Anjo por sete dias

Vai sair?

Chittaphon não passava de um rapaz medroso, e a prova estava ali, naquele momento em que estava encolhido na cama de Lucas chorando copiosamente com direito a soluços e tremedeiras repentinas.

O celular do chinês continuava aceso na tela que tinha causado toda aquela situação. Ten foi afastado de seu meio-irmão, e por puro medo nunca foi atrás de buscar algo sobre ele, Yukhei pegou o nome do rapaz e jogou nas redes sociais, encontrando um perfil no twitter, com fotos e reclamações cotidianas.

Jisung estava seguindo sua vida, mas ainda tinham alguns tweets perdidos que reclamavam da saudade que sentia de seu irmão, e como gostaria que o mais velho estivesse ao seu lado quando ganhou aquelas medalhas pela dança que sempre o ensinou.

— Chitta, pare de chorar um pouquinho... – o rapaz estava na mesma situação já passava de dez minutos, temia que o colchão demorasse alguns dias para secar de tanto que as lágrimas do rapaz o molhavam.

— E me diga como! – os soluços o interrompiam impiedosamente – Eu poderia ter conversando antes se não fosse um bundão medroso. – se sentou devidamente, coçando os olhos com força na intenção de interromper o caminho das lágrimas.

— Felizmente não sou um bundão medroso e te mostrei isso. Ele seguiu tudo o que você o ensinou, mesmo crescendo onde cresceu ele conseguiu se tornar alguém incrível, seguindo passos semelhantes aos seus! – tentou motivar o tailandês com os olhos ainda vermelhos e inchados de tanto chorar.

— Espero que não esteja beijando rapazes também, senão os pais dele vão enfartar depois de tanto o judiar verbalmente e correndo risco de ser fisicamente. – olhou para o lado e viu a garrafinha de água que Yukhei sempre mantinha no quarto para a sede da madrugada, em três goles já estava vazia.

— Se beijar rapazes você já me apresenta a ele. – o tapa em seu braço veio sem dó nem piedade – Ai!

— Deixa meu irmão fora dessas putarias! – fungou mais algumas vezes, esticou suas pernas preguiçosamente e apoiou a força de seu tronco sobre suas mãos no colchão – O que me frustra é esse medo que eu tenho. Se eu tivesse insistido um pouco mais, não desistido de explicar e falado com calma sem tremer, talvez eu ainda tivesse um namoro e o emprego. – uma lâmpada pareceu acender sobre a cabeça do chinês.

— Você ainda não mencionou o nome de seu ex, mas pelo o que o Dong falou com você na academia, ele se chama Hendery? – Ten arqueou a sobrancelha em dúvida.

— Hendery é o nome falso dele, ele se chama Wong Kunhang. – Lucas deu pequenos pulinhos na cama, em uma animação suspeita.

— O Donkey! Meu Deus, você era o namorado do Donkey! Por que não me falou antes? – o rapaz fritava todos os seus neurônios enquanto falava entusiasmado a descoberta, enquanto o pobre tailandês tinha um enorme ponto de interrogação sobre sua cabeça.

— O que? Do que está falando? – o chinês revirou os olhos e pegou o celular até então esquecido, saiu do twitter e abriu sua galeria, procurando algo com os olhos atentos e postura ansiosa.

— Estou falando disso! – entregou o aparelho, uma foto com quatro rapazes sorridentes na entrada do colégio, demorou alguns segundos para identificar que o rapaz ajoelhado fazendo careta era o próprio Lucas, o rapaz tentando o empurrar era desconhecido, o que parecia estar gritando era semelhante ao rapaz da cafeteria, e o mais controlado do local...

— ...Kunhang. – sua voz saiu em um sopro dolorido. Os olhos brilharam, se ascenderam como se diversos vagalumes estivessem abrigados ali dentro, sua expressão parecia tão leve quanto seu sorriso bobo – É o uniforme dele no ensino médio, não é? Ele me contou que era amigo de três pessoas nessa época. Kun, Yangyang e Xuxi. – um lampejo o iluminou, Yangyang era o rapaz da cafeteria de fato.