Cullen

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Bella sorriu quando chegou ao riacho. Era algo tirado de um conto de fadas. Ela deixou suas coisas de lado e rapidamente bebeu um pouco de água. E então, em um movimento espontâneo, ela retirou seus sapatos e meias, dobrou suas calças e mergulhou seus pés cansados na água cristalina. Após o choque inicial do frio ela relaxou e deitou as costas na terra úmida. 

Ela suspirou satisfeita.

Bella manteve os olhos fechados e focou nos sons que a natureza compartilhava ao seu redor. A água correndo rio abaixo seria suficiente para fazê-la dormir se ela não estivesse tão focada. Como sempre, ela ouviu atentamente a brisa suave, esperando por qualquer mensagem que pudesse trazer.

Ela não entendia direito como esse dom funcionava. No entanto, ela entendia como usá-lo. Todo mundo podia sentir quando a brisa batia contra a pele, podia ouvir quando assobiava entre as folhas ou soprava contra a janela. Bella também podia, mas ela também conseguia interagir com o vento, como se fosse um objeto físico. Era assim que ela conseguia flutuar de alturas impossíveis, o ar simplesmente fazia o que ela pedia. Se envolvia ao seu redor e a protegia, desacelerando-a enquanto ela caia. Do mesmo jeito, ela podia flutuar qualquer objeto na direção que imaginasse. 

Bella se comunicava com o vento. Não exatamente com palavras...mas se tivesse um trem posicionado em sua direção ela seria capaz de captar a interação dos ventos com os vagões e imediatamente saber o que estava vindo.
Seu outro dom, porém...era outra coisa completamente diferente.

Ela flexionou os dedos dos pés, e suspirou alto novamente. Nada além de animais pequenos se mexiam ao seu redor. Não havia ninguém por perto.

Ela sorriu. E então, embora se pudesse ficaria assim por horas, ela saiu da água rapidamente por alguns minutos apenas para retornar despida, a fim de lavar o encardimento da estrada. Ela riu alto enquanto imaginava ir para cidade coberta pela sujeira que agora corria pela água abaixo dela. Três semanas era tempo demais sem tomar um banho.

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Uma casa grande ficava a alguns quilômetros a leste do acampamento de Bella. Seus ocupantes eram obviamente ricos e possuíam um gosto imaculado, julgando somente pela decoração. Dentro da casa, três de seus ocupantes estavam espalhados fazendo várias coisas. Edward estava, como sempre, meditando em seu piano. Rosalie estava esparramada no sofá da sala de estar, folheando uma revista de moda francesa. Jasper estava debruçado sobre uma dúzia de livros na biblioteca de Carlisle. E Alice-bem, ela estava fazendo piruetas no telhado da casa. Ausentes, Carlisle, Esme e Emmett estavam fora caçando. Um típico dia da família Cullen. Exceto algo estava prestes a acontecer, algo que ninguém esperava, nem mesmo Alice.

Alice escutou primeiro. Uma pequena risada musical obviamente humana. Ela tropeçou no meio de sua pirueta e caiu de bunda. 

Imediatamente depois, Edward escutou seus pensamentos, através de Alice, ele inalou sua primeira dose de Bella.

Rosalie olhou para Edward que apareceu repentinamente na sala de estar ao seu lado, chocada com os sinais externos que ele estava exibindo.

“Edward!?” Ela exclamou, mais confusa do que nervosa. Porém, antes que o nome de seu irmão escapasse completamente seus lábios, Jasper correu para cima dele.

“Rosalie!” Ele gritou. “Me ajude! Nós precisamos contê-lo!” 

Rosalie hesitou apenas por um momento, ainda chocada com o comportamento de Edward, mas deu um passo à frente e se juntou a Jasper na tentativa de afastar Edward da enorme janela que ele tinha acabado de abrir. Alice pulou entrando pela janela aberta e empurrou Edward para trás.

“Absolutamente não!” Ela gritou, se divertindo mesmo diante de uma possível catástrofe.

Com a janela aberta, Rosalie ouviu (e cheirou) o que havia deixado Edward tão atordoado. Uma voz pequena cantarolando à distância-claro que com a super audição deles era como se fosse bem ali na sala. Ela ouviu a voz e sentiu o seu cheiro ao mesmo tempo. Era… profundamente delicioso. Ela tentou achar um melhor adjetivo para não ajudar a alimentar a luxúria por sangue de Edward. O perfume da garota era divino. Sua voz também. Todos os quatro lutaram internamente para controlar o veneno que escorria de suas bocas. Mas enquanto Rosalie, Jasper e Alice conseguiram limpar suas bocas e concentrar na situação, Edward continuou sendo refém de seu impulso de querer morder a garota que estava fazendo ele se sentir assim.

“Alice,” disse Rosalie com seus dentes cerrados. “Ligue para Emmett e Carlisle. Nós não podemos segurá-lo o dia todo.”

Alice já tinha discado o número e começado a falar antes mesmo que Rosalie terminasse seu pedido. Rosalie  revirou os olhos e se focou em não deixar que Edward chegasse até a janela, e ao mesmo tempo tentando ela mesma não pensar naquela voz angelical.

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