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Madeleine POV

Beep.Beep.
O meu alarme toca mais uma vez, após ser silenciado algumas vezes.
Suspirei, finalmente desistindo de tentar adormecer e sentei-me na minha pequena cama, silenciando novamente aquele aparelho.
Levei os meus braços ao corpo, notando que mais uma vez, estava sozinha naquele quarto. Um quarto que me trazia sempre memórias do quão bela era a vida lá fora.
Este não é o quarto onde fiz memórias felizes.
Este quarto não contém nada meu, sem ser a minha alma e a minha liberdade.
Estou confinada a este quarto até a tal audição.
Há uns meses atrás, encontrava-me feliz. Com ambos os meus pais, o meu irmão mais novo e uma vida cheia de sonhos e conquistas pela frente.
Até que tudo se tornou frio e escuro, com a morte da minha querida mãe. Desde então, o meu pai não tinha sido o mesmo. Bebia excessivamente, fumava e andava com a negatividade às costas. Muitas vezes, o Lance vinha esconder-se no meu conforto com medo do que a alteração do meu pai se tornasse demais.
Até que um dia, eu fui levada. Trazida para aqui, onde estou há... 7...9 meses? Nem sei bem ao certo.
As contas tornaram-se demasiado para o meu pai, especialmente quando ele pediu emprestado dinheiro à máfia italiana. Quando este falhou os pagamentos, o meu pai deliberadamente ofereceu-me como forma de pagamento.
Que obviamente, foi aceite e aqui estou eu. Mais um dia, mais uma luta...
Este não é um lugar qualquer. Este lugar é onde treinam pessoas para serem as melhores submissas. É aqui que aprendemos que somos inferiores a quem nos cuida, isto sendo um Dominante. Uma pessoa sádica, que somente encontra prazer em aflingimento alheio.
Ensinam-nos a dar prazer a outra pessoa.
Porém... Eu descobri que somente não tenho um lado submisso mas como um lado mais passivo, onde caio numa realidade ou espaço de memórias infantis que me fazem agir consoante.
Chama-se DDLG. Descobri isso por tantos murmúrios de outrem.
Levanto-me então da minha pequena cama, fazendo-a num instante e segurei por instantes a última recordação da minha mãe. Um pequeno ursinho de peluche com um coração azul no meio do seu ventre. Chamei-lhe de Lucky. No meio disto tudo, é nele sempre que posso confiar.
Vou até ao meu velho armário e retiro uma muda de roupa.
Era sempre adepta de me banhar logo pela manhãzinha pois com um cabelo enorme como o meu, era complicado dormir com ele encharcado.
Após o meu banho, vesti a minha roupa interior e o meu traje escolhido, sendo este um lindo vestido azul bebê, a minha cor preferida e fiz a pareja com umas sandálias brancas. Preparei-me para o que vinha quando vi o diretor do estabelecimento, entrar pela porta com um olhar stressado nos olhos.
Sentei-me na cama, baixando a minha cabeça como me foi ensinado previamente e esperei que ele falasse.
"Madeleine, hoje é o teu dia de sorte. Temos uma audição hoje. Pode ser que sejas escolhida. Quero-te pronta às 18h em ponto."   Disse ele com uma voz rouca, atirando-me uma caixa aos pés. Suprimi um pequeno barulho que ameaçava sair dos meus lábios e esperei que ele saísse.
Isto iria ser uma longa noite.
O dia passou a correr, e quando dei por mim já faltavam 20 minutos para a hora dita. Abri a caixa que previamente me foi atirada aos pés e vislumbrei um vestido familiar. Usavam-no em todas as audições para mostrar o nosso corpo aos compradores.
Este vestido era preto, apertado ao corpo e continha umas alças finas de renda. Ele apertava-se na minha cintura fina como uma cinta, puxando os meus seios o mais alto possível. Coloquei uns saltos médios para combinar com o look e finalmente me olhei no espelho.
Que haveria sido daquela menina risonha?
Com sonhos e ambições de ser alguém na vida?
Alguma vez voltaria a ser feliz?
Uma lágrima escapou de meus olhos, logo sendo seguida por algumas mais.
Após me recompor, peguei num batom vermelho, passando-o pelos lábios e de seguida coloquei um pouco de rímel. Estava pronta.
Quando a porta se abriu, notei que eram duas pessoas completamente diferentes.
Porém, trataram-me como os antigos e me arrastaram para um palco, onde pude me sentar numa cadeira, junto de mais umas outras quinze raparigas e esperar que alguém licenciasse após ser chamado o meu nome.
Vi imensas raparigas chorarem de alegria ao serem escolhidas, porém não me atrevia a erguer o olhar. Era considerado falta de respeito para o comprador.
Finalmente, chegou a minha vez. Levantei o meu corpo da cadeira e ergui o olhar para o fundo da sala, evitando cruzar olhar com outro alguém.
"Esta belezura chama-se Madeleine. Ela tem 19 anos de idade, cabelos loiros naturais e um belo par de olhos azuis. Tem um corpo decente e é submissa em treinamento. Um facto interessante sobre ela: ela é virgem!"
Assim que as últimas palavras saíram da boca do leiloador, começaram-se a ouvir murmúrios. Uns disseram 3.000, depois ouviu-se 4.000 até que no fundo da sala, se ouviu uma voz rouca que me fez estremecer no sítio, me fazendo desviar o olhar ligeiramente para o dono daquele melodioso som.
"10,000"
Os pêlos do meu corpo se ergueram todos, para saludar a voz daquele ser.
"10,000 uma... duas... vendido ao Sr. Mansfield. Venha ao fim do palco buscar a sua possessão." O leiloador falou mais uma vez, e eu estava em completo estado de choque após ouvir aquilo. Era exatamente o que eu não queria. Eu prefiria ficar presa do que servir qualquer idiota que se intitula ser mais do que alguém.
Suspirei, sentindo algumas lágrimas caírem pela minha bochecha mas tratei de as limpar. Ele não era merecedor das minhss lágrimas.
Quando fui atirada nuns braços musculados, deparei-me com uma criatura magnífica.
O meu novo dominador.
O seu cabelo era negro, como a noite e  bem arranjado. Por baixo deste, encontravam-se umas esferas cinzentas, frias e... contentes? Reparei na sua estatura. Se ele quisesse, podia acabar com a minha vida somente com um abraço.
Mas ele parecia ser o suficientemente cuidadoso.
Digo isto porque neste momento ele estava comigo no seu colo, ambas as minhas pernas em volta do seu torso. Um sorriso estava pastado na sua face, que parecia ter sido esculpida por deuses.
" Olá principessa. O meu nome é Axel, mas podes tratar-me de Sir ou Master. A não ser que Daddy te agrade mais." Disse ele com uma voz rouca, perto do meu ouvido. Eu simplesmente fiquei em transe, parecendo ser impossível responder de volta. As palavras estavam se confundindo na minha cabeça quando ele referiu o seu nome. Eu ouvia falado dele. Imensas vezes. Era conhecido pela cidade como o homem mais perigoso do país. Porquê? Era líder da máfia.
Após algum tempo, murmurei um olá o que o fez sorrir, podendo ser visível duas covinhas proeminentes na sua face. Após se certificar que me tinha bem assente no seu colo, ele desliza a minha cabeça para o seu ombro, segurando-a lá e sussurando bem baixinho.
"Vamos para casa principessa."

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