Capítulo 27 🌼 Plano B

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Jen On

"Hey, cara, mova seus pés dois centímetros para a direita."

Eu desvio os olhos da tela da televisão e admiro com incredulidade Colin, que está dormindo no canto do sofá. Ele está no mesmo lugar há duas horas, mas agora ele quase desaparece sob as almofadas, e ele abre um olho para lançar um olhar interrogativo.

"O que?" Ele pergunta quando eu ainda não respondo.

"Euh bom dia?" Eu ajeito o volume gigante de travesseiros que juntei ao meu redor para me sentir mais à vontade. "Costas doloridas, é isso?"

"E você pode mexer dois centímetros para a direita?"

"Não senhora." Eu lhe lanço um último olhar antes de olhar para a televisão, onde Richard Gere sobe a escada de emergência para chegar ao último andar (mais de uma maneira muito mais dramática que Colin). Eu estou prestes a pegar o pote de batatas chips que está equilibrado sobre um dos travesseiros quando Colin solta um longo suspiro, se movimenta sobre as almofadas e relaxa suas pernas sobre as minhas.

"Oh, o que, é sua nova tática?" Pergunto.

"Exatamente." Ele murmura sonolentamente, sorrindo agora que ele ocupa quase todo o sofá.

Mas eu deixei, porque eu sei que eu estou incapacitada em minha atual posição. E é bom ter o calor de seu corpo para me proteger do frio.

A última cena atrai minha atenção ao filme. Eu tenho um sorriso em meu rosto, um tipo de sorriso que vocês tem quando um filme termina de uma maneira satisfatória, e eu suspiro mesmo quando os créditos do final passa sobre a tela e que "Pretty Woman" começa a tocar.

"Eles acabam assim."

Eu olho de novo Colin, que apesar do que eu pensei, não voltou a dormir. Ele olha fixamente a tela da televisão, tentando ficar com os olhos abertos, e ele aperta um travesseiro contra seu peito. O qual não consegui retirar dele.

"Richard Gere e Julia Roberts?" Pergunto.

"Totalmente." Ele concorda com a cabeça, fica mudo e depois adiciona. "Você leu alguma coisa sobre esse cara? A mulher dele é doze anos mais nova que ele."

"Então o que, a idade não tem importância e agora eu quero que você pare de falar, eu não deixarei você sujar a imagem que tenho dele."

"Bem." Ele se inclina para trás, fechando de novo os olhos, e eu me contorço o mais devagar possível para sair da montanha de almofadas. Quando estou sentada na borda do sofá, eu mordo meu lábio.

Eu realmente não quero ser aquela pessoa que dá um pontapé no cara que cuida dela, mas ele me envia sinais muito contraditórios agora. Será que ele pretende dormir no meu sofá esta noite?

"Escuta, eu vou me deitar." Digo batendo de leve em seu joelho. "Eu não sei o que você pretende fazer, mas... ai."

Sua cabeça se levanta. "Você se machucou."

"Brilhante observação." Digo cerrando os dentes enquanto eu tento achar uma posição que não enviará uma dor latejante nas costas.

"Onde estão os seus remédios?"

"Eu os deixei no balcão."

De um momento para outro, ele parece estar completamente acordado, porque ele se levanta do sofá e sai através da entrada do forte. Dez segundos mais tarde, eu ainda estou colada no sofá e ele está de volta com um copo d'água e um analgésico.

"Obrigada." Digo quando ele me estende. Eu pego a pílula, a engulo antes mesmo de tomar um gole de água, mas eu tomo de repente consciência de que ele ainda está me olhando.

Ele não deveria me olhar.

"O que?" Pergunto.

"Nada." Mas então ele sorri, o que é um sinal evidente de que ele está pensando em algo e ele quer que eu saiba. "Ok, eu só pensei numa coisa."

"Diga-me."

"Você quer mesmo que eu te diga?"

"Colin, para de ser tão enigmático e diga logo." Eu bato no sofá que está ao meu lado, mas ele se senta sobre a mesa de centro no lugar.

