as criadas dificilmente duravam no palácio, pela feição de sua mãe, a novata logo seguiria pelo mesmo caminho que as que a antecederam. 

 — Está tudo indo bem, mãe. Meu vestido está quase pronto, tenho certeza que estará impecável para o desfile. 

 Astrid assegurou. Sabia o quanto aquele evento significava, e o quanto sua mãe se importava com ele. Em todo aniversário de Elorium, como que em uma cadeia sucessiva um dos reinos sediava a festa. Um desfile marcava a aparição das Famílias Elite nas ruas do local determinado, seguindo a tradição de manter contato com os súditos que os seguiam até lá, e com os moradores do lugar onde acontecia. Este ano, seguindo a ordem, o evento aconteceria no reino da cura, Magnum. O ano que antecedera havia sido em Phoenix, e só Astrid sabia o quanto sofrera com a correria para os preparativos. A verdade era que todo desfile escondia o que realmente os reis e rainhas faziam: uma terrível disputa por debaixo dos panos, pela admiração do povo e pelo reconhecimento como destaque. Mas como isso nunca seria assumido com tanta verdade, eles preferiam definir tanta motivação como um grande desejo de honrar seu reino da melhor maneira possível. 

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