Beyond the species; único

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— E a resposta continua sendo não.

— Mas, Almirante – insistiu um pouco mais.

— Vá imediatamente para a base em Alpha Centauri e aguarde por instruções – e desligou.

Ficou encarando a tela preta que antes a Almirante Sommers, uma mulher de meia idade e cicatriz nos lábios, ocupou por longos e desgastantes minutos pouco produtivos. Admite que não deve ignorar a razão em suas palavras, porém quem cometeu o erro fora ele. Quem carregará a culpa de missão falha e alvo capturado por outro, será unicamente ele. Quantas vidas estão ainda mais em risco graças a sua desatenção? Precisa fazer algo. E rápido.

A campainha da sala tocou. Já sabe quem está pomposamente no corredor à espera de sua resposta. Ele sempre faz isso ao final de toda missão. Parece até que outra habilidade de sua espécie é cronometrar qualquer conversa privada que tem com seus superiores. Não, é apenas algo dele.

— Entre – autorizou.

Um macho alto, de pele bronzeada, cabelos escuros com franja, orelhas pontudas, olhos afilados muito negros e em uniforme preto e azul – sinalizando ser parte da divisão de ciências da nave – adentrou o recinto. Como de costume, seu caminhar é sisudo e sua expressão impassível. É preciso admitir o quão irritante isso pode ser em certos momentos. Parou de frente para a mesa, sem piscar.

— Capitão, estamos em posição suspeita. Aconselho que partamos imediatamente – seu jeito de falar sempre ameniza o real significado das coisas.

— Eu sei, Namjoon. Mas estou enfrentando um conflito interno no momento.

— O que a Almirante disse? – permaneceu na mesma posição.

— Em resumo, não faça mais nenhuma besteira, vá a Alpha Centauri que nós amenizaremos o estrago. – o encarou, franzindo as sobrancelhas.

— Por que isso não o satisfaz, Capitão Kim? – os olhos do Imediato caíram um pouco para retribuir o fitar. Ele só o faz quando estão sozinhos. É o mais próximo de emoção pura que já o viu expressar.

— Eu devia ter pensado na segunda nave. Com tudo que tinha, era impossível ter uma única alternativa de fuga – massageou as temporadas, fechando os olhos.

— Se é assim, então a culpa deve cair sobre toda a equipe envolvida na missão – falou o subordinado, seco.

Taehyung teve de abrir os olhos. Quem comandara a missão fora ele, ficara a frente em boa parte dela. Ordenou e desordenou a todo segundo. Não pode culpar ninguém por seguir o Capitão.

— Namjoon, não pegue leve comigo – passou a mão por seus lisos fios escuros. — Vocês planejaram tudo, eu devia ser a pessoa a observar por outra perspectiva.

— Ainda assim, Capitão, não subestime a missão. Foi mais complexa do que lembramos agora – piscou duas vezes. – Não há culpado, exceto o criminoso.

— Najok, – pronunciou o verdadeiro nome do Oficial — Kornabi está no território romulano com informações cruciais da Frota Estelar. Não só carrega consigo o que pode nos arruinar, como está seguindo para a própria morte. Minha falha o matará e, futuramente, milhares de vidas. A única coisa que a Frota consegue pensar numa hora dessa é se remodelar aos poucos e preparar-se para qualquer investida.

— E o que o senhor planeja fazer para mudar o cenário? – questionou, impassível.

O Capitão o mirou por alguns segundos antes de rir. Esse vulcano é muito observador e perspicaz, não poderia esperar menos. Estão na tripulação dessa nave há anos trabalhando juntos. Um conhece bem o outro, é claro que ele sabe que Taehyung está bolando algo. Se recostou na cadeira e a virou para a janela mostrando o espaço estrelado.

ROMULUS MISSION • VmonOnde histórias criam vida. Descubra agora