Já anoitecia e Jacob, o pai de Matt e Júlia, ainda não havia chegado a casa. Eles moravam em uma pequena cabana feita de madeira, em Três Divisas, um pequeno lugar da Europa. O reino mais próximo ficava cerca de dois dias de viagem e vez por outra, o pai dos dois irmãos ia até lá para fazer alguns serviços na feira.
Jacob fazia diversos trabalhos, desde arrumar cercas quebradas até fazer malabarismos na rua para divertir as crianças. Era assim que ganhava seu sustento e o de seus filhos, já que era pai solteiro. Sua esposa falecera há alguns anos, por um motivo que Matt e Júlia não conheciam, uma vez que seu pai nunca contara.
Eles estavam sentados na soleira da porta da casa esperando por Jacob. Enquanto isso apostavam quem jogava pedras mais longe. É claro que por ser a menor, Júlia sempre perdia, mas em uma coisa ela era boa: resolver problemas.
Para sua idade, ela era uma menina muito astuta e sempre tinha soluções para os problemas que surgiam no caminho. Com doze anos, ela era baixa, com cabelos longos e castanhos. Havia puxado a mãe, que possuía olhos verdes e que sempre tinha um sorriso no rosto. Já Matt, havia puxado ao pai, era poucos centímetros mais alto que sua irmã e um ano mais velho. Com um cabelo castanho, que por sinal era a mesma cor de seus olhos. Ambos eram magros e, acima de tudo, eram como dois irmãos devem ser: unidos.
O tempo passava e nada de Jacob chegar, e os dois irmãos, já cansados, resolveram parar com as pedras, e Júlia começou a andar de um lado para o outro no pátio de sua casa, que era toda circundada por uma cerca de madeira já velha. Do lado de fora dessa cerca, havia um velho e enorme salgueiro. Vez ou outra, Júlia subia pelo tronco da árvore para conseguir enxergar até uma distância maior para poder ver se seu pai estava chegando.
Normalmente, ela escalava-a com facilidade, mas naquele fim de tarde foi diferente. Era época de muita chuva e o tronco estava sempre molhado, o que dificultava a escalada. Mas depois de um tempo, conseguiu subir.
— Nada de nosso pai! – disse Júlia, procurando um sinal de Jacob.
— Logo ele chega. Provavelmente teve que resolver algum problema por aí. Matt estava apreensivo.
A menina continuou em cima do salgueiro por um longo tempo, arrancava folhas e as rasgava com os dedos. Já cansada, ela resolveu voltar para o chão, mas quando escorregava pelo tronco, teve uma visão de seu pai.
— LÁ VEM ELE! – Gritou para seu irmão.
Matt levantou-se com um pulo e foi até o portão. Ao longe, ele conseguiu avistar Jacob montado em um cavalo magro, que era o que a família possuía de maior valor.
***
— Por que você demorou tanto para chegar? Estávamos preocupados! Matt seguia o pai pela casa.
— Me chamaram para fazer um serviço, mas vai levar cerca de uma semana. Então fui falar com uma antiga amiga para ficar com vocês nesse tempo, por isso demorei.
— Que serviço é esse que leva tanto tempo?
— Eu ainda não sei, mas o lugar é longe e levará uns dois dias de viagem.
— E quando você vai? Júlia entra no quarto.
— Amanhã pela tarde, mas a minha amiga vai chegar apenas pelo anoitecer.
— Tudo bem! Espero que volte o quanto antes. – A menina disse amuada.
— Agora vão se arrumar para o jantar.
Os dois irmãos saíram correndo do quarto, deixando Jacob e seus pensamentos sozinhos no cômodo. Ele se lembrara da esposa.
***
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Era Uma Vez
FantasyUma peça roubada de um relógio coloca os habitantes da Floresta Encantada, assim como de outras terras, em apuros. Dois irmãos, porém, herdam um livro de sua mãe com histórias manuscritas sobre a vida de todos os habitantes daquele lugar. Juntos, el...