Depois daquele episódio do aniversário de namoro, nunca mais falei nada que envolvesse Lauren a Taylor. Não porque eu queria esconder, mas porque não havia motivos para causar uma briga daquele tamanho por algo que só existia na cabeça de Taylor. Foi o primeiro passo para o precipício.
Quando finalizei todas as tarefas que Lauren me havia dado no começo da tarde o relógio marcava dez horas da noite. Peguei a xícara de café à minha frente, levei até a minha boca e senti meu estômago roncando.
- Certamente você está com fome e não é de café - assim que ouvi sua voz atrás de mim, dei um pulo. Meu. Deus. Muito perto. Eu conseguia sentir sua respiração em mim.
- Lauren, você quase me matou, sua idiota. Já finalizei no sistema o que você pediu. - levantei-me apressadamente ajustando minha saia e minha blusa enquanto fitava minha chefe atrás de mim.
Jauregui dirigiu-se a frente da minha mesa, posicionou suas duas mãos, uma distinta da outra, na mesa. Levantou o olhar até a minha boca, demorou-se um pouco ali, e finalmente me encarou.
- Tudo bem. Obrigada por ter conseguido fazer isso tudo hoje, tive motivos ótimos para pedir isso. - enquanto ela falava isso, um sorriso se formou em seus lábios vermelhos.
Ouvi as palavras, ajeitei minha bolsa e peguei minhas chaves. Meus saltos ressoavam pelo prédio inteiro, eu sentia isso. Olhei outra vez para a morena na minha frente, eu nunca tinha conhecido ninguém como Lauren Jauregui, ninguém com uma aparência física tão atraente quanto ela. Odiava admitir isso, não havia uma pessoa nesse mundo que não tivesse a mesma opinião sobre ela. O jeito como sua jaqueta de couro ficava tão justa e tão boa em seu corpo, só de pensar nela colocando aquela maldita jaqueta...
- Alô? Terra pra Camila.
Às vezes eu fico tão imersa em meus pensamentos que esqueço da vida real. Alguma coisa me suga toda vez que estou pensando. Aquela foi a primeira vez que ela me chamou de Camila, por mais que gostasse de flertar comigo, nunca tinha me chamado pelo nome. Era Cabello pra cá, Cabello pra lá... Enquanto eu sempre a chamei pelos dois nomes.
- Ah, sim. Tenho que ir, já está na minha hora. - disse enquanto analisava seus lábios e a maneira como ela ajeitava seu cabelo enquanto me olhava.
- Você não quer comer algo comigo? Eu já estava de saída e tenho certeza que até você chegar em casa vai demorar, - Lauren pigarreou - você não tinha aula hoje?
- Ah... - ela lembrava das minhas aulas, mesmo que o episódio onde eu tenha contado o fato tenha sido há uns meses - Eu não tive aula hoje, não. Eu tenho aula somente às segundas, quartas e sextas.
- Certo. Podemos comer algo, então? - o olhar dela encontrou o meu, toda vez que isso acontecia um arrepio descia aos meus pés.
- Não quero incomodar, Sra. Jauregui, - ajeitei minha bolsa a minha lateral, dando a volta pela mesa e parando perto das catracas - mas agradeço pelo convite.
Um sorriso se formou novamente naqueles lábios, eu odiava o que ela fazia comigo, tinha vontade de gritar com ela. Não queria ser mais uma no seu jogo. Eu via toda vez que ela passava perto de alguma mulher e até mesmo de homens, meu Deus, era uma tortura para qualquer um que ela encarasse com seus grandes olhos verdes. Sua postura, seu rosto sempre fechado e tão convidativo, eu simplesmente odiar pensar nela. Odiava a ver. Mas gostava na mesma proporção.
- Tenho certeza que iremos ter outras oportunidades, Cabello. - antes que eu pudesse me virar para respondê-la, Jauregui tinha sumido para dentro da sua própria sala. Voltamos ao Cabello, então.
Enquanto esperava o elevador, chequei minhas mensagens e para minha surpresa (ou não) não havia sequer uma mensagem da minha suposta namorada a qual eu passei dois anos da vida com. Ótimo. Poderia pelo menos me mandar a merda.
Demorava bastante para chegar ao meu apartamento da Jauregui Center, mas pelo menos não peguei estrada com chuva. Assim que eu chego em meu apartamento sinto uma pontada de arrependimento de não ter ido com Lauren jantar, eu poderia muito bem usufruir de alguma companhia. A verdade é que depois que meus pais morreram, eu não havia muitas pessoas para contar. Tinha amigos na faculdade, claro, colegas, mas que não passavam disso. Não havia ninguém a quem recorrer, talvez Ally, porém não era a mesma coisa.
Direcionei-me ao banheiro, liguei o chuveiro enquanto me despia para que a água estivesse quente quando eu entrasse e chorei. Chorei a fio. Chorei como nunca tinha chorado. Você está sozinha. Sempre estive, pensei comigo mesma. Pare de sentir autopiedade, pelo amor de Deus. Deus nem existe, a outra voz da minha cabeça respondeu.
Quando meu corpo sentiu a água escaldante escorrendo, aquele foi o único momento em que senti paz. Não me sentia em paz com minha namorada, sempre havia um conflito no meio, sempre algo que eu fiz e que ela não explicava ou então a constante dúvida de porquê ela não pode vir me ver. Não me sentia em paz na faculdade, Taylor tirava toda minha concentração. E definitivamente não me sentia em paz no trabalho onde tudo o que eu conseguia enxergar era Lauren Jauregui e seus hipnóticos olhos.
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Souvenir
Teen Fiction(Todos os cenários, prédios, ruas e momentos eu criei para a fic.) Lauren Jauregui, a dona do maior prédio e da maior rede de transações econômicas de Nova York, vê-se no auge dos seus 25 anos infeliz. Camila Cabello, secretária da maior cobiçada de...