Krystal Jung - Clarity

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– Que cara é essa? - Amber me perguntou enquanto andávamos.
– Nada. Nada mesmo. - respondi quase que imediatamente.
Ela parou de andar e me encarou com um olhar sereno e um sorriso discreto.
– Ela ainda te ama. E você sabe disso.
– Amber... - sussurrei fechando os olhos, minha cabeça doía só de pensar em tudo o que Krystal me disse.
– Tudo bem, vocês ainda vão se encontrar de novo. - ela pôs os braços para trás e continuou andando da forma mais normal possível. E eu fiquei ali, estática, tentando processar o que ela havia acabado de dizer.

Já eram 23:05h e eu não conseguia nem cochilar desde que pus minha cabeça no travesseiro. Passei o dia inteiro pensando no que Amber falou e isso estava começando a me perturbar.
Encarei o celular no criado-mudo e me questionei cinquenta vezes seguidas em 5 segundos se deveria fazer o que meu coração estava mandando.
Desisti e me virei na cama, ficando de costas para o celular. O que parece que soou como algum tipo de provocação, já que ele começou a tocar logo em seguida.
– Não é possível... - resmunguei.
Estiquei meu braço e tateei em busca do telefone, mas em vez de conseguir pegá-lo eu acabei derrubando o bendito.
Juntei todas as minhas forças e me segurei para não soltar um palavrão.
Me estiquei para o lado da cama e observei a tela acessa. Meu coração errou todas as batidas possíveis e eu senti como se fosse morrer naquele momento. O nome que estava escrito na tela era o mesmo nome que eu não tive coragem de apagar da minha agenda e em quem eu estava pensando naquele exato momento.
Apanhei o celular no chão quase que rápido demais, o que fez com que ele quase caísse mais uma vez. Minhas mãos estavam trêmulas e eu tinha certeza de que minha voz falharia no momento em que eu atendesse, mas eu não podia perder aquela ligação.
– Krystal...?
– Graças a Deus - a ouvi soltar um suspiro pesado.
– Aconteceu alguma coisa?
– Eu só... - suspirou mais uma vez – Precisava ouvir sua voz.
– O-o quê? - porcaria de nervosismo.
– Eu não consigo viver sem você, eu preciso te pedir desculpas.
Respirei fundo.
– Krystal, do que você tá falando?
– Eu não quis dizer aquelas coisas, eu nunca quis me separar de você. Você é tudo pra mim, eu preciso de você. Eu não aguento mais ficar sem você, você é meu remédio...
– E o que foi aquilo, então? Um surto de dupla personalidade? - toda a minha ansiedade se transformou em raiva assim que ela mencionou o que havia acontecido na semana anterior.
– Minha mãe... ela - de repente ouvi um silêncio incômodo.
– Krystal?
– Me desculpa...
Ela estava chorando. Eu estava em uma montanha russa de emoções, nunca deixei de amá-la, mas eu estava profundamente magoada com tudo o que ela me disse. Porém, não conseguia deixar de me preocupar.
– O que a sua mãe fez, Krystal?
– Ela me ameaçou... Ameaçou você, disse coisas horríveis... e eu... eu...
– Krystal, se acalma, do que você tá falando?
Ouvi sua respiração ficar mais pesada.
– Você sabe que minha mãe sempre foi muito mente fechada, ela nunca aceitou o fato de que eu gosto de meninas, e tudo piorou quando ela descobriu que eu estava apaixonada por você... Ela nunca me permitiria ficar com você, e assim que ficou sabendo veio até mim, me ameaçou de todas as forças possíveis e até conseguiu me convencer de que eu estaria condenada se ficasse com você, mas apenas por um momento... Tudo o que eu te disse, foi simplesmente um surto, eu não sei, eu fiquei tão assustada... Eu não queria te perder.
Nesse momento eu já estava afogada nas minhas próprias lágrimas.
– Eu vou concertar isso, eu prometo. Só preciso que você confie em mim uma última vez - eu conseguia dizer pela sua voz que ela estava tentando prender o choro.
– Eu confio...






– Eu disse que vocês iriam se encontrar novamente - Amber disse enquanto andava ao meu lado.
– Você sabia disso o tempo todo, Amber Liu, e não me disse nada - mesmo que eu estivesse tremendo dos pés a cabeça, não conseguia parar de sorrir.
Estava imensamente feliz que iria ver a Krystal mais uma vez.
– Você pode me dar bronca depois que falar com ela, olha ela ali te esperando - a vi apontar para atrás de mim, e eu não hesitei em me virar.
E lá estava ela, esplendorosamente linda, como sempre.
– Oi... - ela sorriu sereno.
Eu não disse nada, apenas sorri de volta em resposta.
– Obrigada, Amber - ela olhou Amber por cima do meu ombro – Então, eu precisava me desculpar pessoalmente. Eu estava muito nervosa ontem e me perdi completamente no que estava falando, eu... - a interrompi com um beijo.
Um beijo delicado, mas tão desesperado que não durou muito, justamente pela falta de ar.
– Eu também te amo, Krystal.
Então ela abriu o seu maior sorriso, e eu senti como se estivesse nas nuvens mais uma vez. Estava morrendo de saudades daquela sensação.

Se o nosso amor
é uma tragédia
por que você é meu remédio?
Se o nosso amor é insanidade
por que
você é minha clareza?

— Clarity, Zedd

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