A primeira vez - Parte 1

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Chovia bastante lá fora, enquanto Can recolhia as taças de vinho que havíamos tomado alguns minutos atrás.

A porta de nossa pequena casinha se abriu e eu segurei-me para não rir.

Can estava enxarcado.

Ele adentrou em passos aguados e retirou os sapatos, grunhindo baixo.

Franzi o cenho e levantei do sofá-cama que havia no local, caminhando em sua direção.

— O que houve? – eu quis saber, notando ele com uma pequena carranca, retirando o casaco molhado.

Ele se virou para mim e esboçou um sorriso de canto, dizendo um tanto desapontado:

— Essa noite deveria ser perfeita. Dormiríamos à luz das estrelas. Tem coisa mais romântica que isso?

Mais uma vez eu segurei o riso. Can estava chateado por achar que não estava romântico o suficiente?

— E por que acha que não está perfeito? – eu afaguei sua barba e pedi que ele olhasse para mim — Nós dançamos, comemos, bebemos, observamos Vênus... tem coisa mais romântica que isso?

Ele riu baixo quando repeti sua fala, mas ainda assim, parecia emburrado.

— Can – choraminguei, pedindo que ele desfizesse aquela carinha —, você é perfeito. Só de estarmos aqui já é o suficiente. Estamos juntos.

— Fico feliz por isso – ele acariciou meu rosto e depositou um beijo na ponta de meu nariz.

Notei seu estado ainda bem molhado e me preocupei.

— Can, por que você não troca de roupa? Você está enxarcado, não te fará bem...

O homem deu de ombros e apontou para as gavetas que tinha na mobília.

— Eu acabei levando as roupas que estavam aqui para lavar em casa – seguiu até o móvel e arrancou uma calça de moletom de lá — Bom, é meu dia de sorte.

Sorri diante ao seu novo humor. Can fez um movimento para que eu me virasse e assim, ele poderia se vestir.

Revirei meus olhos e ele disparou:

— A menos que queira me ver nú.

Aquela fala de Can, carregada de humor e descaso, acabou por causar certo tremor dentro de mim.

Senti uma onda de calor se apossar de mim e permaneci estática onde eu estava. Can, de costas para mim, retirava sua camisa enquanto eu seguia vidrada naquela cena, sentando-me novamente na cama improvisada.

Aquelas costas largas e úmidas desconcertava-me. Meus olhos não piscavam e minha boca não fechava nem por reza.

Fui interrompida dos pensamentos impuros quando a voz de Can se fez presente, junto à sua risada abafada:

— Você me ouviu?

Abanei minha mão em frente ao meu rosto e pisquei rapidamente, questionando-o:

— Desculpe, o que... o que você disse?

— Eu disse que não me responsabilizo por nada se você continuar me olhando desse jeito.

Can tinha sua camisa e o casaco comprido em mãos, e ainda com o olhar sob o meu, que devorava-o, ele jogou as peças no chão.

— Ah, Sanem... – o homem se aproximou de mim e ajoelhou ao meu lado da cama. Minha respiração tornou-se descompassada quando ele engatinhou acima de meu corpo e manteu seu peso apoiado nos cotovelos.

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⏰ Última atualização: Apr 21, 2020 ⏰

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