29 de janeiro de 2013, 08:43 p.m.
Harry abriu seus olhos devagar, notando que estava deitado no banco de traz do carro de sua mãe, sentou-se devagar sentindo uma forte dor de cabeça e vertigem, sem conseguir lembrar direito de nada.
"_ Você mal tocou em sua comida Harry, o que foi? - Anne quebrou o silêncio que havia na mesa de jantar
_ Só não estou com fome - Harry respondeu com a voz trêmula. Sua respiração estava descompassada e ele sentia dores no peito.
_ Certeza? - Anne insistiu e Harry apenas concordou com a cabeça
Aquele silêncio gritante tomou conta novamente, Gemma, a irmã mais velha, começou a falar da faculdade e de como estavam indo os trabalhos, mas Harry só conseguia pensar em sua frustrante vida e em como ele odiava sua escola, como odiava tudo, como tinha raiva de tudo, principalmente dele mesmo, desejando um dia ser um terço do que sua irmã era.
_ Coma alguma coisa filho - ela insistiu
Irritado, Harry se levantou, retirando seu prato e levando para a cozinha. Seguiu para seu quarto sem fazer contato visual com nenhuma das duas que permaneciam sentadas à mesa sem entender o que havia ocorrido.
Ele só queria acabar com todo aquele sofrimento, todo aquele sentimento de culpa, de tristeza, só queria parar de ser a pessoa que magoa a todos e não sabe fazer nada certo, sonhava parar de ser o perdedor da escola, o motivo de piada, só queria parar de ser o Harry.
Sentou-se em sua cama sentindo o coração acelerar e suas mãos tremerem, abriu a gaveta da mesa de cabeceira e pegou um vidro de remédio que pegara da caixa de remédios de sua mãe, ela tomava para as constantes insônias e Harry tinha criado o mau hábito de tomar quando se sentia muito ansioso, sem sua mãe saber.
Só conseguia pensar em todas as coisas que te frustravam, seu pai, seu futuro padrasto, a escola, os colegas de sala, todas as garotas de quem já tinha levado um fora.
Pensando nisso, mas sem raciocinar nada direito, abriu o vidro, pegou alguns comprimidos, um copo de água e tomou.
Com os batimentos cardíacos desacelerando e seu corpo ficando mais pesado, Harry se deitou, sentindo-se absurdamente mais calmo, como se aquela ansiedade nunca tivesse existido."
A última coisa que se lembrava era sua mãe gritando seu nome.
_ Fique deitado, querido - sua mãe falou, sem olhar para traz, assim que percebeu que Harry havia se sentado no banco
_ Mãe - quase sem voz, se forçou a falar, sentindo como se sua cabeça fosse explodir - me desculpe mãe
_ Está tudo bem, vai ficar tudo bem - ele podia ouvir a voz de choro de sua mãe
Harry se deitou no banco novamente, com a imagem de sua irmã ao seu lado chorando. Não conseguia respirar direito e sentia seus olhos ficaram pesados novamente. Ele queria ficar acordado, queria pedir desculpas para sua mãe, pedir desculpas para Gemma, mas ele não conseguia, seu corpo o forçava a apagar.
30 de janeiro de 2013, 04:17 p.m.
Com muita dificuldade, ele abriu seus olhos devagar, olhou para os lados notando que estava em um hospital, olhou para seu corpo, vestia um traje de hospital, em seu braço tinha uma agulha em sua veia passando algum tipo de remédio e seu subconsciente quis cobrir seu corpo e as marcas que haviam ali.
Se ajeitou na cama ficando sentado, sentia uma fraqueza enorme e sua visão ficava um pouco embaçada, ainda assim, viu sua irmã sentada em uma cadeira, seus cotovelos apoiados em suas coxas e seu rosto colocado na palma de suas mãos.
