Capítulo XXII - Tudo em pratos limpos.

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            Antes da minha resposta houve um tempo de silêncio, foram apenas segundos, mas pareceu muito mais. Ninguém disse nada durante aqueles segundos, ainda assim a comunicação não parou, expressões faciais me fizeram perceber que ambas estavam ansiosas para ouvir o que eu falaria, notei também que Miriane estava confiante que a resposta seria do seu agrado.

            - Esquece Miriane, eu segui em frente, então tu também podes. – Respondi quebrando a expectativa delas.

            Depois daquilo Miriane não forçou mais, ela não desistiu propriamente, mas parou de insistir. Naquele dia o objectivo principal era estudar, o que acabou por não acontecer, uma vez que depois de tudo aquilo acabou por se fazer tarde e tivemos que voltar para casa.

            No resto daquele dia a minha cabeça continuou cheia, tudo aquilo que Miriane falou para mim ficou preso lá dentro, se bem que eu preferia que tivesse saído pelo outro lado. Havia ainda o conflito com a Isabel que eu estava a evitar e eu e Hélder ainda tínhamos uma palavra a trocar visto que foi Miriane a acabar e não ele.

            Era muita coisa por resolver, mas naquele momento eu tinha que me concentrar na escola, pois a semana que se seguia era a semana das provas finais. Então prometi para mim mesmo que deixaria aquilo tudo de lado durante a semana, mas que depois disso resolveria cada problema, um por um e sem deixar pontas soltas.

            Durante o resto do final de semana fiz maratonas de estudos. Fiquei satisfeito, pois descobri que grande parte das matérias eu já tinha domínio, mas ainda haviam algumas que tive que me dedicar bastante para apreender. No final o balanço foi positivo, faltava apenas aquele reforço no dia de cada prova.

            Manhã de segunda-feira, me levantei bem cedo para não correr riscos de atrasar. Assim que abri a porta de casa Miriane estava a chegar também, então ninguém teve que esperar ninguém. Fomos para escola sem tensão nenhuma, as coisas entre nós estavam totalmente normais, apesar do ocorrido no sábado. Não fingimos que nada aconteceu, mas também não tocamos no assunto. Era bom ver que aquilo não abalou a nossa amizade, uma vez que o medo de ver a nossa amizade destruída foi das coisas que mais me impediu de falar a Miriane sobre os meus sentimentos.

            Chegamos à escola e nos juntamos a Júlia que estava bem esquisita, sem vida para ser mais específico. Parecia que ela fora atropelada no caminho para escola, o que era impossível já que a mãe dela é que a levou até lá.

            - Tás horrível. O quê que aconteceu contigo? – Perguntou Miriane sem voltas.

            - Não dormi, passei a noite toda a estudar.

            - Isso justifica as olheiras. – Disse eu.

            - E a cara de sono. – Acrescentou Miriane.

            - Tanta preparação, até parece que não és a aluno com média mais alta da turma. – Disse eu convicto que o esforço de Júlia era desnecessário.

            - Tanta preparação e ainda assim vou ter maior nota que tu. – Miriane estava só a provocar, mas definitivamente se havia alguém na turma capaz de tirar notas mais altas que as da Júlia, era Miriane.

            - Então vamos fazer uma aposta os três. – Júlia adorava um bom desafio.

            - Mas eu não tenho nada a ver com isso. – Tentei abster-me do que Júlia estava prestes a dizer, mas ela nem se quer me ouviu.

            - O que tiver as notas mais altas terá direito a obrigar os outros dois a fazer alguma coisa, qualquer coisa. – Propôs ela.

            - Fechado! – Miriane empolgado concordou sem pestanejar e eu acabei arrastado para aquilo.

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