"Eu só tava... você sabe o que amigos fazem quando eles têm vinte anos e que nenhum deles ainda tem um relacionamento?"

Nós não temos vinte anos e eu tenho certeza de que temos todos os dois consciência do fato de que eu estou em relação com a minha televisão. Isso não faz sentido.

"Eu posso saber?" Digo com hesitação. Mas então eu recebo essa imagem muito viva em minha cabeça da qual eu penso o que ele está falando, e então tenho cem por cento de certeza que é exatamente o que ele está falando. Eu sacudo a cabeça como uma louca. "Fora de questão... Colin, se isso for um acordo para ficarmos juntos quando nenhum de nós já ter casado no momento em que tivermos quarenta anos, eu não posso dizer sim, isso é muito estúpido."

"Hey, eu te avisei!"

Oh meu deus. Então é verdade.

Ele levanta inocentemente as palmas de suas mãos para o alto, se levantando da mesa de centro. Ele me ajuda também a me levantar antes de se inclinar para frente e de me murmurar no ouvido: "Eu prometo não dizer para ninguém... Até nossos quarenta e quarenta e dois anos, claro."

"COLIN!" Eu tapeio seu peito e passo por ele, para fora do forte. "Você não vai ser o meu plano B, ou o meu plano ou... tanto faz, isso não funciona assim."

"Pelo menos eu tentei." Ele enfia suas mãos em seus bolsos e recua lentamente, mas ele para no meio da sala.

Algo me diz que eu não deveria passar diante dele para recolocar o copo de água sobre o balcão, mas eu o faço. E quando eu cruzo com ele, ele me para simplesmente colocando uma mão sobre meus braços.

A vermelhidão sobe ao meu rosto de repente. Ele estava quente durante a noite inteira? Ou é só eu quem está produzindo um calor excessivo tudo nesse momento?

De qualquer maneira, seus olhos brilham, e eu não me mexo.

"Boa noite." Ele diz com uma voz rouca. E depois ele se inclina para beijar a minha bochecha, e ele não se afasta, e eu não sei se eu deveria, eu não sei se eu quero, mas eu não consigo me mexer de qualquer maneira, e ELE NÃO SE AFASTA.

Até que ele o faça, minhas pernas ficam moles, meus braços pesam quase cinco toneladas. Minhas boca é apenas uma peça de equipamento inútil. Por que ele não recua? Será que estou abaixando meus muros ou ele realmente deveria recuar?

Quando quero dizer algo para quebrar o gelo, o menor indício de sorriso se faz sobre seus lábios.

"Eu ainda te devia isso." Ele diz.

E depois ele parte.

* * *

Eu passo um tempo ridicularmente fixando o teto naquela noite, pensando em Richard Gere, nos planos de fuga e nos beijos na bochecha que não querem dizer nada.

Porque eu tenho quase certeza de que não significou nada. Eu o beijei na bochecha uma vez e isso não quis dizer nada, então por que isso queira dizer algo quando ele faz a mesma coisa?

Exceto que ele não se mexeu durante um longo tempo.

Ou talvez eu só esteja imaginando coisas agora, e minha mente me faz perder a memória. O que, retrospectivamente, é igualmente um pouco estranho. Por que isso sempre acontece com coisas que você mais quer se lembrar?

Meus pensamentos continuam a girar e meu cérebro dói, até eu querer tirá-lo de minha cabeça e colocá-lo no meu prato sobre a mesa de centro. Eu massageio minhas têmporas, mas claro isso não ajuda a pensar, até que finalmente há um pensamento que me acalma: é o que acontece quando você é amiga de um cara. As pessoas supõem automaticamente que algo vai acontecer entre vocês dois, e inconscientemente, faz vocês pensarem a mesma coisa.

Nós somos amigos. Nós compartilhamos uma parede, e um andar inteiro aliás. Eu quero continuar nessa estrada.

Night On Set 🌼 COLIFER [PT]Onde histórias criam vida. Descubra agora