_ Gemma - tentou chamá-la, sem sucesso, estava muito fraco e tinha um máscara em seu rosto passando oxigênio - Gem - ele forçou um pouco mais sua voz conseguindo chamar a atenção dela
_ Harry - ela se levantou e rapidamente puxou a cadeira para próximo dele - finalmente você acordou, eu estava tão preocupada q
_ Onde está a mamãe? - sua voz estava muito fraca, o que fazia ele querer gritar cada vez mais
_ Ela está falando com o médico, logo está de volta - Gemma sorriu fraco
_ Me desculpa - Harry falou em um tom quase inaudível
_ Não há nada o que se desculpar - Gemma falou devagar, ela observava seu irmão naquela maca, estava pálido e com olheiras enormes, seu corpo magro parecia que ia se quebrar a qualquer momento, a expressão triste em seus olhos, ela mal podia acreditar que seu irmão estava daquele jeito, ele sempre fora tão animado, e havia acabado de tentar suicídio, ela não conseguia acreditar como foi tão boba de não notar nenhum sinal de que ele estava assim. Seus olhos se encheram de lágrimas, aquilo não podia ser verdade - desculpe... - ela limpou seus olhos, a voz um pouco alterada pelo choro - porque Harry? - ela tampou seu rosto, voltando a chorar
Harry não disse nada, não poderia, naquele momento tudo que sentia era vergonha e medo. Nunca nem havia considerado a possibilidade de contar suas angústias para a família, agora que sua atitude precipitada resultara em algo assim, sentia-se extremamente constrangido.
Gemma segurou forte a mão do irmão prometendo para si mesma que nunca o deixaria ir. Ele se deitou na cama novamente e, olhando para o teto, começou a pensar no que aconteceria se isso tivesse dado certo, se ele tivesse realmente morrido, se seu pai ia finalmente lembrar dele, se os garotos da escola se arrependeriam. Ele simplesmente se perdeu em seus pensamentos e até teria caído no sono se sua irmã deixasse, mas toda vez que ele ameaçava dormir ela o chamava, ela não dizia o porquê de não deixa-lo dormir, mas ele conseguia compreender.
Dez ou quinze minutos se passaram em completo silêncio, então Anne adentrou o quarto acompanhada de um médico. Harry soltou a mão de sua irmã, ajeitando-se rapidamente na maca. Suas bochechas ficaram vermelhas assim que pensou que ia ter que se explicar para sua mãe.
_ Harry - Anne abriu um enorme sorriso assim que viu seu filho acordado - eu estava tão preocupada - ela o abraçou com cuidado
_ Me desculpa mãe - apesar de se sentir envergonhado, o sentimento de culpa era muito maior, logo, não conseguia impedir as lágrimas - desculpe eu não devia... me desculpa
_ Está tudo bem meu anjo, tudo bem - ela acariciava o cabelo do filho
Após muitos choros, pedidos de desculpas e vários exames feitos pelo médico, Harry quase convencera sua mãe e irmã de que apenas teria feito aquilo para se livrar da crise de ansiedade, que havia sido um engano. Em contrapartida, Anne e Gemma foram embora fingindo para o garoto e para si mesmas de que acreditaram naquela história.
Naquela noite Harry ficou no hospital, estava fraco demais para receber alta. Tentara dormir, mas sem sucesso, apenas ficou refletindo tudo que havia ocorrido. Ele se aconchegou no cobertor pesado que lhe deram e ficou olhando o céu pela janela, afinal nem mexer no celular conseguiria, para "sua segurança" o carregador permitido no quarto em que ele estava era muito curto e não chegava na cama. Ele detestava estar sendo tratado como alguém que poderia tentar suicidio, mesmo tendo plena consciência de que ele era esse alguem.
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n/a 2013: bem essa é a primeira fanfic que publico no wattpad e na verdade ela já está no capitulo 17, mas enfim, é isso, comentem se gostaram, odiaram, acham que devo me bater por isso
n/a 2022: aqui estou eu, quase 10 anos depois, entediada, reescrevendo a fanfic que fiz quando criança/adolescente, nos meus momentos livres entre trabalho e último semestre da faculdade, quem diria né?
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Scene Two - Larry
FanficReescrevendo em 2023. " Louis, Eu estou com medo mas acho que nada mais importa agora não é? Eu estou prestes a fazer a maior idiotice da minha vida, de novo. Bem... eu só queria agradecer ao meu namorado, isso se ele aceitar ser meu namorado.. Si...