Abro os olhos e estou com uma dor de cabeça dos diabos. Quase que vejo as imagens da noite de ontem na minha cabeça, até me lembrar que nem sequer fui sair. O que é que aconteceu afinal? Ah sim, tive uma grande discussão com o Anthony porque ele não me deixou ir à despedida de solteira da Cláudia, por isso, embebedei-me em casa.
Estou a ficar um bocado farta de ter um estorvo atrás de mim a toda a hora. Já passaram dois meses desde que o Ian apareceu aqui em casa a "ameaçar-me de morte" – segundo o que o meu pai e a polícia dizem – e nunca mais o vi. Na minha opinião, ele só queria atenção e não ia mesmo magoar-me. Não muito, pelo menos.
Eu acabei com ele – se é que se pode acabar algo que nunca começou – e ele ficou todo "cuco" (e com cuco, quero dizer mesmo maluco). Saímos três vezes. Três vezes! E uma delas foi com a Cláudia e a Dani porque a Dani andava com o amigo dele, o Evan (uma relação que só durou duas semanas, só por acaso). A segunda vez foi porque estava super aborrecida da vida e nem pensava direito, só dei e pronto. Pensava que ele ia ficar satisfeito. Quer dizer, nem sequer foi assim tão bom. E a última... bem, fiquei com pena dele. Dias depois, não parava de me mandar mensagens, de me ligar, até apareceu no meu trabalho uma vez, já estava cheia daquilo. Decidi dizer-lhe que era melhor sermos amigos (não que quisesse, de forma alguma, ser amiga dele), e mandei-lhe uma sms. Pronto, um pouco frio, eu sei. Mas não tivemos propriamente uma história de amor insuperável. Nunca pensei que ele fosse reagir daquela maneira.
Long story short, um dia abro a porta de casa e quando olho para a frente, tenho uma arma apontada a mim. Graças a Deus estava a falar com a Dani ao telemóvel ao entrar, ela ouviu tudo o que estava a acontecer e chamou a polícia. O Ian fugiu antes da polícia chegar e não o encontraram... até agora. O meu pai passou-se e contratou um segurança privado para me vigiar, como se eu tivesse 15 anos outra vez. Eu acho isto tudo um bocado ridículo para ser sincera. Quando vi o Anthony – ou Tony, como gosto de lhe chamar para o irritar – até achei graça porque ele era giro, mas é uma seca e "muito profissional" – segundo o meu pai. Mesmo que eu o provoque, quando estou bêbada e sem vergonha na cara, ele faz cara de pau. É ofensivo até. Enfim.
As coisas até têm corrido bem, eu saio e faço a minha vida (sempre com o senhor empertigado atrás de mim). Mas, pelos vistos, o Ian foi visto em Gramercy Park, perto do sítio onde trabalho, há três dias. Agora, a minha liberdade voou pela janela fora, enquanto eu estou presa em casa por causa de um idiota que não aguentou uma última queca. Isto é mesmo a minha vida?
A Cláudia teve a festa de despedida de solteira ontem, no Magic Hour e eu, tive de ficar em casa. Se isto continuar, meto-lhe um valium no chá de meia noite que ele decide tomar todos os dias e piro-me daqui.
Olho para a mesinha de cabeceira do lado direito e vejo as horas no telemóvel. São 10h00, até acordei cedo. Tenho de tomar um café e um paracetamol, não aguento estas dores. Levanto-me da cama e vou até à cozinha preparar o meu café. O Tony está no sofá da sala e consigo vê-lo da cozinha, a ler o jornal. Quem é que ainda lê jornais impressos? Um velhadas como ele, obviamente. Ele não é muito velho assim, na verdade. Eu tenho vinte e cinco anos e ele tem trinta e sete. Ok, é doze anos mais velho que eu, mas não é como se tivesse idade para ser meu pai. Porque é que ele se comporta como se tivesse cinquenta?
Ele é agradável à vista. É alto, tem olhos azuis escuros e cabelo negro azulado. Anda sempre de fato, é irritante. Fica-lhe bem, com os ombros largos que ele tem, mas não podia vestir uma t-shirt aos fins de semana? Ele vive comigo há um mês e meio, o meu pai paga-lhe para me proteger 24h por dia, sete dias por semana. Rolo os olhos só de pensar no quão chatos ambos são. Sei que o meu pai está preocupado comigo, mas não era preciso meter alguém a dormir no meu quarto de hóspedes. Estava a pensar convidar a Dani para vir viver comigo antes de tudo isto acontecer. Não gosto de viver sozinha e, no início até não me importei da companhia, principalmente de um homem bonito. Depois de ver como ele era, prefiro a vida na solidão mil vezes mais.

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BODYGUARDED
RomantikaIrina é obrigada, pelo pai, a ter um segurança privado a protege-la 24h por dia, sete dias por semana. A ideia não lhe agrada muito, mas decide aceitar, visto que não há nada que possa fazer para mudar a situação em que se encontra. Anthony, o segur...