Eu estava perdida. Não sabia mais o que fazer. Eu gostava dele. Eu tinha opções. Eu poderia largar ele e viver minha vida ou poderia encarar e me jogar mesmo sabendo de tudo. Eu fui burra. Eu não fui criada para amar. Eu fui criada para fazer sexo, apenas. Eu preciso me manter. Eu sabia de tudo.
Ingênua.
Eu fui com minhas amigas para o porão. Cada uma com o que era boa. Eu usava minhas cartas. Turmaline era boa em poções, Stryga sabia encantamentos, e Lazúli era boa em forgar armas encantadas.
Nós sabíamos o que ele ia fazer um dia. Eu poderia escolher abandonar ele. Mas Julian ainda pode mudar. Eu vou lutar por ele. O futuro é incerto, só acontece se ele permitir. Nós nos reunimos para discutir sobre o que havia de acontecer.
- Smeraldia eu posso usar aquele recurso caso algo aconteça. Disse Stryga.
Eu apenas concordei.
- Eu posso auxiliar nas poções. Disse Turmaline.
- Eu ajudo nas adagas. Falou Lazúli.
Estava tudo feito para caso o futuro acontecesse.
Eu precisava estar convicta das minhas escolhas. Não dava mais para esconder. Ele havia de me aceitar. Eu sou forte.
Lancei uma carta. A chave. Me mostrava segredos. Uma moeda que valia mais que dinheiro. E eu poderia usar. Eu sabia segredo de todos. Eu tenho meus dons. Produzi uma carta. Era para Julian produzi com todo o capricho. Era meu momento.
Vesti uma capa e fui a igreja. Eu parecia uma mulher como qualquer outra. Ali eu não era prostituta e muita menos bruxa.
Eu era Smeraldia.
Fui a cavalo. O mais rápido que eu pude.
Eu adentrei na igreja acendi uma vela, por mais que não rezasse para nenhum santo. Eu acendi. Deixei uma carta na porta do dormitório de Julian. Eu sabia onde era. Eu tinha meus recursos.
Sai como se nada houvesse acontecido. Sai de cabeça erguida. Talvez eu esteja amando.
Voltei para o bordel, teria que trabalhar. Minhas coisas não se compravam sozinhas.
Eu fiz três trabalhos nesse dia. Eu precisava comprar um vestido novo.
Assim que o cabaré fechou eu me retirei e subi. Precisava descansar. Seria um dia longo.
Adormeci.
Em meu sonho, eu estava em um vilarejo. Era totalmente sombrio. Eu estava vestida de negro. Era um vestido que arrastava no chão. Haviam estrelas, luas e pentagramas no corpete do vestido, não cobriam meu ombro, porém as mangas eram grandes e faziam volume em minhas mãos. Havia uma espécie de desbotamento na barra do meu vestido o fazia ser lindo. Meu cabelo não estava em cachos. Estava escorridos eram até a minha perna. Eu portava uma coroa de estrelas. Era quase uma constelação. Haviam desenhos em meus olhos. Eu parecia uma deusa.
Eu dançava. E meus passos eram iluminados. Mas eu continuava a dançar. Eu via um homem. E ele vinha em minha direção, repetindo meus passos até que grudava em mim. O homem se juntava a mim cada vez mais.
Eu não conseguia ver deu rosto, mas via uma lágrima escorrendo. Eu estava perdida nesse sonho. O homem misterioso me embalava numa dança linda, porém mortal. O homem puxou uma adaga. Era de ouro branco. Eu só via o brilho daquela arma.
Ele me deu uma apunhalada nas costa. Era uma dor na alma. Não era no meu corpo. Não saia sangue. Saiam lágrimas douradas de meus olhos. Eu não tinha reação. Ele continuava a me embalar. Juntava o corpo ao meu.
Eu senti o gosto de cobre na boca. Era o gosto tá morte. O homem me conduzia até a copa de uma árvore no vilarejo. Era uma macieira. As maçãs eram estranhamente brancas. E começavam a ficar cinzas. O gosto de sangue. O homem ria de mim. Porém só via o contorno de seus dentes. E da sua risada saiam lágrimas. E das lágrimas vinham o choro. Ele se aproximou. Passou a lâmina na minha garganta. Ele passou a arma na língua e consumiu do meu sangue. Logo em seguida ele correu adentro do vilarejo. E meu corpo ficou ali. Ele deixou a adaga na minha mão. Ela tinha uma cruz de malta na ponta. Era da igreja.
Eu acordei. Sufocando. Parecia que eu estava sendo afogava. E estava. Eram minhas lágrimas, eu chorava enquanto dormia. Eram lágrimas douradas. E encharcaram minha cama. Eu estava em prantos.
Eu sabia o que significava. Porém tinha esperanças.
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Lágrima de Inquisição
FantasiaNa idade média. Era a época em que a santa lei da Inquisição estava em alta. Uma bruxa que também era prostituta se apaixona por um inquisitor que visitava o bordel todas as noites. O inquisitor parece gostar da moça mas ele tem que escolher entre s...