Que sentido tem viver, quando a única coisa que te conforta é a morte?
Ela era problema, ele soube disso desde a primeira vez em que colocou os olhos nela, contudo, isso não foi o suficiente para fazê-lo se afastar.
Benjamim e Valentina vivem um rom...
Ela foi embora sem se despedir e o medo de ter cometido um erro ao entrar em contato com seu pai me consumiu. Não acreditei em suas palavras dizendo estar preocupado com ela. Sua frieza ao proferir o nome de Valentina só me fez ter certeza que tudo aquilo era uma farsa, apenas uma forma de tirá-la dali sem dar indícios de que a culpa dela estar ali era dele. Otávio não queria manchar seu nome de empresário perfeito por conta de seus atos com a filha. Na mídia, ela era tratada como a errada, como a filha problemática que só queria chamar atenção. Contudo, o que ninguém sabia, era que Otávio era o motivo por Valentina ser daquela forma.
Minha preocupação era imensa, tinha medo dela se entregar outra vez e se isso viesse a acontecer eu me sentiria culpado. Precisava encontrar uma forma de me manter em contato com ela, no entanto, não tinha seu telefone, o que me deixou desesperado, não poderia simplesmente aparecer em sua casa sem um motivo. Ela deveria estar me odiando por ter dito ao seu pai onde estava. Vi como me olhou quando Otávio disse isso a ela. Sua decepção era nítido em seus olhos e a forma como se afastou de mim quando tentei ampará-la, foi o suficiente para me arrepender do que fiz e agora só me restava esperar ela aparecer na consulta com Dra. Claúdia para eu saber como ela estava.
Três dias, três malditos dias sem nenhuma notícia dela, sua consulta seria amanhã, mas eu não conseguiria esperar mais tempo. Peguei seu prontuário médico, onde continha a papelada da alta e o telefone que Otávio deixara e liguei para ela, entretanto, a empregada disse que Valentina não estava e não sabia informar que horas chegaria. Onde ela teria ido? O que estaria fazendo? Foram as perguntas que me fiz e isso me deixou ainda mais receoso, porém resolvi esperar até o dia seguinte. Quando ela viesse para a consulta, teria que me ouvir.
Cheguei cedo no hospital, não era dia de plantão, mas queria ver Valentina e essa seria a única forma de vê-la. Aguardei sua chegada na sala de espera do consultório da Dra. por duas horas e ela ão apareceu, me deixando ainda mais preocupado. Ela sabia a importância do tratamento e havia me prometido dar continuidade, por que então, não compareceu? Esperei um paciente sair da sala da Claudia e entrei, ela deveria saber de alguma coisa.
— Tem notícias da Valentina? — perguntei assim que entrei.
— Bom dia para você também, Benjamim — falou arrumando alguns papéis em sua mesa.
— Bom dia, Claudia. Hoje era a consulta dela, por que ela não veio? Sabe de algo?
— Hoje não é dia do seu plantão, por que está aqui? — A falta de respostas estava me deixando irritado.
— Isso não vem ao caso. Pode por favor me falar se sabe algo sobre Valentina?
— Otávio ligou ontem e disse que ela não fará o acompanhamento aqui e que já contratou um psicólogo particular para ela — disse, mas notei certo receio em suas palavras.
— E você acreditou?
— Não. Pesquisei o nome do psicólogo que ele disse e não encontrei nenhum registro dele. Você acha que pode ter acontecido alguma coisa com ela?
— É o que vou descobrir — falei indo em direção a saída.
— O que vai fazer, Benjamim?
— Vou na casa de Otávio, preciso ter certeza de que ela está bem.
— Se precisar me liga.
— Espero que não seja necessário. — Saí do hospital e fui direto para a mansão, com uma sensação de que não iria gostar do que encontraria lá.
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