02. Maybe I am just a fool.

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park jimin. 

seul, 1993. 

O trem partiria em menos de cinco minutos para Busan, o ticket recém rasgado ainda estava em minhas mãos, seria uma longa viagem e eu não estava nem um pouco entusiasmado. 

Deixar Seul para trás tinha suas desvantagens, o mercado todo estava ali, mas eu precisava voltar para casa. Não havia avisado minha família que estava voltando, a decepção seria grande até por telefone, então foi preferível arrancar o band-aid logo de uma vez chegando de surpresa. 

Jihyo, com sorte, ficará feliz em me ver, e era isso que eu precisava manter em mente. 

O clima congelante arrepiava os pelos finos do meu braço, mesmo coberto por um casaco pesado de algodão, e o vento que ainda saia de não sei aonde insistia em bagunçar meus cabelos, agora retocados. Jackson, meu colega de quarto e apartamento, implorou para que eu o deixasse cuidar do meu ninho de tamanduá, palavras dele, não minhas, antes de sair de sua vida, dramaticamente, para sempre.

A vista do lado de fora da estação de Seul era tranquila e serena, dava para perceber o vento casto passando pelas folhagens das arvores e levando para longe alguns, inconvenientes, papéis que estavam pelo chão. Mal notei quando alguém sentou-se ao meu lado, mas não dei a minima, estava cansado demais para tentar ser simpático. 

Não carregava nada além de duas mochilas, o que me poupou de todo o estresse que seria empacotar as coisas para a mudança. Sei que Jackson enfiou alguma malandragem sua dentro de uma delas, não gostaria de imaginar o que. O sentimento me deixa anestesiado de saudades, mas não penso muito sobre isso, não seria saudável. Irei vê-lo de novo, certamente. A vida iria se encarregar disso, acredito. 

Com o walkman conectado à um fone de ouvido, segui viagem. Não notei a playlist que tocava na fita, mas novamente não me importei. Meus pensamentos doíam na minha mente, me fazendo refém. 

A ideia de decepcionar meus pais estava cada vez mais próxima, mas também a noção de revê-los confortava meu coração junto a esperança de que a saudade seja tamanha que eles não se importem com o resto. 

Um sentimento estranho caiu sobre mim quando saltei do trem na estação central de Busan, sentimento de que estava em casa, mas não era um sentimento bom. 

Queria desistir de tudo e voltar para Seul, sem olhar para trás. Aquilo era um erro, eu sabia que era um erro. Então por que raios eu fui em frente?

Aerosmith começou a tocar nos fones em um volume absurdo e eu senti algo me impulsionar para frente. Tinha razão, Aerosmith, eu me sinto um louco. Não por uma garota, mas por estar me deixando guiar de volta para a casa dos meus pais. 

Não demorou muito tempo para eu estar dentro do ônibus que me levaria até lá e o sentimento estranho se apossar do meu peito. Mal me dando tempo para respirar. Exasperado, passo as mãos pela cabeleira rosa e respiro fundo. 

É isso, Park Jimin, não tem mais volta, penso comigo mesmo. 

Algum tempo depois, eu não sei quanto, saltei agora do ônibus com uma mochila nas costas e outra sendo carregada por uma das minhas mãos. Caminhei em torno de uns quinze minutos até parar de frente a minha antiga casa. 

Pintada de azul por fora com lascas no portão branco de madeira da garagem e um portão de ferro pesado logo depois de um canteiro de rosa. O cheiro de comida da senhora Park já entrava pelo meu nariz bem na hora em que cheguei até a porta de casa, prestes a abrir quando quase salto para trás. 

Um garoto um pouco mais alto que eu a abre rindo despreocupadamente enquanto passa as mãos pelos cabelos olhando para atrás, mas, quando se dá conta de que há alguém na porta, seu sorriso murcha e suas bochechas assumem uma tonalidade rosada, com vergonha. 

"Jimin." é tudo o que ele diz, o meu nome. Parece estar tão surpreso em me ver quanto minha irmã que está logo atrás. 

"Jimin!" Jihyo grita correndo para me abraçar. "O que faz aqui? Está no meio do semestre! Você está bem? Mamãe, Jimin está aqui!" ela fala tudo muito rápido me puxando para dentro da casa sem se importar com o garoto parado na porta.

"Ahn, Ji, eu vou indo." ele diz. 

"Ai meu Deus, claro. Obrigado, Yoon. Por tudo! Você foi incrível. Diz a Moon unnie que sinto falta dela." Ela dá um beijo na bochecha de Yoongi sem largar minha mão livre. Sorrio para ele antes que o mesmo feche a porta, sem retribuir. 

Ver Yoongi depois desse tempo todo me dá calafrios, confesso. Mas é tão bom saber que o mesmo está bem que chega a ser reconfortante. Min Yoongi fora meu melhor amigo desde muito pequeno, mas ele não aceitou muito bem quando disse que iria me mudar para Seul para fazer faculdade e brigamos. 

O quanto ele me alertou que eu me arrependeria, mas eu tinha que tentar. Tinha. 

Mamãe estava folheando uma revista a beira do fogão com um avental sujo de molho cobrindo seu vestido florido e o cabelo preso em um rabo de cavalo desajeitado. Seus olhos pairaram sobre mim e Jihyo largou minha mão, dizendo algo que não consegui ouvir. 

Estava soando frio, isso era notável. Minha mãe estava ali na minha frente, me olhando como se eu fosse uma miragem, pálida. Sem dizer uma única palavra se quer. 

Eu me apavorei quando seus olhos marejaram e ela sacudiu as mãos no avental, sem as mesmas estarem ao menos molhadas, e sorriu para mim, abrindo os braços. Corri para eles, deixando as mochilas no chão. 

"Meu menino...Como eu senti sua falta." ela diz e beija o meu ombro. "Como você cresceu, Mini Min." Ela nos afastou, com singelas lágrimas escorrendo por suas bochechas. "Eu senti tanta a sua falta." 

"Eu também, mamãe. Eu também" digo antes de me aconchegar novamente dentro de seu abraço novamente. 

O abraço que era minha casa, que era meu refugio. O único lugar que eu amava estar. 

***

oi gente, att meio atrasada porque meu pc não estava colaborando.

até domingo, as 20h. 

XX

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⏰ Última atualização: Apr 19, 2020 ⏰

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