carta à ausência

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Sinto saudades do meu amor. Nos vimos pouco pessoalmente e na última vez ainda não éramos algo, de fato. É horrível pensar em mim como alguém para dar amor sendo eu o pior dos amantes, aquele que não sabe se comunicar.
Sinto que em mim sempre habita o pior, o mais temível e mais trágico dos sentimentos. Não sei falar, não sei expressar; diria Jane Austen que se amasse menos, poderia falar mais sobre.

Sinto saudades do meu amor... de dizer a ele das saudades que me apertam o peito e das vezes que me revirava o estômago por semanas pensando no nosso encontro. Sinto saudades de sentar do seu lado, de olhar no fundo dos seus olhos e ouvir sua voz cortar o silêncio.

Sinto saudades de dizer que penso nele, de gritarmos de felicidade e ressaltarmos que a distância física é curta demais para essa sensação de ausência.

Sinto saudades dos bons momentos, de sentir o coração disparar fervoroso com a ideia de alguma notificação a estampar meu celular; de perder todos os medos do mundo e sentir que ali existe um porto seguro.

Sinto saudades do meu amor, e de, acima de tudo, esquecer que saudade existe. De ter ausência como apenas mais uma palavra tola do dicionário e sentir o mundo inteiro a abraçar-me novamente.

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