Fim da guerra

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Hoje tive a notícia que meus pais se separaram, finalmente a tortura tinha acabado.
Normalmente as crianças sofrem quando seus pais decidem se divorsiar não é mesmo?

Por mais estranho que seja o que vou revelar  agora não é nada agradável.

Desde muito pequena eu só vi o lado ruim do relacionamento deles, não me recordo de muita coisa boa se é que teve depois que eu nasci.

Nos meus aniversários na hora  de assoprar a vela as pessoas me diziam:
-Feche os olhos e faça seu pedido!
Eu fechada com muita,muita força e uma voz na minha cabeça gritava pedindo que meus pais se separassem pra guerra diária dentro de casa acabar.

Loucura né? Mas sim, eu não queria brinquedos nem roupas só queria paz.

Acho que meu pedido finalmente foi atendido, espero que eu possa ter o perdão de Deus por esse desejo.

Com o fim do casamento minha mãe teve que voltar pra terra de onde ela nasceu, meu pai era violento. Com medo do que ele poderia fazer faz as malas e vai.

Eu tive que fazer a escolha de ir ou permanece ,não queria deixar minha cidade e amigas ,minha vida inteira estava aqui, começar tudo de novo?
Sem nada ,eu fiquei perdida sem saber o que fazer.

Meu pai podia ser o pior marido ,mas nunca me faltou nada, mas no momento em que comecei a fazer as malas ele me olha e diz :

-Se sair por esta porta esquece que tem pai,vais passar fome e eu não vou te ajudar.
Tomara que sofra bastante.

Aquilo ficou na minha mente durante anos , como um pai pode desejar o mal para a própria filha ?  Eu tenho mesmo o sangue desse animal ? Perdão, não queria ofender os animais.

Enquanto eu dobrava minhas roupas e levava à mala ainda estava pensativa,
mas depois do que tinha acabado de escutar do próprio pai, não pensei muito sai pegando minhas coisas e jogando na mala de qualquer jeito, estava com os olhos cheios d'água , e com pressa de sair daquela situação.

Eu nunca tinha levantado a voz para ele mas naquele momento eu esqueci que era meu pai, colocando a mochila nas costas fechei a mala me levantei, engoli o choro e disse

-Está bem, prefiro passar fome do que conviver com um ogro.

Ele ficou surpreso por eu ter respondido, eu conseguia enxergar o ódio dentro dos olhos dele.
Minha mãe me chama com pressa
-Vamos logo!
Eu olho pra trás dou a última olhada na casa, respiro profundo e então vou embora.

Não nos despedimos de ninguém, fomos direto a rodoviária comprar passagem, por sorte havia um ônibus para hoje que sairia às 20h:17 , olho para o relgio são 12:25.

Sentamos à Praça de alimentação,  Minha mãe manda eu comprar algo para comer mas recuso afirmando estar sem fome.

Ela vai até a banca de jornal e compra 5 maços de cigarro, volta e senta mais próximo de mim.
Eu deito ao seu colo e digo que vai ficar tudo bem que eu nunca ia abandola-la.

Horas depois nosso ônibus chega,
Então embarcamos , foi uma viagem longa e silenciosa, só escutava choro e barulho do motor do ônibus.

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