Entre maratonas de Friends e Harry Potter

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— Você desenha muito bem. – Yukhei elogiou, ainda impressionado olhando para a parede com o retrato mencionado na madrugada – Eu sou bonito assim mesmo?

— Talvez eu tenha exagerado no desenho. – comentou saindo do minúsculo banheiro, sabia que não tinha nenhum pertence seu no apartamento além da mochila, mas uma voz irritante murmurava em sua cabeça que precisava revirar tudo para ter certeza – Como não notei você se aproximando? Tipo, você estava em um carro... – questionou mais para si mesmo do que para o rapaz que agora estava sentado no sofá fedorento ao lado de seus pertences.

— Estava tão absorto em pensamentos que ignorou tudo no exterior, não é muito incomum, várias pessoas inclusive são atropeladas por isso, na maioria dos atropelamentos apenas 21,9 porcento dos casos a culpa é da desatenção do motorista, pedestres sempre estão no próprio mundo da lua, e no seu caso era plutão de tão longe. – o baixinho bufou, parando de andar no caminho que separava a cozinha da sala.

— Você é inteligente assim o tempo todo ou existem momentos que você é legal?

— Com licença? Você passou essa noite na minha casa, não vou tolerar ser ofendido assim. – Ten levantou os braços em rendição.

— Ok, peço perdão, mas você tem plena ciência de que eu poderia muito bem não ter passado a noite lá. – o chinês suspirou, o rapaz estava mais difícil de lidar do que na madrugada, e ainda era nove da manhã.

— Você tem o costume de tomar café pela manhã? – mudou o foco da conversa ao ver que o rapaz pendurou a mochila rasgada em seus ombros.

— Só tive no ensino médio, por quê?

— Quer ir tomar um café?

— Você entendeu que eu não tenho um puto no bolso pra me sustentar?

— Em que momento eu falei que você ia pagar, zé mané?

— Pois então me avisasse antes, nobre homem, vamos apreciar uma bela bebida cafeinada.

— Te conheço faz nem sete horas direito, já posso mandar calar a boca?

— Não!

O lugar onde Lucas levou o rapaz não era muito longe, apenas cinco minutos no carro até chegarem. O estabelecimento parecia ser novo, a tintura branquinha feito neve entregava esse detalhe, assim como as decorações do lado de dentro em perfeitas posições e os utensílios de cerâmica ou porcelana sem uma lascada sequer.

Fizeram seus pedidos no balcão e se sentaram próximos à grande janela que dava visão para a rua ainda vazia naquele horário, Chittaphon olhou para seu próprio corpo e notou como as roupas do rapaz de fato ficavam largar em si, e como em um baque sua ficha caiu sobre aquilo.

— Yukhei, eu posso fazer uma pergunta? – sua voz entregava seu constrangimento.

— Claro, o que foi? – se inclinou levemente para frente, observando cada mínima expressão.

— O que aconteceu depois que chegamos no seu apartamento? Percebi agora que a roupa que tinha acordado pela manhã não era minha, e minha barriga não está mais roncando como deveria, já que passei uns quatro dias sem comer. – o garoto mais alto tornou a se reclinar na cadeira, bagunçando os próprios fios em tons caramelizados como a própria bebida antes de responder.

— Imaginei que não fosse se lembrar, foi quando seu corpo se livrou de toda a tensão e os efeitos colaterais bateram. Coloquei você no banheiro para tomar um banho quente por causa da chuva que tomou, deixei um pijama meu na porta e uma caneca com leite quente para ajudar a dormir, e pelo jeito você apagou com gosto. – o tailandês se encolheu envergonhado.

Anjo por sete diasOnde histórias criam vida. Descubra agora