Num raio de luz

76 9 0
                                    

Escrevo em meu diário, e o fecho, mas não antes de fazer um pequeno rascunho do rosto de Lipe. Hoje fazia 7 anos que eu não o via , ou sequer tinha noticias dele desde que foi adotado no raio de luz! Será que ele se lembrava de mim? Do que me prometeu? 

⎯ Mili! Mili!

Sou tirada de meus devaneios pelos gritos de Taty, uma jovem morena, e baixinha, com cabelos encaracolados e sorriso brilhante, que me chama incansavelmente pelo nome enquanto gira rodopiando seu lindo uniforme negro, com traços de um dourado cintilante para a noite de festa!  Drogas... a noite de festa! 

⎯ A Tia Sophie nós quer lá embaixo em 15 minutos, ela quer que você esteja pronta! – diz alegremente, a pequena não tirava o sorriso do rosto, mesmo já compreendendo toda a sua historia e sabendo que já tinha sofrido bem  mais que todas nós e sua irmã Vivi. 

⎯ Obrigado Taty, eu vou logo, só irei terminar o vestido!

Ela concorda, e sai do quarto. Fecho meu caderno, e o guardo num canto secreto da estante. Próximo a uma cama ainda vaga do meu dormitório. Todos dormiam em duplas no raio de luz, e eu fiquei sozinha por um dormitório ser maior e ter três camas no lugar de dois. 

Bia e Ana ficavam com o quarto B. Cris, vivi e taty o C, e eu no A, sozinha até que alguém chegasse e me fizesse companhia.  

Chego perto de minha cama, e observo o vestido, enquanto pego um pedaço de tecido brilhoso, e vejo o que fazer com ele. A peça de roupa diferente de taty era branca, com as pontas feitas em fios prateados. Visto o vestido, e deslizo a fita sobre a minha cintura, onde ela cai criando o mais lindo detalhe! Solto meu cabelo ondulado, mas logo o prendo num rabo de cavalo alto. Finalizo, passando um delineador preto, e um gloss que deixa meus lábios rosados! Nos braços sem manga, coloco dois braceletes que caem como luva acompanhada pelo lindo vestido. 

Me olho no espelho, e me acho linda, mas falta algo... Olho minha caixinha de joias e encontro uma pulseira e brincos que combinariam perfeitamente com meu visual, entretanto, não coloco em seus locais tradicionais, a remonto como uma pequena tiara que dá um detalhe no meu rabo de cavalo. Mantenho meus brincos pequenos, e estou pronta!

Desço as escadas de maneira lenta e graciosa, surpreendo todos os outros membros do orfanato:  

⎯ Nossa Mili, você está linda! – Ana comenta, e Cris concorda!

⎯ Deve estar se vestindo assim para a chegada dos meninos. A sonsa mili de sonsa não tem nada!– Ataca Bia

⎯ Meninos? - Questiono surpresa. Meninos não eram aceitos no orfanato a mais de cinco anos, o que os levaria a ter mudado essa regra? 

Raio de LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora