BÔNUS

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      A neve caia sobre as casas e árvores do país, famílias se reuniam em frente a chaleira enquanto bebiam chocolate quente e conversavam dos micos que já cometeram

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      A neve caia sobre as casas e árvores do país, famílias se reuniam em frente a chaleira enquanto bebiam chocolate quente e conversavam dos micos que já cometeram.

A filha mais nova da família Kim brincava com seu irmão enquanto eram vigiados por seus pais.

Enquanto corria, acabou tropeçando e caindo de cara na neve fria e fofinha.

Sentiu pequenas mãos com luvas pretas agarrarem seus ombros pequenos e a ajudar a levantar.

— Se machucou? – o garotinho perguntou enquanto observava as bochechas redondinhas da irmã ficarem vermelhas por conta do frio, assim como a ponta de seu nariz

— Não... – respondeu chorosa e fungou esfregando a mãozinha sobre seu nariz

— Já falei para tomar cuidado enquanto brinca no parquinho, não quero que se machuque! – o mais velho dos dois exclamou como se tivesse muita responsabilidade, mas tinha apenas oito anos e sua irmã estava preste a fazer seis

— Desculpa tato – pediu quando segurou a mão do mais velho e se levantou

— Não precisa pedir desculpa, só tome mais cuidado... – a mais nova concordou e então sentiu seu nariz ser apertado de leve pelo irmão, uma forma carinhosa que ele adquiriu depois de dar uma "bronca" na mais nova

Olhando em volta, os dois perceberam que seus pais já não estavam mais lá. Pensando que eles tinham apenas ido na frente, o moreno agarrou a mão da irmã e começou a caminhar para fora do parque escutando reclamações da mais nova.

— Tato, eu não quero ir agora... vamos ficar mais um pouquinho... – fez voz manhosa enquanto jogava seu peso para trás

— Não! Mamãe e papai já foram, temos que voltar antes de escurecer. – ele não gostava de dizer não a sua irmã, como irmão mais velho ele sempre prezava pela segurança da mesma, sempre a colocando em primeiro lugar

Muitas pessoas o elogiavam por cuidar tão bem da caçula, e ele gostava de receber tanta atenção por apenas segurar na mão da pequena e a levar onde ele for.

Desde que ela nascera ele se apaixonou pela mesma, claro que ele sempre quis um irmãozinho, e antes de dormir ele sempre perguntava para seus pais e até mesmo para Deus o porquê de não terem dado um irmãozinho a ele.

Mamãe, porque ela não é meu irmãozinho?

Por que Deus deu uma irmãzinha para você cuidar!

Mas eu não poderia cuidar de um irmãozinho?

Claro que sim, mas não somos nós que escolhemos se queremos uma menininha ou um menininho.

E quem é que escolhe?

Deus meu amor!

Mas se Deus pode fazer isso, ele com certeza sabia que eu queria um irmãozinho, mas mesmo assim mandou uma menina. Como vou ensinar futebol pra ela mamãe?

Você pode ensinar muitas coisas a ela meu anjo, mesmo ela sendo uma menininha, ela pode jogar futebol!

Sério?

E foi o que ele fez.

Não apenas futebol, mas também ensinou vários outros jogos e até brincou de boneca com ela, não se importando com os comentários de seus colegas.

Por um momento ele acabou se distraindo e rapidamente ela se soltou dele e começou a correr.

— JENNIE! – ele gritou apavorado indo atrás da mesma

Enquanto ele seguia a mesma que já parava por conta da exaustão, escutou um barulho de tiro e muitos gritos.

Logo depois o barulho da sirene de uma ambulância pôde ser ouvido, ele tapou seus ouvidos não querendo escutar o barulho que ele mais odiava.

Ele odiava o barulho que a ambulância fazia porque traziam memórias ruins pra ele.

Papai, papai, a Nini não está acordando!

— O quê aconteceu? – seu pai perguntou enquanto eles iam até o quarto das crianças

o sei, estávamos brincando de mimica quando ela caiu no chão, pensei que fosse parte da brincadeira mas ela não queria mais levantar.

Ah meu Deus. – quando chegaram até o quarto, o mais velho viu o corpo de sua filha caído no chão — Vá até sua mãe e fale pra ela ligar para a ambulância, rápido!

• • •

— Mamãe, porque minha irmãzinha não quer acordar? O que ela têm? Por que você e o papai estão chorando? – o garotinho perguntou enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto — Mamãe, eu não gosto do barulho da ambulância!

Calma meu amor, vai ficar tudo bem, vai ficar tudo bem! – limpou as lágrimas dele e o pegou no colo — A ambulância ajuda as pessoas que ficam dodói!

Mas eu não quero que ela fique dodói!

Depois daquele dia fatídico, ele percebeu que sua irmã precisava de mais atenção dos pais porque ela tinha um problema respiratório. Ele não achou ruim, pelo contrário, ficou mais atencioso em relação a ela e se tornou um irmão ainda mais coruja.

Ele parou de jogar futebol frequentemente como eles faziam antes, ficava no pé dela quando ela resolvia correr demais e sempre estava em cima para a proteger.

Depois de alcançar sua irmã, eles foram para casa rapidamente.

Chegando em sua rua, ao longe ele avistou várias pessoas e o carro da ambulância parado em frente a sua casa.

Desesperado e com medo, ele correu ainda segurando a mão de sua irmã e só parou quando conseguiu chegar a sua casa.

A cena o deixou arrasado.

Ele viu sangue.

Sangue nas paredes e no chão de sua casa.

Ele também viu uma faca suja de sangue.

Não querendo que a irmã visse a cena, ele a sentou no chão e deu qualquer coisa pra ela brincar.

Passando por baixo da fita amarela em um momento de distração de todos, ele entrou na casa e seu mundo caiu.

Seu pai estava com um tiro na cabeça caido perto da ilha da cozinha; sua mãe estava com vários cortes e com um mais fundo no meio da coluna, ela também estava perto da ilha da cozinha, ambos estavam mortos lado a lado com uma das mãos entrelaçadas.

Ele estava tão absorto que não escutou quando os bombeiros e médicos entraram na casa.

Fora carregado a força para fora enquanto gritava e soluços rasgavam sua garganta.

Assim que puseram ele no chão o mesmo tentou correr para dentro da casa novamente, mas foi parado não pelos bombeiros, polícias ou médicos, mas sim pela voz de sua irmã.

Sua consciência pareceu voltar e quando ele virou para trás ele viu um homem de terno que aparentava ter a idade de seu pai e um garoto muito bem agasalhado, talvez um ano mais velho que si.

Quando ele resolveu dar um passo sua irmã fora agarrada pelo homem e outro cara o pegou no colo.

Jennie o gritava com os bracinhos estendidos enquanto ele ia na direção oposta da dela, gritando e com um braço estendido em sua direção.

— JENNIE! – a última coisa que ele viu antes de ser levado a uma família nova foi o rosto de sua irmã chorando e o garoto junto ao homem que estava com ele.

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