Capítulo 1

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Passei pelos portões do meu mais novo colégio de cabeça erguida, pronta para encarar qualquer dificuldade que possa aparecer no meu caminho. Eu já tinha dito para a minha mãe que esse lugar é chique demais para o meu gosto e que preferia mil vezes continuar na minha antiga escola de bairro. É uma pena que lá eles não têm o ensino médio completo e por isso precisei pedir transferência. No começou pensei que seria uma ótima ideia, para conhecer novas pessoas e viver novas experiencias. Mas... tudo mudou quando a dona Maria me veio com a bendita ideia de me obrigar a tentar uma bolsa de estudos integral no colégio de elite, Ponta Fina, onde hoje terei o meu primeiro dia de aula.

Quando contei para as minhas amigas que tinha conseguido uma bolsa de estudos aqui elas deram uma super festa, com direito a pizza, salgadinhos e vários episódios de friends na enorme TV do meu amigo, Rodrigo. A festança foi muito legal, é claro. O problema foi explicar para todo mundo que na verdade eu não estava nada feliz com a ideia passar três anos com um bando de mauricinhos e princesinhas mimadas. Eles ficaram em choque. Ninguém conseguia pensar em sequer um motivo para não querer estudar aqui, com toda essa galera popular. Já eu, consigo pensar em muitos motivos para cair fora!

Primeiro, eu detestei o uniforme. Uma saia rodada preta, camisa polo e essas sapatilhas irritantes que fazem barulho quando a gente corre. Acho que não fico bem de saia e parece que as pessoas estão sempre rindo de mim. Talvez seja o meu lado dark falando, mas o que eu não daria para voltar a usar calça jeans! Segundo, preciso pegar dois ônibus e andar um quilometro e meio para chegar.

Assim que passei pelo estacionamento, fiquei chocada com a quantidade de carros importados que estavam sendo estacionados por homens usando terno. O que é isso? Uma festa de gala ou algo assim? Acho que acabei de me meter na maior furada, e tudo por causa daquele comercial onde um menino loiro de olhos azuis não parava de falar sobre as maravilhas da instituição. Tenho que admitir que a propaganda deles é muito boa, viu. Afinal, foi o bastante para deixar a minha mãe louquinha das ideias.

– Menina!! – alguém gritou logo atrás de mim. Me virei para olhar quem era e logo dei de cara com uma garota morena de olhos castanhos e sorriso perfeito. Ela acenou para mim com a mão e se pôs na minha frente. – Você deve ser a Maria Cristina, certo?

– Sim. Como você sabe?

– Eu sou a Natasha. Também conhecida como representante de classe. A sua ficha estava na minha papelada.

– Ah... obrigada, mas eu acho que não preciso de uma guia.

– Bom, esse é o protocolo, então vamos logo com isso. – ela deu de ombros.

– Se não tem jeito. – bufei.

Natasha apontou para a direção da escadaria que leva até um enorme portão preto. Fomos juntas até lá e no caminho ela começou a falar sobre as regras que preciso cumprir ao pé da letra. Segundo ela, não é permitido falar com os professores sobre assuntos que não sejam relacionados a aula, e que para isso existe um grupo de psicólogos de plantão. Eu não pretendia mesmo contar a minha vida para essas pessoas. Depois ela avisou sobre os horários e a importância de tratar todos os trabalhos com muita seriedade, pois aqui cada nota conta.

– Escuta, não existe nenhuma possibilidade de as garotas usarem uma calça jeans nesse colégio? – perguntei, tentando ser engraçada. Natasha se virou para mim e cruzou os braços, ficando inguazinha a minha mãe quando está com raiva.

– Eu sei que você é novata, mas sugiro que não seja tão engraçadinha assim.

– Do que você está falando?

– Aqui as coisas funcionam de um jeito muito simples e muto complicado. Se ficar na sua, vai ver que é simples, mas se bancar a engraçadinha... garanto que vai ficar complicado.

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⏰ Última atualização: Apr 22, 2020 ⏰

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Querido MauricinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora