Capitulo 1

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— Pai ? Pai ! O senhor caiu ! Vem cá - Me apressei a ajudar meu pai a levantar-se.

—Oh minha filha , obrigada. Que Deus te abençoe.

Coloquei meu pai sentado em sua cama , e me apressei em verificar que tudo estava bem, que não havia fracturado nenhuma parte do seu corpo.  Preparei um miojo e dei pro meu pai.

—Aqui pai , tome tudinho pra ficar bem forte ta ? - lhe entreguei a bandeja.

—Anabela ? - meu pai me chamou quando já estava perto da porta.

—Sim pai ?
— Será que eu veria meus netos, antes dessa vida me levar ? - Os olhos de meu pai brilhavam, e um leve sorriso se formou em seu rosto.
Eu não tinha nos meus planos ser mãe tao cedo, embora fosse algo que eu desejava, não tinha as condições necessárias para educar uma criança.

— Quem sabe , pai ? Está nas mãos de Deus.
E com isso sai do quarto , e me sentei na mesa da sala , que era o meu quarto,  e analisei as facturas pra pagar. Devíamos 7 meses de aluguel, e em breve não teríamos mais luz.
Suspirei passando as mãos na cabeça , e me ajoelhei perto do sofá.

— " Pai amado , te peço licença pra entrar em tua presença, Senhor. Tu vês pai , o meu sofrimento, guia me pai , para que eu encontre a solução para os meus problemas , para que possa comprar a cadeira de rodas de meu pai , pagar as dívidas, e alimentar-nos . Eu sei , meu pai que somos pecadores , por isso te peço a tua misericórdia. Mas que acima de tudo seja feita a tua vontade.  Eu agradeço , em nome de Jesus Cristo , Amém"

E me deitei , adormecendo , pensando no que Deus teria preparado para mim.

No dia seguinte eu acordei, e logo me preparei pra um dia de trabalho . Eu não tinha uma profissão fixa, fazia umas limpezas aqui e ali , ajudava algumas crianças com trabalhos de casa , e recebia alguns trocos em troca de meus serviços. Deixei meu pai dormindo e sai apanhando aquele friozinho gostoso de manhã. Estava quase no fim da rua , quando reconheci o carro do senhorio e um carro da polícia se dirigirem pra minha casa , e voltei pra trás correndo.

— Bom dia ? Tem algum problema senhor Inácio ? - perguntei vendo o proprietário da casa dar alguns detalhes aos policiais.

—Tem sim ! Hoje vocês sairão dessa casa ! 7 meses de aluguel . Senhores, podem colocá-los pra fora !
Meus olhos se encheram de lágrimas, e logo comecei tremendo devido ao stresse.
—Por favor senhor Inácio eu te imploro , eu dou um jeito de pagar tudo ainda essa semana , mas não bote nós pra fora ! Por favor , eu ...

— Você nada ! Eu avisei várias vezes, e aqui tem estudantes que procuram por esse tipo de casinha , e estão dispostos a pagar bem! O máximo que posso fazer por vocês é vos dar uma barraca abandonada, numa favela ! Eu nunca usei la mesmo ! Agora aqui , vocês não ficam !- O homem falava com arrogância , e logo meu pai chegou a porta, carregado por dois policiais que o sentaram no chão . O proprietário fechou a porta com tudo lá dentro.

— Como recuperar as nossas coisas ? - perguntei aflita .

— Depois vocês vem pegar , de qualquer forma , agora vocês não tem onde por né ? Vão querer ir pro barraco ou não ?

Na rua , com meu pai debilitado como estava , eu não poderia ficar.  Aceitei a proposta do homem , que nos levou até ao sítio onde iríamos viver a partir daquele dia.

— E a chave ? - perguntei ao ver a velha casinha , onde tudo estava velho e partido.

— Que chave moça ? Nem porta isso aí tem ! Me avisa quando quiser ir buscar as coisas ! Mas vê se não demora , ou eu boto todo no lixo, já tem gente de olho na casa.

Então é isso. Meu pai chorava silenciosamente, sentado no chão uma vez mais. Olhei ao redor e várias pessoas subiam e desciam a favela. Um grupo de homens armados subia e me impressionei com tal coisa, nunca havia visto armas de verdade bem na minha frente.
Suspirei e pedi a Deus coragem pra seguir em frente. Quando tentava levantar o meu pai do chão, sinto um toque em meu ombro, e rapidamente me virei pra ver quem era.

— Oi moça, Quer ajuda ?

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