Jacob tem a vida perfeita.
Redador chefe de uma das revistas de moda mais importantes do país, ele não poderia estar mais contente com sua carreira, muito bem remunerada, por sinal. Uma casa afastada o suficiente da cidade para ter privacidade é mai...
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Jacob engoliu o café de uma só vez, como se ele fosse capaz de dissolver o bolo de sentimentos ruins que ele tinha na garganta. Não adiantou.
— Ei, vai com calma, você nem deveria tomar tanta cafeína pela manhã. — Samuel disse, dando partida no carro enquanto bebia um pouco do seu próprio café.
Jacob revirou os olhos e não respondeu, apenas respirou fundo na tentativa de se acalmar, o que também não adiantou muito já que o perfume amadeirado de seu marido já tinha tomado conta de todo o automóvel. Abriu a janela, esperando que um pouco de ar fresco pudesse ajudar, o ar gelado de uma manhã de outono era um bom preço para pagar por um pouco de controle emocional.
Observou quando Samuel lhe lançou um olhar desconfiado, mas seu telefone tocou antes que pudesse dizer alguma coisa. Era Ebony, assistente de Samuel e Jacob realmente odiava a mania que a garota tinha de ligar para seu marido nos seus horários de folga, principalmente quando os dois já iam se ver em minutos quando chegassem na redação. Mas dessa vez, Jacob não reclamou. Pelo menos com a ligação ele não seria obrigado a manter um conversa com Samuel.
Depois do banho, Jacob tinha se refugiado no escritório. Tinha acordado cedo, antes mesmo do despertador tocar e tinha tempo o suficiente para responder alguns emails pessoais antes do trabalho. Ele realmente não gostava de levar trabalho para casa, principalmente quando já passava boa parte do dia na redação.
Primeiro, respondeu as mensagens de sua mãe confirmando que iria buscá-la, no aeroporto no sábado de manhã e tentando, mais uma vez, convencê-la a desistir do hotel e ficar em sua casa. Seria bom ter sua família por perto, ajudaria a neutralizar o excesso de Samuel por todo lado. Seus pais estavam vindo para seu aniversário de casamento que seria apenas na segunda-feira, mas tinham decidido comemorar no fim de semana pela comodidade. Logo recebeu a resposta, Olive, sua irmã mais nova também viria, junto ao novo namorado. Sua mãe receava não ter espaço o suficiente para todos.
Jacob não podia discutir sobre isso já que Madge, sua sogra, já tinha confirmado que ficaria com eles. Normalmente, ele adoraria tê-la por perto, junto com toda sua misticidade e alegria. Parte dele até esperava que ela reclamasse de como os moveis estavam dispostos do jeito errado ou que as cores das paredes eram tristes demais. Estava contando com toda a sua excentricidade para harmonia o fengshui de sua casa, talvez isso ajudasse a se sentir melhor.
Criado numa família católica e extremamente comum, Jacob gostava de toda a bizarrice que acompanhava Madge, seus chás aromáticos e pedras coloridas.
Mas Madge só morava há duas cidades deles. Não era exatamente perto, mas de carro levava menos de uma hora. Samuel podia vê-la todos os fins de semana se quisesse, Jacob teria que viajar até Ohio se quisesse fazer o mesmo. Ele sentia falta do colo de sua mãe.
Samuel segurou sua mão assim que desceram do carro e por todo o caminho até o elevador. Jacob tentou não pensar sobre se seu marido tinha percebido seu conforto, mas se o fizera, provavelmente teria pensado que ainda estava chateado pela briga. Algumas pessoas entrarem e saíram do elevador e Jacob cumprimentou toda elas, mas não participou de nenhuma conversa. Samuel não desceu no andar que deveria, mas Jacob sabia que ele iria até o terraço. Sempre tinha alguma sessão de fotos acontecendo lá em cima, seja para o blog online ou para as redes sociais e seu marido gostava de supervisar o máximo que podia de todas elas.
Quando chegou em seu andar, Jacob se apressou em dar um selinho rápido em seu marido. Mesmo desconfortável, não queria que Samuel pensasse que ele estivesse com raiva por causa da briga. Seu comportamento estranho não tinha nada a ver com essa briga estúpida.
Mesmo surpreso, Samuel tentou aprofundar o beijo. Não era comum que trocassem carícias no trabalho, mas não havia ninguém por perto. Ou era isso que pensaram antes de ouvirem um pequeno resgumo. Salvo pelo gongo, pensou ao se virar e encontrar Matthew, seu secretário e um de seus amigos mais próximos.
— Desculpa atrapalhar o casal, mas a secretaria do Sr. Leroy já ligou duas vezes hoje.
Samuel apenas riu.
— Um bom dia pra você também, Matt. — ele disse, antes de dar mais um selinho no marido. — Te vejo no almoço?
Com um aceno positivo, Jacob saiu do elevador, caminhando junto do amigo para a sua sala sem mesmo olhar para trás.
— Sério, eu já disse o quão sortudo você é? — Matthew perguntou, parecendo feliz dias para uma hora dessas da manhã.
— Todos os dias.
Jacob não viu Samuel no almoço, alguma coisa sobre um vídeo que precisava ser terminado urgentemente para o Instagram. Não se importou, almoçavam juntos quase todos os dias. Então foi para um restaurante próximo junto com Matthew e Helena, uma de suas melhores jornalistas, que estava animada demais com a coleção de primavera que Andrej Natov tinha anunciado no início da semana.
Mesmo que não tivesse prestado muito a atenção no que a moça dizia, Jacob também estava animado. Qualquer um no mundo da moda tinha o dever de estar, Andrej era um fenômeno e eles estavam prestes a conceder uma entrevista exclusiva para Helena. Era uma oportunidade única.
O resto do dia passou rápido e sem grandes acontecimentos, Jacob revisou alguns textos e ouviu algumas propostas. Por fim, se reuniu ao pessoal do marketing para conversar sobre os possíveis novos patrocinadores. A reunião levou mais tempo que o esperado e Jacob aproveitou para mandar uma mensagem ao marido, dizendo que podia ir embora sem ele. Tinham vindo juntos no carro de Samuel, mas Madge chegaria essa noite e o quarto de hóspedes nem sequer tinha sido preparado.
Ainda assim, quando a reunião terminou e ele voltou para sua sala para pegar suas coisas, Samuel o esperava sentado em sua cadeira.
— Achei que já tivesse ido. — comentou ao se inclinar para seu computador e fechar as abas que tinha deixado aberto.
— Eu não iria sem você.
Jacob apenas concordou, fazendo o seu melhor para ignorar a aproximação sufocante de Samuel. Seu perfume era bom, obviamente caro, mas deixava Jacob sem fôlego de um jeito esquisito. Seu toque, antes quente e suave, agora fazia sua pele pinicar.
— Ainda está bravo comigo? — Samuel perguntou quando percebeu que suas tentativas de chamar a atenção do marido não estavam funcionando. Jacob estava muito empenhado em ignora-lo. — Eu sei que sou bagunceiro e desorganizado, mas prometo que vou parar de deixar a toalha molhada em cima da cama.
— Não, você não vai. — respondeu, só depois percebendo que fora ríspido demais. Suspirando, desligou o computador e se virou para o marido que o encarava com a testa franzida. — Não estou bravo com você, tá bom?! Só estou estressado com o trabalho e com o nosso aniversário.
— Sabe que por mim não precisamos dar uma festa. — Samuel levou suas mãos até o rosto do marido, puxando para mais próximo de si e beijando de leve seus lábios. — Podemos só ir jantar naquele restaurante italiano que você gosta, assistir um musical na Broadway ou qualquer outra coisa que você queira. Só nós dois.
Jacob sabia, em partes era exatamente por isso que ele queria tanto dar essa festa.
— Eu sei, mas sua mãe já deve estar a caminho de casa e meus pais já confirmaram a viagem. — ele retribuiu o selinho. — Vamos embora, podemos comprar comida no caminho.
Quando chegaram em casa, Madge já os esperava confortavelmente sentada no chão da sala. Cartas de baralho espalhadas pelo tapete. Ela lhes deu um olhar estranho quando entraram, mas depois se levantou pra abraçar o filho.
Depois de cumprimentar a sogra, Jacob se retirou para um banho. Samuel veio logo depois, mas Jacob já tinha terminado. Jantaram juntos, os três, colocando o papo em dia. Era mais confortável com Madge na casa, ela era realmente falante e comandava o assunto, contando sobre como a filha de sei-lá-quem tinha arrumado um emprego num escritório importante, ou como a esposa de um primo distante estava grávida. A noite correu rápido e quando eles finalmente subiram para o quarto, havia uma toalha ainda molhada sobre a cama.