Prólogo

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Nove Anos e Meio Atrás

Observando a belíssima mulher a distância, Michelangelo não pôde evitar pensar no grande desperdício que era.

A mulher de cabelos lisos, trazia uma máscara vermelha com preto sob seu rosto, um vestido vermelho-escuro, com alças finas, decote generoso e uma fenda que começava do lado esquerdo e conforme subia ia em direção ao meio de suas pernas grossas e muito bem torneadas.

— Vai ser uma pena ter que apagar essa — Fulvio Ranieri, seu braço direito, disse baixo enquanto mexia no seu coldre.

Aquela agente vinha repassando aos órgãos mais altos, informações sobre uma articulação no sistema judiciário italiano, esquema esse cujo líder era ele, que sumia com acusações contra a Cosa Nostra e os livrava de citações em diversos processos.

A desgraçada além de um corpo maravilhoso, tinha um rosto muito bonito, com lábios carnudos e bem desenhados, nariz e queixo finos, possuía também olhos bem expressivos na cor castanha. Tinha como dar mais raiva?

Mulheres como aquela deveriam estar na cama dele, não o dando dores de cabeça em seus negócios.

— Não vejo porquê matá-la. Deixe que eu resolverei a situação — Michelangelo comenta baixo, antes de tomar o que faltava de seu vinho.

Colocando uma máscara em seu rosto, ele apenas deixa a taça com seu funcionário e vai até a agente infiltrada, que muito incomodada com algo que ele não tinha ideia do que seria, mexia no seu copo de uísque.

Aquele baile de Carnaval, organizado no hotel de sua família, teve o único intuito de acabar com a investigação, ainda sim, não pode evitar sentir-se feliz pela obrigatoriedade das máscaras. Pois assim ela poderia sair sem ser reconhecida. E ele poderia a arrumar outra utilidade, já que o treinamento americano era algo que Michelangelo tentava a algum tempo saber mais sobre.

— Boa noite — ele a saúda com seu sorriso mais malicioso, usando seu tom de voz rouco, esperando uma reação.

Entretanto não houve nada. Estranhamento, dúvida, agitação, simplesmente nada. Ela o olhou com uma expressão vazia que deixava bem claro que não mexeu em nada com a mulher.

O que era algo impossível, pois havia feito questão de estar na sua melhor aparência, para que ela o notasse antes de ir falar com a estranha.

Se poderia deixá-la morrer? Sim, de fato. Entretanto como qualquer pessoa com um mínimo de inteligência, Lupino sabia que mulheres como aquela não se via tomando uma bebida sentada sozinha num balcão todos os dias.

Enquanto a acompanhava, por meio dos relatórios infinitos que recebeu de Fulvio, concluiu que ela era uma boa pessoa. Católica, bem instruída, animada e dona de um sorriso que era capaz de esquentar qualquer coração frio. Aquela era a melhor forma de descrevê-la. Agora, o que estaria fazendo de sua vida para acabar num lugar daqueles?

Não tinha ideia. Mas que a estranha a sua frente era um ótimo quebra-cabeças, bem, isso ela era.

— Não quebre meu coração, mia dea. Responda ao menos ao boa noite... — Michelangelo insistiu mais uma vez.

Deixando seu copo sobre o balcão, ela finalmente olhou no fundo dos olhos do mafioso, mas tão logo que abriu a boca, volta sua atenção para o canto esquerdo deles.

Olhando para lá também, Michelangelo vê seus homens abordarem o homem que vinha a dando informações, o guiando para uma área muito mais afastada, a fim de matarem o espião e não deixarem testemunhas para trás.

Na Máfia Por Contrato EM BREVEOnde histórias criam vida. Descubra agora