scissorhands || larry

Scissorhands

- Vô, conta aquela história de novo? - o garoto de olhos verdes claros pediu para o senhor sentado na poltrona de couro em frente a lareira. Era dezembro e como todo inverno europeu, a neve e o frio haviam dominado todo continente.

- De novo querido? Tudo bem, vamos para o quarto e eu conto para vocês dormirem - o senhor falou e as duas crianças de sete e oito anos levantaram do carpete com seus pijamas de natal e correram para o quarto. Louis riu e acenou com a cabeça para os filhos sentados no sofá. Ambos o seguiram para o quarto dos netos e se sentaram no chão enquanto Louis cobria as crianças.

- Certo vô, conte! - Lux fala animada e Louis sorri encarando os olhos azuis esverdeados da menina.

- Tudo bem, tudo começou em uma manhã normal de final de outono...

"-Tchau querido! - Johannah acenava amigável para o marido que estava saindo para o trabalho. A mulher pegou a bolsa de cosméticos que descansava ao lado de seus pés e suspirou andando até seu carro rosado. A Sra. Tomlinson vendia cosméticos e era querida por todos do bairro. A família Tomlinson era uma família muito típica e antiga em Doncaster.

- Cosméticos! - falou batendo na porta de uma casa aleatória e vendo uma sombra se mexer dentro da casa pela janela, porém ninguém abrira a porta. Ela já estava andando a uns bons 30 minutos e ninguém se interessava pelo que a mulher oferecia. Bufou frustrada e parou encarando a colina que havia no final da avenida. Ali havia uma enorme casa desabitada e que passava despercebida por todos, mas não era por menos, Jay havia passado a infância inteira ouvindo histórias sobre os antigos proprietários daquele lugar. Sua avó a contava que por alguns anos o lugar era de posse de um inventor e seu filho. Muitos diziam que ele tinha pirado e se matado. Des Styles era seu nome. O corpo do homem havia sido encontrado e retirado do lugar, mas o de seu filho, Harry, havia sumido. Há quem diga que o garoto matou o pai e há quem diga que ele ainda está naquela casa observando-os e até, quem sabe, planejando um ataque. Johannah não sabia certo o que achar, mas se pegou entrando em seu carro e dando partida na avenida vazia e reta. Ela não sabia o que estava fazendo de fato, mas havia algo naquele lugar sombrio que atraia a atenção da mulher. E por Deus, que mal haveria em visitar aquele lugar? Não era como se o fantasma de Styles estivesse assombrando o lugar e arrastando correntes enquanto carregava velas. Ela esperava.

Estacionou o carro em frente ao portão enferrujado e desceu procurando algum tipo de campainha. Empurrou de leve o portão e ele abriu rangendo. Pegou sua bolsa e fechou o carro. Entrou no lugar e fitava todos os centímetros do jardim daquele lugar. Havia algumas esculturas enormes feitas de arbustos espalhadas pelo lugar, a grama parecia ter sido cortada a algumas semanas e flores de cores vibrantes se destacavam naquela imensidão verde. Johannah engoliu seco e continuou a andar em direção a porta sem pensar em nada e nem no porquê do jardim estar tão bem cuidado sendo que a casa era abandonada a muito tempo. A porta da casa também abriu com facilidade e Johannah entrou incerta com que estava fazendo.

- Cosméticos! - gritou dando passos curtos em direção a escada e sua voz fez eco pelo ambiente. O lugar era sujo, empoeirado e totalmente destruído. Moveis quebrados, estilhaços de janelas pelo chão, panos rasgados e o piso com rachadura deixava tudo com cara de filme de terror.

Subiu as escadas em passos apreensivos e se encontrou num tipo de sótão com o telhado totalmente despedaçado, dando para ver o céu. Passou os olhos pela sala e no canto abaixo do que restava da estrutura do telhado pode ver uma sombra encolhida no escuro. A mulher deu passos para trás apreensiva.

- Olá? - falou baixo ainda dando passos para trás e viu o indivíduo se levantar e andar em sua direção. Não pode deixar de notar o quão alto e magro ele era, e definitivamente, não pode deixar de notar as tesouras em suas mãos. Era isso, ele iria a matar ali mesmo. Oh céus.