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Noah Jacob Urrea

Cantamos algumas músicas até chegarmos em um morro, sentamos na caçamba da camionete e nos viramos para olhar o pôr do sol.

Sina estava de cabeça baixa, cantarolando uma música enquanto mexia na sua calça. Eu sentei virado para ela, que parecia incapaz de me olhar. De novo.

- Olha pra mim- pedi e ela me ignorou- Sina Maria Deinert, olha pra mim.

Acho que eu nunca tinha chamado ela de Sina, ela era minha Si.

- Fala- ela sussurrou e me olhou, seus olhos claros brilhavam mais por conta das lágrimas que tinham ali.

Cadê as palavras? Eu não conseguia falar. Eu fiz a Sina tão mal, a fiz chorar tanto, mas foi sem querer, não tive intenção.

- Eu fiquei uma semana preparando essa conversa na minha cabeça, mas agora- ri fraco- não sei o que...como te dizer.

- Ficou uma semana pensando em mim?- Sina limpou seu rosto com a manga do moletom que ela tinha roubado de mim.

- Faz uma semana que eu só penso em você. Faz uma semana que eu percebi o que você realmente significa pra mim, o quanto você significa pra mim. Uma semana que eu não paro de lembrar dos nossos momentos, de cada toque, beijo- ela soluçou em meio ao choro, e eu levei um tiro- eu te fiz muito mal não é?

- Fez mais bem do que mal, eu te garanto- ela riu fraco e abaixou a cabeça.

- Você me faz tão bem Si, você sempre cuida de mim, cuida de todo mundo, você é muito especial. Eu não sei se algum dia alguém vai merecer seu amor, tipo, de verdade.

- Não acho, acho que o problema é comigo- ela disse e levantou a cabeça, respirando fundo.

- Ei, não é- coloquei a mão no seu ombro- por que você acha que o problema é com você?

- Porque se não fosse talvez o Marcus tivesse ficado comigo, mas não, eu não fui um empecilho para ele ir embora sem se despedir- a raiva me invadiu.

Marcus era o antigo melhor amigo da Sina, ela se apaixonou por ele, mas o cara era um babaca. Si fazia de tudo por ele, chegou até a levar uma advertência por causa dele, mas ele nunca valorizou. Quando ele foi mudar de cidade para jogar futebol, não se despediu da Sina, aquilo acabou com ela. Quando ela me contou essa história eu prometi que nunca magoaria ela como o Marcus tinha feito, mas eu acho que fiz pior.

- Desculpa- sussurrei e me aproximei mais dela, alisando seu rosto- desculpa por ter feito você chorar.

- Você não teve culpa- ela sorriu fraco.

- Sabe, eu sempre odiei promessas, você também não é?- Sina afirmou.

Passei a mão no seu rosto, depois coloquei uma mecha do seu cabelo atrás da sua orelha.

- Eu te fiz tantas promessas, foi sem querer, desculpa. Ah Si, eu sou tão doido!- ela riu- sou idiota também, eu devia ter percebido os seus sinais. Você sempre soube como eu me sinto, o que eu preciso, e eu nem percebi que você estava sofrendo. Sei que eu errei muito com você, mas eu sempre tive as melhores intenções. Nunca quis te fazer mal, nunca quis te fazer passar noites chorando, isso me dói tanto só de imaginar. Sei de outra coisa, você é muito inteligente, você deve saber o que eu estou pensando- ela levantou a cabeça- deve saber que aquela carta foi muito uma surpresa para mim não é?

- Sei, e eu não espero que você me fale alguma coisa, e também não quero que você- Sina parou de falar, mas não porquê ela quis.

Eu a beijei.

Passei uma semana inteira montando o diálogo perfeito na minha cabeça, tentei de todos os jeitos falar o que eu sentia, mas eese foi o melhor jeito que eu arranjei. E que sim, eu a amava na mesma intensidade em que ela me amava. Eu só estava cego demais, talvez porque eu nunca tivesse beijado ela, não sei.

Eu não amava Joalin de verdade, eu gostava de beijar ela, de andar de mãos dadas com a gatinha da escola que todo mundo queria pegar, mas só eu tinha. Idiota, mas sou eu. O idiota que a Sina gosta, cuida, e ama.

- Eu te amo Si- segurei seu a ponta do seu queixo.

- Eu sei, e eu também te amo. Você não precisa...

- Eu te amo Sina!- levantei e ajudei ela a levantar também- te amo muito. E é só questão de tempo até eu aprender a te amar tanto quanto você me ama e merece. Você é paciente que eu sei, só preciso de um pouquinho de paciência comigo, será que você consegue?

- Eu te aturo há tanto tempo Noah- ela falou sorrindo- eu aguento mais um tempo.

Segurei seu rosto e ela segurou minha cintura, nos deixando mais próximos. Eu achei que seria estranho beijar ela, ficar tão perto, mas não foi. Foi ótimo, e nós sempre fomos de ficar muito próximos. E outra, se eu soubesse que o beijo da Sina era tão bom assim eu tinha beijado ela antes.

Beijei ela de novo, eu tinha acabado de descobrir a melhor sensação do mundo. Passei a mão no seu cabelo enquanto ela me abraçava pela cintura. Quando paramos o beijo, Sina me abraçou colocando a cabeça no meu peito e eu beijei sua cabeça.

- Esse moletom ficou melhor em você do que em mim- falei e ela riu.

- Eu sempre soube disso, por isso eu roubei ele- ela levantou a cabeça e beijou meu queixo.

Ter Sina como melhor amiga já era motivo de orgulho para mim, imagina agora como namorada! Nunca imaginei que seria capaz de namorar minha melhor amiga, eu não sabia que isso é a melhor coisa que poderia me acontecer.

- Como vai ser agora?- ela perguntou enquanto eu alisava seu cabelo mal preso.

- Não sei, e também não quero saber. O que importa e que agora somos nós, nesse lugar incrível com esse pôr do sol quase tão bonito quanto você.

Nós sentamos no capô da caminhonete, abracei Sina de lado e ela deitou a cabeça no meu ombro.

Eu não queria estar em nenhum outro lugar agora.

- Si?

- Oi.

- Você nunca mais vai precisar amar sozinha.

Ela sorriu e nós voltamos a olhar para o horizonte onde o sol caía.

FIM

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eu estou chorando?
Obrigada quem acompanhou essa história, quem comentou e se emocionou, essa fanfic é muito importante para mim.
O que acharam?
Amo vcs!
Bjos, Mary🖤✈

Love alone- NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora