- Cris, eu... Preciso ir. Tenho um negócio pra resolver. - Me apressei pra dizer, já que de onde estávamos, eu demoraria mais do que trinta minutos para chegar até o local combinado, e não podia me atrasar.
- Ah, eu vou com você.
- N-não precisa! Aaron deve estar te esperando em casa, imagino que esteja preocupado. - Desconversei, prendendo meu cabelo num rabo de cavalo próximo à minha nuca, e colocando os braços na blusa preta que eu carregava na cintura.
- Ok... Você precisa resolver suas coisas. Depois me ligue então, pra me dizer como foi.
- Prometo que vou! - Gritei, enquanto já corria pela calçada iluminada apenas pela luz dos postes à beira das vias.
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- O que você quer? - Perguntei, seca, ao perceber uma presença ao meu lado. Meus pelos então se arrepiaram, quando o homem vestindo preto parou na minha frente, apoiando um dos pés na parede atrás de si.
- Quero que você termine de pagar sua dívida, apenas. - Ele disse, sério, colocando as mãos brancas dentro dos bolsos de seu moletom.
- Enfim estou perto de terminar?
- Você vai saber quando estiver.
Ficamos alguns segundos em silêncio, enquanto eu analisava o seu carrapato, que não tirava os olhos de mim. O homem de meia idade mantinha seus olhos semiabertos focados nos meus, com uma expressão de ódio misturada com apatia. Não sabia o que se passava pela cabeça daquele brutamontes, e desejava que nunca fosse maneiras de me assassinar.
- E então? - Perguntei, voltando meus olhos em sua direção. - Tem algo pra mim, ou só me chamou aqui para admirar a sua beleza oculta?
Ele riu, esticando a mão até seu guarda costas, que me entregou um rolo de papéis azuis, normalmente usadas nas plantas que eu usava para "trabalhar".
- Isso é o suficiente? Ou também quer um guarda costas? - Ele perguntou, sarcástico, com sua voz rouca e grossa. Se eu não estivesse em uma situação tão terrível, estaria completamente em êxtase. - Você tem duas semanas, ou vou ter que aumentar os juros.
- Não existe outra forma de pagar isso? - perguntei, colocando uma de minhas unhas quase inexistentes na boca.
- Você não faz o meu tipo.
- Eu me referia a outra forma, como um cartão de crédito. - Imbecil. Meu tesão naquela voz se fora completamente, quando escutei o projeto de e-boy insinuar que eu estava planejando me vender a ele. - Se descobrirem quem eu sou, eu nunca mais vou sair daqui.
- Eu sei. - Ele se aproximou de mim, perto o bastante para sua respiração bater no meu pescoço nú. - Por isso precisa ter cuidado. - O seu perfume inebriante invadiu minhas narinas, causando o revirar do meu esôfago, e a vontade de aspirar todo aquele aroma de shampoo masculino, que me deixava enjoada, mas ao mesmo tempo, anestesiada.
E então ele se virou, me deixando lá sozinha no beco. Eu e os ratos que fuçavam na lixeira ao fundo do lugar.
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- Agora você pode me explicar o que você foi fazer ontem à noite? - Cris pergunta, quando eu passo pelo balcão com minha bandeja nas mãos.

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Sombras
FanficDois ladrões; Duas vidas destruídas; Uma dívida. Será que Adrien e Marinette irão conseguir se livrar dessa furada?