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Estava acontecendo outra vez

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Estava acontecendo outra vez.

Mais uma vez estava tendo uma crise de ansiedade do nada.

Enquanto segurava o choro a todo custo para não ter que dar explicação, escutava meu professor de geografia falar sobre os três tipos de tráficos.

— Sra Sara – ele chamou a atenção da garota que estava virada para trás conversando — Poderia nos dizer quais são os três tipos de tráficos já que a sra sabe do assunto por estar conversando...

A garota de cabelos claro sorriu e assentiu de forma convencida.

— Claro professor! – revirei os olhos por escutar o timbre de sua voz nojenta — Temos o tráfico de  drogas, tráfico de armas e tráfico de pessoas.

Professor Isaac assentiu voltando a olhar para a lousa e a dar atenção aos demais alunos, enquanto Sara voltou a conversar com suas amigas rindo por ter respondido tudo certinho.

Revirei os olhos de novo em menos de dez minutos sentindo toda a escuridão me preencher novamente.

— Temos esses três tipos de tráficos sendo o mais praticado o tráfico de drogas – ele começou a falar e eu deitei a cabeça sobre minha carteira — Em alguns países a cannabis, que é a droga mais utilizada entre os jovens, já foi legalizada, sendo administrada pelo governo...

Senti meus olhos pesarem e, mesmo geografia sendo minha matéria favorita não aguentei, tive que dormir para compensar a noite anterior em que fiquei acordada.

(...)

Estava na aula de química quando novamente uma imensa vontade de chorar me preencheu, coloquei meus dedos sobre meus olhos para tentar evitar, mas foi em vão.

Pessoas mais velhas ou pessoas sábias, diriam para eu conversar com alguém, o caso é que eu não tenho ninguém para conversar. Sou uma garota de apenas 21 anos que mora na parte mais pobre do Brooklyn, que apanha em casa, tem pais viciados e que também é viciada, que não tem direitos, pois a sociedade ou seja lá quem, condena quem não tem uma renda boa; resumindo, eu sou só mais uma fodida entre muitos por aí.

Depois de chorar baixinho e pensar em minha vida, pedi para a professora se eu poderia ir ao banheiro, vendo meu estado ela permitiu e eu sai da sala de cabeça baixa sendo observada pelos olhares julgadores de meus colegas.

Estava andando – ou quase correndo – quando meu corpo se chocou com outro mais alto e um pouco magro, dei alguns passos para trás por conta da batida e olhei para cima, encontrando os olhos escuros de um garoto qualquer.

Após perceber que estava o  encarando demais, me desculpei e segui adiante. Fui até os fundos do colégio onde chamamos de quadrinha e subi em cima de uma mureta, apoiei minhas mãos no portão e coloquei um pé no buraco que ficava o cadeado, dei impulso e cai do outro lado, mais especificamente em um beco.

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