Capítulo V - Socos e Beijos.

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​Terminamos o trabalho por volta das 20h. A contar que a sua mãe tivesse se esquecido do aviso prévio que ela deu pela manhã, Miriane já havia ligado para mãe há algum tempo lembrando que estava em minha casa e  que ficaria mais algum tempo.

​Como disse, o trabalho já estava pronto e não era uma empresa sobre beijos, até porque depois do ocorrido eu queria que os meus beijos fossem exclusivamente dela. Depois do beijo Miriane agiu como se nada tivesse acontecido e limitou-se a falar sobre o trabalho sem mais brincadeiras, talvez foi insignificante para ela, mas ela me beijou tanto quanto eu a beijei, a única coisa que me tornava culpado era a iniciativa.

​Havia eu ido ao quarto de banho e quando voltei abri a porta do escritório bem devagar sem fazer qualquer barulho, Miriane estava de costas, apesar disso consegui notar que ela tinha os dedos sobre os lábios, como se ainda tivesse a sentir o beijo, mas ao ver-me endireitou-se depressa.

​- Tu sabes que eu tenho namorado? – Perguntou repentinamente.

​- Sim, sei. – Respondi.

​- E por que motivo me beijaste? – Se bem que nos beijamos.

​- Porque eu... Porque eu estou... Foi só uma brincadeira. – Não tive coragem de dizer o real motivo.

​- Vais ter que contar tudo para ele. – Afirmou.

​- O quê? Como assim? – Estava eu totalmente embaraçado.

​- Falamos quando tiveres contado tudo para o Hélder. – Pegou nas suas coisas e começou a caminhar até a saída. Notei que era sério quando a ouvi a despedir-se dos meus pais na sala, fui atrás dela rapidamente para abrir a porta pelo menos, não seria muito bonito se ela se fosse embora sem a pessoa que a convidou por perto.

​- Como é que se diz a alguém que beijaste a namorada dele? – Perguntei antes que ela atravessasse a rua, mas não obtive resposta.

​Entrei em casa e fui direito para o meu quarto, onde estava William, ansioso para saber das novidades.

​- E então? – Perguntou.

​- Beijei-a. – Respondi.

​- Isso é fantástico! Era suposto estares feliz com isso, não? – Perguntou ao notar a minha frustração.

​- Ela pediu para eu contar tudo ao namorado dela. – Disse enquanto me atirava na cama.

​- Isso não faz sentido, só por um beijinho. Eu já fiz coisas bem piores com meninas que também têm namorado.

​- Já deu para notar que ela não é uma qualquer como as meninas que ficam contigo. – Disse eu de maneira ofensiva.

​- Pelo menos eu fico com meninas, além disso, a partir do momento em que ela aceita um beijo de outro se torna igual às outras. – Contra atacou

​- Olha a língua rapaz, onde é que queres chegar? - Foi a última coisa dita.

​Depois de bastante tempo de silêncio notei que William havia adormecido, estava arrependido por o ter tratado de tal forma e tudo por causa de uma miúda, pensava também em como encarar Hélder no dia seguinte, tantos pensamentos que acabei por adormecer também.

​Durante o sono tive um sonho muito estranho que refletia a minha situação, a cena do beijo estava a se repetir e quando dava por mim, já não era Miriane, mas sim Hélder no lugar, foi assim vezes e vezes, até o meu despertador tocar e me salvar.

​A minha sexta-feira começou às 6 horas em ponto, levantei-me, preparei-me e fui à mesa para comer como sempre, comigo estava William como em todas as manhãs, o clima estava ainda pesado entre nós, fruto do pequeno desentendimento que tivemos à noite, como mais velho decidi dar iniciativa e também porque o errado era eu.   

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